Ciência do sono
Quer trabalhar mais? Durma no expediente
Seu chefe acha que você é improdutivo? Diga-lhe que acabou de conhecer uma incrível técnica de aumento de performance no trabalho: o power nap. Soa a produto da Polishop, mas na verdade são sessões de cerca de 15 a 20 minutos de sono, feitas geralmente depois do almoço.
Ou seja: é o velho e bom cochilo, só que em versão descolada. Agora ele reaparece recomendado por toda uma rede de especialistas, consultores e blogueiros que tratam de produtividade pessoal. São sites como Men’s Journal, Lifehacker, Gnorb.net e a revista Wired.
O pai do conceito de power nap é o psicólogo James B. Maas, da Universidade de Cornnel, EUA. Após 34 anos de pesquisas, ele publicou, em 1999, o livro Power Sleep: The Revolutionary Program That Prepares Your Mind for Peak Performance. Nele, Maas desmistifica a idéia de que cochilar é coisa para preguiçosos. Pelo contrário, a siesta pode recuperar significativamente a capacidade de concentração, memória e até mesmo melhor o humor.
Software para boi dormir
A idéia de power nap vem se espalhando rapidamente pela internet e inspirando a criação de produtos no mínimo criativos, como o Pzizz. Desenvolvido para ser usado em ambientes de trabalho, ele é basicamente um software para iPods ou computadores que dispara uma seqüência de sons, acompanhados por uma narração.
Não se trata de música: são ruídos e efeitos criados para estimular certas reações no cérebro. Que reações? Você escolhe: o Pzizz vem em duas versões, o Energizer (para recarregar suas baterias) e o Sleep (para ajuda-lo a relaxar). Juntos, eles são vendidos por R$ 49,95, no site da Brainwave Limited. Experimente e veja se funciona.
Perdendo o sono
O cochilo é uma das práticas mais velhas já inventadas pela humanidade. Não só Europeus e Latinos eram adeptos, mas também os indígenas e os asiáticos. Historiadores indicam que o costume perdeu espaço após a consolidação da Sociedade Industrial, com sua ênfase na idéia de produtividade e períodos de trabalho de cerca de 12 a 16 horas por dia.
O mais estranho é que hoje o cenário mudou muito. Temos computadores, descanso semanal remunerado (em tese) e uma série de direitos. Mas a idéia de que precisamos ser cada vez mais produtivos continua a nos perseguir. E é exatamente ela que está nos levando a revalorizar a siesta. Finalmente um paradoxo que não dá sono.
(Eduardo Fernandes)