Por que venta tanto em estações de metrô subterrâneas?
O paulistano que pega o trem na Fradique Ventinho (quer dizer, Coutinho) finalmente saberá a resposta.
São diferentes razões. A principal delas é o efeito pistão causado pelo trem. Ele empurra o ar do túnel que vem à frente e suga o ar que está atrás, causando o vendaval característico da chegada do comboio na estação. Se quiser uma analogia, é só pensar no movimento do êmbolo de uma seringa sugando ou empurrando algum líquido.
Mas não é só isso. As estações também contam com um sistema de ventilação para renovar o ar lá embaixo. Ele troca o ar quente preso na plataforma por ar fresco da superfície. Ele também atua para minimizar o efeito pistão e dissipar fumaça em caso de incêndio. Esse sistema é composto por ventiladores gigantes. E, como o próprio nome diz, eles ventilam.
Para completar, há uma diferença de pressão atmosférica entre o nível da rua e o subsolo. O ar sempre tende a sair do espaço de maior pressão (subterrâneo) para o de menor pressão (superfície) para equalizar essa diferença. Por isso, é comum sentir o vento vindo da frente quando você está entrando na estação, e de trás quando está saindo dela.
É inegável que a circulação de ar é muito mais intensa em algumas estações. A estação Fradique Coutinho (ou Fradique Ventinho, para os íntimos), em São Paulo, parece ser bem pior do que outras. Nesses casos, a arquitetura do local pode ter alguma parcela de culpa.
Estações que possuem espaços mais estreitos, geralmente em andares intermediários, fazem com que o ar da plataforma passe por um funil antes de sair lá em cima. E o funil acelera o vendaval um bocado.
A entrada da Fradique Coutinho, por exemplo, é bem ampla, mas à medida em que você entra na estação, o espaço diminui. A plataforma, por sua vez, possui um pé-direito extremamente baixo. Como há menos espaço para o ar se dissipar, ele passa com mais força nesses trechos, causando a ventania de levantar saias e bagunçar os cabelos.
Pergunta de @viny_mvss, via Instagram.
Fontes: Rosângela Motta, pesquisadora do departamento de engenharia de transportes da USP; Leonardo Mandelli, coordenador de Engenharia na ViaQuatro.