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10 momentos eróticos da literatura

Por Redação Super
Atualizado em 21 dez 2016, 10h11 - Publicado em 27 jun 2014, 17h05

ATENÇÃO: Esse texto tem conteúdo sexual explícito e não é recomendado para menores de 18 anos. 

Por Luíza Antunes

A literatura erótica não é um gênero recente. Muito pelo contrário, ela está por aí estimulando a imaginação das pessoas há quase 2 mil anos. Vários escritores e escritoras foram ousados o suficiente para ir contra tabus de sua época e narrar aventuras sexuais de seus personagens – e ainda criar excelentes livros. Veja a lista com 10 momentos eróticos que foram importantes na história da literatura:

10. Kama Sutra – Vatsyayana, séc. II

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O Kama Sutra é um clássico indiano que trata do comportamento sexual humano, do amor e das relações. Ao contrário dos outros livros nessa lista, não é um romance, mas um guia para se estabelecer o kama, um dos antigos objetivos de vida hindu, que significa o gozo dos sentidos.

Trecho do livro:
“Por ocasião do primeiro congresso, os beijos e as outras carícias mencionadas acima devem ser praticados com moderação, sem se prolongar por muito tempo, e alternadamente. Em ocasiões subsequentes, porém, o inverso pode ocorrer, e a moderação não será necessária; as carícias podem continuar por muito tempo e, com o objetivo de reacender a chama, podem ser feitas todas ao mesmo tempo.

Eis os lugares adequados ao beijo: a testa, os olhos, as faces, o pescoço, o peito, os seios, os lábios e o interior da boca. Além disso, o povo do país de Lat também beija os lugares seguintes: as juntas das coxas, os braços e o umbigo. Vatsyayana acha que, embora o beijo seja praticado por esse povo em tais lugares, por causa da intensidade com que amam e dos costumes de seu país, nem todos o devem imitar.”

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9. Decamerão – Giovanni Boccaccio, 1350
Essa obra medieval traz uma ruptura com a moral da época ao retratar a história de dez jovens (sete moças e três rapazes) reunidos em uma Itália dizimada pela peste negra. Boccaccio conta cem histórias retratando o amor e as relações humanas, usando temas como sexo, luxúria, infidelidade e amor.

Trecho do livro:
“E quem negará que, seja ele quanto for, convirá dá-lo muito mais às amáveis senhoras do que aos homens? Porque elas, temerosas e envergonhadas, guardam as chamas amorosas escondidas dentro do peito delicado, e, como bem sabe quem as sentiu, têm estas muito mais força que as chamas declaradas: além disso, coagidas por vontades, gostos e ordens de pai, mãe, irmãos e marido, ficam a maior parte do tempo encerradas no pequeno circuito de seus aposentos, permanecendo quase ociosas e, querendo e não, revolvendo num mesmo instante diversos pensamentos que não podem ser todos sempre alegres. E, se, em decorrência de tais pensamentos, nascer em sua mente alguma melancolia trazida por ardente desejo, esta ali haverá de ficar, para seu grande pesar, caso não seja afastada por novas conversações: sem contar que as mulheres são muito menos fortes que os homens para opor resistência; coisa que não ocorre com os homens enamorados, como podemos ver claramente. Estes, se afligidos por alguma melancolia ou por pensamentos pesarosos, têm muitos modos de encontrar alívio ou esquecimento, pois, desde que queiram, não lhes falta a possibilidade de passear, ouvir e ver muitas coisas, praticar cetraria, caça e pesca, cavalgar, jogar ou comerciar: desses modos cada um encontra forças para recobrar o ânimo, no todo ou em parte, e para afastar-se do pensamento pesaroso pelo menos por algum tempo, após o que, de um modo ou de outro, ou se alcança o consolo ou o pesar diminui.”

 

8. A Filosofia na Alcova – Marquês de Sade, 1795
Não se pode esperar nada menos do que muito sexo num livro de Marquês de Sade. Em A Filosofia na Alcova, ele narra uma história que se passa em um quarto, onde a jovem virgem Eugénie é enviada por seu pai para se libertar da moralidade. Um casal de irmãos e um amigo libertino educam a moça, não só em relação ao sexo, mas também discutem ideais republicanos, dogmas religiosos e outras questões políticas. Ménages, homossexualidade, incesto e sodomia fazem parte da narrativa.

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Trecho do livro:
“SAINT-ANGE – Espera, Eugénie, agora vou ensinar-te uma maneira nova de mergulhar uma mulher na mais extrema volúpia. Afasta bem tuas coxas… Vede, Dolmancé, da forma que a deixo, seu cu fica para vós! Chupai-o, enquanto sua boceta vai sobrar para a minha língua… Façamo-la desmaiar assim, entre nós, três ou quatro vezes, se possível. Teu grelo é um encanto, Eugénie. Como é bom beijar esta penugem!… Vejo agora melhor teu clitóris, ainda pouco desenvolvido, mas já bastante sensível… Como te mexes bem!… Afasta mais as coxas… Ah, és virgem, sem dúvida!… Diz-me o efeito que irás sentir quando nossas línguas se introduzirem ao mesmo tempo nos teus dois orifícios.”

