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Ter um parente gay aumenta suas chances de ser também?

Mais ou menos. A homossexualidade é multifatorial: tem a ver com genética, cultura e até com o número de irmãos que você tem. E ainda há muitas lacunas nas hipóteses atuais.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 Maio 2024, 13h24 - Publicado em 1 Maio 2024, 14h00

É um consenso científico que a homossexualidade tem origem multifatorial: é uma mistura de genética, exposição a certas moléculas na gestação, contexto cultural etc. A parcela exata de contribuição de cada um desses fatores, porém, é um mistério.

Por exemplo: sabemos que existem vários polimorfismos de nucleotídeo único – ou seja: variações em letrinhas de DNA específicas – que aparecem mais em homossexuais do que em heterossexuais. Mas não ainda não há dados suficientes para estabelecer uma relação causal clara (do tipo “essa letrinha mexe com esse gene de tal forma, o que muda a produção de uma certa proteína…”).

A Super já escreveu sobre isso no passado. Em um estudo, “os pesquisadores descobriram que a presença de uma letra G no lugar de T em uma certa posição do cromossomo 11 aumenta em 0,4% a chance de um homem fazer sexo com outros homens. Outras quatro mudanças de letrinha similares, localizadas nos cromossomos 4, 7, 12 e 15, têm efeitos parecidos”.

Outra correlação confirmada é que homens com vários irmãos mais velhos também são homossexuais com mais frequência – a hipótese mais aceita é que anticorpos que a mãe desenvolveu contra o bebê na primeira gestação ataquem proteínas produzidas pelo cromossomo Y (que têm um papel na diferenciação sexual) na segunda gestação. 

Em última instância, isso significaria que genes associados ao comportamento hétero padrão e à atração por mulheres acabem boicotados pelo sistema imunológico da mãe. O que nos leva de volta à mesma ressalva do começo do texto: não sabemos exatamente como cada gente influencia a formação de um bebê, o que impede os biólogos de estabelecer relações de causa e consequência claras.

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Genes são, essencialmente, receitas de proteínas, e uma mesma proteína, em um feto, pode participar da formação de estruturas tão diferentes como dedos e cabelos (do mesmo jeito que, em um programa de computador, vários menus drop down podem ser gerados pelo mesmo código, ainda sirvam a funções diferentes).

O importante, é claro, é respeitar a sexualidade de cada um. Até porque, como você pôde perceber, a origem da nossa orientação sexual é mais antiga do que nós mesmos.

Fonte: artigos “Large-scale GWAS reveals insights into the genetic architecture of same-sex sexual behavior” e “Male homosexuality and maternal immune responsivity to the Y-linked protein NLGN4Y”.

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