
*Suspiro*, ah, por onde começar…
Bom, nesses 15 anos da minha vida como gamer, acompanhando o mercado desde o PlayStation 1, eu nunca vi tamanha expectativa para um jogo como em No Man’s Sky. Apresentado pela primeira vez na VGX 2013, o xodó da recém-nascida Hello Games logo gerou um hype que foi às alturas.
Três anos depois, com alguns (vários) atrasos, o dito cujo chegou às lojas… para PS4. Só depois de três torturantes dias o jogo finalmente chegou ao PC e, com isso, este que vos fala começou a jogar.
Ou quase, pois estava um completo desastre – mal otimizado e com quedas de FPS que me faziam chorar sangue. Só dois dias após o lançamento a desenvolvedora liberou os patches que consertaram o jogo.
Certo, eu fiz a pré-venda do jogo em março. Eu estava há uns cinco meses esperando esse jogo. Depois dessa experiência, eu nunca mais faço pré-venda – nunca mais. O jogo é ruim? Não, o jogo não é ruim. Mas ele não é bom também.
No Man’s Sky é o exemplo claro que a expectativa nos cega. O jogo é irritantemente repetitivo e a culpa parcial disso está no início do game: você começa em um planeta qualquer, precisando consertar sua nave para poder explorar o universo. Pode demorar HORAS até você conseguir todos os recursos suficientes para realizar as tarefas iniciais, sem nenhum tipo de tutorial.
A partir daí, você sai do planeta inicial para explorar outros lugares. Mas é sempre a mesma coisa – pousa, coleta recursos, anda, anda, anda, anda. E como anda. Não pense que dá para correr nesse jogo: é apenas um “andar-rápido” ridículo. Após coletar recursos, você sai e vai em direção a outro planeta, repetindo o processo. Às vezes, piratas podem te atacar, e aí, meu amigo, ferrou. Uma vez morto, você volta ao último checkpoint e tem que fazer tudo de novo.
Tudo.
De.
Novo.
Em teoria, há um “final” do jogo, que consiste em chegar ao centro do universo. Mas acredite, não perca seu tempo: essa campanha é totalmente espúria, não faz sentido nenhum, não lhe acrescentará em nada, assim como o jogo inteiro. Você segue por aí coletando recursos que têm sempre o mesmo design e fugindo de inimigos sem objetivo e nem conclusão. Apenas vagabundeando pelo espaço.
Ah, e várias coisas que foram prometidas não foram entregues. Por exemplo: disseram que não haveria planetas iguais, mas há. E o modo multiplayer é nulo: apesar de ser praticamente impossível encontrar outros jogadores (pois são 18 quintilhões de planetas exploráveis no universo de No Man’s Sky), caso essa raridade acontecesse, seria possível ver o jogador encontrado. Mas… não é. Não dá para interagir.
Vamos falar das Sentinelas. Essas malditas ficam supostamente protegendo os planetas, mas sua péssima inteligência artificial faz com que seu comportamento seja totalmente aleatório. Em alguns planetas, você destrói florestas inteiras atrás de recursos e elas não fazem nada. Em outros, você quebra um cristal de plutônio e todas as sentinelas de todos os 18 quintilhões de planetas vêm te atacar. A ideia é que elas sejam um desafio, mas acontece que elas acabam sendo algo mais irritante do que desafiador.
Em compensação, a arte do jogo está linda – os planetas, apesar de serem minimamente diferentes entre si, possuem cores vibrantes, bem colocadas e bem desenhadas. O algoritmo do universo procedural não erra na beleza dos planetas.
No Man’s Sky é, até o momento, o jogo mais vendido de 2016: impressionantes 165 mil pessoas compraram o jogo no momento em que ele foi lançado na Steam. Mas a recepção tem sido negativa. A avaliação total do jogo da Steam é “neutra”, com 47 mil análises da comunidade, sendo 25 mil positivas e 21 mil negativas. O mundo está dividido a respeito da qualidade do jogo. Mas eu, não. Minha conclusão é que fomos cegados pelo mar de hype e expectativa, o que nos impediu de ver a realidade por trás da mentira mostrada pela Hello Games nas conferências e trailers.
Apesar da boa arte, é o jogo mais decepcionante desse ano e, tenho dito, uma das maiores decepções da indústria, junto a Resident Evil 6, Fallout 4 e Duke Nukem Forever.