 

7. Asfalto selvagem: Engraçadinha seus amores e seus pecados – Nelson Rodrigues, 1959

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A história de Engraçadinha foi folhetim, livro, minissérie e filme. A obra trata da vida sexual da personagem principal, assim como suas relações familiares disfuncionais. Sexo explícito, incesto, homossexualidade e traição são abordados por Nelson Rodrigues, um dos mais polêmicos dramaturgos brasileiros.

Trecho do livro:
“No Leblon, abraçado a Silene, Leleco pede:
— Deixa eu olhar mais um pouquinho!
Silene foge com o corpo:
— Escuta! Sabe o que é que eu vou fazer? Olha!
E tira os punhos e a gola.
Leleco exclama:
— Que é isso?
E ela:
— Agora, já não estou mais de uniforme, compreendeste? Estou vestida normalmente: saia e blusa. Ninguém diz, não é?
Leleco:
— Você é de amargar! De arder!
Já sem os distintivos do uniforme, Silene sente-se violentamente livre: “É o que o pessoal faz no colégio. Eu podia ter tirado pra ir ao cinema. Nem me lembrei.”
Silene pousa, de novo, a cabeça no seu ombro. Quando o rapaz, inquieto, quis acariciá-la, diz, do fundo do seu sonho:
— Deixa pra fazer tudo lá.
E, súbito, volta-se, transfigurada, para ele:
— Terias coragem de fazer uma coisa?
Leleco:
— O quê?
Diz, quase boca com boca:
— Terias coragem de passar a noite comigo? E, depois, morrer comigo? Terias?

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6. Mulheres –  Charles Bukowski, 1978
Bukowski é famoso por suas narrativas eróticas, e Mulheres é uma das mais reconhecidas nesse sentido. O livro narra as aventuras sexuais do próprio autor, sob o alter ego Henry Chinaski. O personagem ficou 4 anos em jejum de sexo e, aos 55 anos, decide retomar suas aventuras com várias mulheres diferentes.

Trecho do livro:
“Por fim, tiramos a roupa e fomos pra cama. Primeiro Mercedes, depois eu. Nos beijamos. Fiquei sassaricando aquela buceta. Ela pegou no meu pau. Montei nela. Ela mesma meteu meu pau lá dentro. Era bem apertadinha. Fiquei brincando um pouco. Colocava e tirava, colocava e tirava, só a cabeça. Daí, devagarinho, enfiei até o cabo. Sem pressa. Meti com força umas quatro ou cinco vezes. Ela gemia, com a cabeça apoiada no travesseiro. “Ãããiiii…” Maneirei e fiquei só bimbando de leve.
Noite abafada, os dois suando muito. Mercedes estava doida de cerveja e maconha. Resolvi que o final seria esplendoroso, ia mostrar-lhe umas coisinhas.
Continuei chacoalhando. Mais cinco minutos. Mais dez. Não conseguia gozar. Comecei a fraquejar. Fiquei mole.
Mercedes não gostou:
– Continua! – pediu. – Ah, continua, baby!”

 

5. Pequenos pássaros – Anais Nïn, 1979
Anais Nïn foi uma feminista e vanguardista da revolução sexual nos anos 40. Ela escreveu contos eróticos nessa época, que só foram publicados na década de 70, depois de sua morte, compilados com o título Pequenos pássaros. O livro traz treze histórias sobre paixões e anseios sexuais.

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Trecho do livro:
“Depois, me tocava devagar, como se não quisesse me despertar, até que eu ficava molhada. Ai, seus dedos passavam a se mover mais depressa. Ficávamos com as bocas coladas, as línguas se acariciando. Aprendi a pôr o pênis dele em minha boca, o que o excitava terrivelmente. Ele perdia toda a delicadeza, empurrava o pênis e eu ficava com medo de me engasgar. Uma vez eu o mordi, o machuquei, mas ele não se incomodou. Engoli a espuma branca. Quando ele me beijou, nossos rostos ficaram cobertos com ela. O cheiro maravilhoso de sexo impregnou meus dedos. Eu não quis lavar as mãos.” (O modelo)

 

4. O amante – Marguerite Duras, 1984

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O amante é um livro autobiográfico de Duras, que narra sua iniciação sexual com um chinês rico de Saigon. O romance ganhou o prêmio Prêmio Goncourt, o mais importante da literatura francesa. Apesar dos personagens serem reais, a escrita de Duras é transcendente e faz confundir o que é verdade e o que é imaginação.

