Por que não é possível prever um terremoto?
Hoje, dá para acompanhar o movimento das placas tectônicas com uma precisão de milímetros – mas isso não permite antecipar desastres.

Você já sabe que a superfície da Terra é dividida em pedações de rocha chamados de placas tectônicas ou litosféricas. Você também sabe que essas placas se movem para lá e para cá, “flutuando” no manto de magma viscoso que recheia a Terra (ele não é realmente viscoso na escala de tempo da vida humana: é tipo vidro, que precisa de milênios para fluir perceptivelmente). A fronteira entre as placas não é lisinha e polida: são paredões de rocha com quilômetros de altura, repletos de reentrâncias e saliências.
Hoje, é possível rastrear o movimento das placas com precisão de milímetros. Mas os terremotos acontecem quando as irregularidades de duas placas ficam enganchadas e não conseguem se desvencilhar. Quando a coisa finalmente destrava, toda a energia acumulada é liberada de uma vez. Os locais em que essa energia está se concentrando e o momento exato da liberação é que são imprevisíveis.
É comum associar alguns “sinais” a um possível terremoto iminente, como pequenos tremores antecedendo uma tragédia maior ou comportamentos estranhos de animais. De fato isso pode acontecer às vezes, mas não é regra: muitos terremotos ocorrem sem qualquer um desses indícios, e, outras vezes, esses elementos aparecem aleatoriamente, sem necessariamente um desastre subsequente.
O que dá para fazer, e isso já é uma realidade, é prever a probabilidade de que uma área específica seja alvo de um terremoto nos próximos anos, justamente observando os movimentos da crosta terrestre e calculando quanta energia será eventualmente liberada. É algo um pouco genérico: por exemplo, o Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que a cidade de São Francisco tem 51% de chances de ser vítima de um terremoto de magnitude 7 ou mais nos próximos 30 anos. Pode parecer inútil, mas não é – previsões como essa guiam medidas de mitigação de danos de longo prazo, como prédios mais resistentes.
E claro: quando um terremoto já ocorreu, mas seu efeito não foi sentido ainda em determinados locais, há sistemas de alerta que avisam os moradores para se preparar para os tremores que estão chegando. São apenas alguns minutos, mas que podem salvar vidas.