Por que as festas juninas têm nome de santo?
O nome é de santo, mas a origem da festança é pagã.
O nome é de santo mas a festança é pagã. A origem das festas juninas são os rituais de fertilidade da terra celebrados por povos da Europa, da Ásia e mesmo da América para pedir aos deuses abundância na próxima colheita.
“Nesses rituais festivos, a comunidade se reunia e celebrava casamentos, apadrinhamentos e uniões entre grupos”, explica Lucia Helena Rangel, professora de Antropologia da PUC-SP e autora do livro Festas Juninas, Festas de São João – Origens, Tradições e História.
No século 12, a Igreja católica, ao difundir o calendário cristão na Europa, percebeu que as festas pagãs das colheitas eram tão populares que seria impossível proibi-las. Então, deu nome de santos a essas festas. A que mais pegou foi o Dia de São João, comemorado em 24 de junho, dias depois do solstício de verão no continente (quando ocorre o dia mais longo do ano).
Ao chegarem ao Brasil, os jesuítas descobriram que os índios também comemoravam a festa da fertilidade em junho – daí o termo “junina” –, período do solstício de inverno, a noite mais longa do ano. Aqui, as festividades duravam o mês todo e chegavam a avançar no mês seguinte. Os nativos desmatavam a floresta, colocavam fogo na área, esperavam esfriar, começavam a plantar e, então, esperavam a chegada da chuva.
Na tentativa de fortalecer a tradição católica e dar um início e fim às festas, a Igreja instituiu vários dias de santos em junho: 13 era dia de Santo Antônio – o santo casamenteiro, padroeiro de Portugal –, 24, de São João, e 29, de São Pedro. Na prática, porém, a diferença entre as festas, aqui no Brasil, é basicamente o nome do santo homenageado.
As três festividades religiosas passaram a ser comemoradas em contraponto às indígenas, mas houve uma mistura de rituais. Basta ver as comidas típicas das festas juninas brasileiras: a maioria deriva de alimentos cultivados pelos índios, como milho, amendoim, mandioca, etc.
Pergunta de Ícaro Damasceno, Natal, RN