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Smartphones atrapalham a criar os filhos

Dez anos atrás, enfiar a cara num aparelhinho era considerada uma séria afronta social. Já existia o Blackberry, os PDAs e videogames portáteis, mas puxar um desses em meio a uma conversa era tido por sintoma de vício em trabalho ou um caso terminal de nerdice. Avance a 2016 e bem-vindo ao futuro! Ainda não […]

Por Fabio Marton
Atualizado em 4 set 2024, 11h16 - Publicado em 17 out 2016, 14h53
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OcusFocus | iStock


Dez anos atrás, enfiar a cara num aparelhinho era considerada uma séria afronta social. Já existia o Blackberry, os PDAs e videogames portáteis, mas puxar um desses em meio a uma conversa era tido por sintoma de vício em trabalho ou um caso terminal de nerdice. Avance a 2016 e bem-vindo ao futuro! Ainda não temos laser e carro voador, mas todo mundo tem direito a interromper o almoço para pegar um pokémon embaixo da mesa.

Então, como estamos criando os bacurizinhos na era do smartphone? Bem mal. Essa é a descoberta de um estudo da Universidade de Michigan (EUA). “Os pais constantemente sentem que estão em mais de um lugar enquanto cuidam das crianças”, afirma a especialista em comportamento infantil Jenny Radesky, a principal autora. “Estão ainda trabalhando. Estão ainda socializando. Tudo isso enquanto tentam cozinhar o jantar e prestar atenção nos filhos.”

Num exemplo dado pelos próprios pesquisadores, ter um smartphone significa receber um e-mail do chefe – que precisa ser respondido –  enquanto as crianças querem mostrar sua última criação em LEGO. Vários problemas emergem daí: as crianças começam a exibir os típicos comportamentos de exigir atenção (isto é, capetices). Os pais, talvez já irritados com os problemas do trabalho surgindo do nada, se tornam agressivos, podendo explodir em gritaria. Obviamente, isso não é jeito de criar pessoas saudáveis.

Mas os pesquisadores não são inocentes. Eles sabem que não existe volta para quem já se adaptou ao modo de vida com o espelhinho preto. Então propõem três soluções:

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1. Reservar alguns espaços da casa e/ou horários em que usar o celular é proibido. Como na hora do jantar ou de ir dormir. Ou na hora em que se chega do trabalho e as crianças querem brincar. Outra ideia é reservar uma sala em que se pode usar o smartphone, ou em que não se pode usar, como o quarto das crianças.

2. Aplicativos como o Moment (iOS) e o Quality Time (Android) permitem descobrir quanto tempo se está gastando por dia com o telefone, e em que aplicativos. Com essa informação, é possível decidir quanto é preciso maneirar e no quê.

3. Identificar que partes específicas do smartphone causam mais estresse e limitar seu uso para quando as crianças estão ocupadas. Isso evita a situação em que alguém fica cheio de negatividade com o e-mail do trabalho e as crianças respondem de forma ainda pior.

“Você não precisa ficar disponível para seu filho 100% do tempo – de fato, é saudável para eles serem independentes”, afirma Radesky. “O caso é que estamos vendo pais sobrecarregados e exaustos de serem puxados em tantas direções diferentes.”

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