Trecho do livro:
“Ela lhe diz: preferiria que você não me amasse. Ou, mesmo me amando, que se comportasse como se comporta com as outras mulheres. Olha para ela espantado e pergunta: é o que você quer? Responde que sim. Ele começou a sofrer lá, naquele quarto, pela primeira vez, não nega isso. Diz que sabe que ela jamais o amará. Ela o deixa falar. (…) Ele lhe arranca o vestido, joga-o longe, arranca a calcinha branca de algodão e a leva nua para a cama. Então, vira-se para o outro lado e chora.”

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3. Elogio da madrasta – Mario Vargas Llosa, 1988
O escritor peruano, ganhador do Nobel de Literatura em 2010, é autor desse livro, que trata da relação apaixonada e sexual entre Lucrécia, de 40 anos, e dom Rigoberto, que está em seu segundo casamento. Lucrécia torna-se madrasta do filho de Rigoberto, Fonchito, e acaba se envolvendo com ele. O livro trata da linha tênue entre a paixão e a inocência.

Trecho do livro:
“Seu marido havia levantado a camisola e lhe acariciava as nádegas, num movimento circular e metódico, enquanto beijava os peitos. Ouviu-o murmurar que a amava, sussurrar meigamente que com ela tinha começado para ele a verdadeira vida. Dona Lucrecia beijou seu pescoço e mordiscou os mamilos até ouvi-lo gemer; depois, lambeu lentamente aqueles ninhos que tanto o exaltavam e que dom Rigoberto tinha lavado e perfumado cuidadosamente para ela antes de ir se deitar: as axilas. Ouviu-o ronronar como um gato manhoso, contorcendo-se sob o seu corpo. Apressadas, suas mãos separavam as pernas de dona Lucrecia com uma espécie de exasperação. Colocaram-na de cócoras sobre ele, ajeitaram-na, abriram-na. Ela gemeu, dolorida e gozosa, enquanto, num redemoinho confuso, divisava uma imagem de São Sebastião flechado, crucificado e empalado. Tinha a sensação de ter levado uma chifrada no centro do coração. Não se conteve mais. Com os olhos entrecerrados, as mãos atrás da cabeça, avançando os seios, cavalgou naquele potro de amor que se balançava com ela, ao seu compasso, ruminando palavras que mal podia articular, até sentir que ia desfalecer.
— Quem sou eu? — indagou, cega. — Quem você diz que eu fui?
— A esposa do rei da Lídia, meu amor — explodiu dom Rigoberto, perdido no seu sonho.”

 

2. A Casa dos Budas Ditosos – João Ubaldo Ribeiro, 1999
João Ubaldo Ribeiro escreveu um clássico da literatura erótica brasileira, que narra a história de uma mulher de 68 anos relatando suas experiências sexuais. Tudo é contado de uma forma natural, divertida e explícita.

Trecho do livro:
“E então, com a expressão de homem mais bonita que já vi na minha vida e exalando um cheiro para sempre irreproduzível, gozou muito fundo dentro de mim e eu senti, senti mesmo, aquele jato me inundar gloriosamente aos borbotões, aquela pica grossa e macia pulsando ereta dentro de mim, ai! Eu não gozei, mas só tecnicamente, porque de outra forma gozei muito naquele momento, não posso descrever minha felicidade, minha profusão de sentimentos, me sentir mulher, me sentir fodida, me orgulhar de ter sido esporrada em meio a meu sangue, sem fricotes, como uma verdadeira fêmea deve ser inaugurada por um verdadeiro macho.”

 

1. A vida sexual de Catherine M – de Catherine Millet, 2001

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Catherine Millet é uma crítica de arte francesa respeitada que chocou muitas pessoas ao lançar A vida sexual de Catherine M, seu livro de memórias sexuais bastante ousadas, envolvendo desconhecidos, grupos de 150 pessoas em variados cenários, e com direito a até fotos íntimas.

Trecho do livro:
“Certos devaneios, é natural, são eróticos, e mergulhei neles muito antes de saber em que consistiam exatamente os atos sexuais, quando eu ainda os assimilava apenas aos beijos na boca e às carícias nos seios. Aliás, é provável que minha natureza sonhadora combine com minha tendência à masturbação. Desde jovem, acompanho minhas sessões de masturbação com construções fantasiosas, a maioria delas longas e muito elaboradas. Elas são recorrentes e vão se tornando complexas e se ramificando ao longo do tempo, às vezes durante anos, como essas novelas que não acabam nunca e cujo roteiro é improvisado de acordo com a inspiração dos autores. Eu não saberia atingir o orgasmo sem elas. No entanto, os devaneios eróticos não estão todos ligados ao ato da masturbação.”

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