O escritor paulista André Vianco, de 37 anos, já se tornou figura querida da literatura nacional. Autor do best-seller Os Sete e de sagas como O Vampiro-Rei e O Turno da Noite, ele se consagrou ao criar universos sobrenaturais e vampirescos que encantam leitores.
São 14 livros e uma grande leva de fãs. Atualmente finalizando seu novo romance, Dartana, Vianco irá participar da Bienal do Livro de SP autografando nos estandes da Rocco e da Novo Século. Bati um papo com ele para saber mais sobre a vida desse grande escritor.
MUNDO ESTRANHO: Quando você começou a se interessar por esse universo de vampiros, lobos, anjos etc.?
André Vianco: Acho que na adolescência, com histórias em quadrinhos, literatura e cinema.
ME: Como era sua vida antes de Os Sete, seu primeiro best-seller, publicado em 2000?
Vianco: Meu “lado leitor” sempre foi muito ativo. Sempre soube que acabaria contando histórias. Meus primeiros trabalhos foram na Jovem Pan, num mundo pré internet. Mais tarde, com a idade de ir para o exército, vivia uma vida comum e já escrevia, porem somente em 1998 terminei meu primeiro livro, O Senhor da Chuva.
ME: Esperava que a aceitação do público fosse tão grande?
Vianco: Acho que sempre tive uma espécie de faro para isso, uma intuição, mesmo com a falta de autores nesse ramo naquela época.
ME: Você é um grande defensor da brasilidade na escrita, ou seja, da fuga da influência norte-americana. Como você vê a literatura brasileira nos dias de hoje?
Vianco: Aquela literatura voltada para fantasia e terror demorou e ainda demora. Defendo que o autor precisa ser o inventor de sua própria marca para que o livro realmente faça sentido. Isso é essencial para o significado do livro, não só ao leitor, mas também ao autor.
ME: Você costuma pesquisar antes de começar um projeto? Como é o processo para você?
Vianco: É essencial a pesquisa e o entendimento do novo mundo que você vai narrar. Apoio verossimilhança e a busca pela imitação da vida real, mesmo que a história seja dotada de vampiros ou qualquer ser surreal. É importante a sensação de estar em um mundo real, de ser surpreendido com o fantástico e, assim, carregar o leitor para um conto paralelo. A linguagem mais simples também é uma boa ferramenta, para que, dessa forma, o leitor não perca tempo em decodificar as mensagens que desejo passar.
ME: Quando você inicia um livro, já sabe exatamente a história ou vai construindo conforme escreve?
Vianco: Nem sempre sei tudo, mas prefiro saber. Faço roteiros e divido mais ou menos os capítulos, para ter um caminho. Porém, às vezes, a história acaba mudando, o que é normal. A literatura é muito generosa, mas prefiro não abrir mão de um roteiro.
ME: No dia 19 de julho, você publicou nas redes sociais que produziu o curta Almoço de Domingo em 24 horas. Como foi esse desafio para você?
Vianco: Muito agradável. Fazia tempo que não me arriscava no mundo do audiovisual, meu último curta tinha sido o Saia do Meu Quarto, de 2012. Um amigo dentro desse novo projeto me chamou para participar como roteirista e foi um grande desafio. Começamos à meia-noite e decidimos tudo: personagens, cenários etc. É muito difícil criar dramaturgia sob pressão, mas foi uma experiência incrível.
ME: São 11 best-sellers e quase um milhão de livros vendidos. É difícil lidar com a fama?
Vianco: É algo que temos que saber lidar. Fica difícil às vezes dividir o tempo, mas isso é algo que faz parte do que eu buscava. A fama também gera uma grande expectativa entres os leitores, quase como uma cobrança, o que é complicado muitas vezes.
ME: Seus últimos livros – Zumbi: O Terrível Ataque das Rãs do Nepal (2013) e Bruxa: Um Feriado Assombroso na Floresta (2014) – têm como foco o publico infantil. Como foi esse processo de escrita para leitores mirins?
Vianco: Foi difícil, achei que seria mais fácil. Tenho uma qualidade de me conectar com o terror, mas, para escrever para crianças, tive realmente de voltar à minha infância, voltar a pensar como criança. Porém, quando achei minha voz infantil, tudo ficou mais tranquilo. Principalmente com a ajuda das minhas filhas!