Por Ricardo Schott
Viagens no tempo, invasões à Terra, monstrengos e muitos mistérios a serem resolvidos. A nova temporada da série britânica Doctor Who promete deixar, como vem fazendo há 50 anos, muitos fãs coçando a cabeça. Sorte nossa que o novo astro do show, Peter Capaldi, a atriz Jenna Coleman e o produtor executivo e roteirista Steven Moffat estiveram no Brasil para explicar um pouquinho e acalmar a ansiedade do público. Confira os melhores momentos da entrevista.
Capaldi, qual a diferença entre o seu Doctor Who e o dos outros? Sua interpretação vai ser mais sombria?
Capaldi: Bom, não quero me afastar totalmente dos outros Doctors. O meu, posso falar que é muito intenso, emocional, entusiasmado. Ele veste roupas mais escuras. Quando eu era pequeno, tinha a impressão de que eram mais claras, apesar de assistir em uma TV preto e branco. Nesta temporada, ele tenta entender mais o que ele é. Não é um super-herói, apesar de atravessar o universo viajando em uma nave. Ele se sente zangado, frustrado com seus atos e triste com o mundo, mas também tem muita paixão e amor. E de qualquer jeito, ser o Doctor não depende só de mim. É uma experiência.
Vocês sempre foram fãs da série?
Capaldi: Sim. O primeiro episódio passou quando eu tinha uns 5 anos. Lembro claramente que era algo sobre os Daleks, que tinham invadido a Terra e achei fantástico ver esses monstros saindo da escuridão. A Escócia [país-natal de Capaldi] é um lugar frio e escuro. Eu morava em uma casa pequena e fria, me lembro de ver aquelas imagens em preto e branco e achava aquilo mágico. Como cresci assistindo à série, o tipo de ator que sou hoje tem a ver com o personagem. Pode ter sido o papel que fiz a vida inteira sem me dar conta.
Moffat: Sim. Eu era muito tímido quando criança, sofria bullying por isso e minha felicidade acontecia quando via o programa. Não achava que heróis como 007 fossem gostar de mim e encontrei no Doctor Who um cara que poderia ser meu herói, que teria tempo para alguém como eu. Um professor meu até dizia: “Olha, você não vai resolver seus problemas se escondendo atrás do Doctor Who”. Adoraria reencontrar esse professor e perguntar como ele se sente por causa desse conselho…
Moffat, você cuida também da série Sherlock. Como se divide para trabalhar nas duas?
Moffat: Olha, adoraria ter uma resposta planejada, dizer que equilibro tudo, medito, trabalho… Mas às vezes me pergunto: Deus, o que eu faço? Muitas vezes o que eu tenho é uma coleção de coisas para fazer e de desculpas para dar. Nem sei como o dia de hoje vai terminar. Às vezes acho que vai ser um milagre se terminarmos o programa.
Será que a série vai ter uma filmagem no Brasil?
Moffat: Bom, aí eu pergunto: tem um lugar bom para gravarmos aí, que tenha a ver com a série? Tudo vai depender do roteiro.
Como vocês têm visto a receptividade à série ao redor do mundo?
Capaldi: Me surpreendi em ver o grau de popularidade no mundo todo, em ver como a série é querida. Nem sei o que torna o programa tão atraente para quem mora fora do Reino Unido, mas me sinto feliz de ser responsável por isso.
Moffat: É um programa muito britânico e temos que falar para vários países. Mas se eu estiver vendo um programa brasileiro, espero que ele seja brasileiro. Você tem que fazer o que gostaria de assistir.
Jenna, é verdade que você vai sair da série no fim do ano? Sua personagem, Clara, vai arrumar alguém?
Jenna: Sim, haverá outro homem na vida dela. Se ela tiver que sair, tenho certeza que o Steve irá escrever isso muito bem e resolver da melhor maneira possível.
E como é a vida da Clara?
Jenna: Ela é uma professora de literatura inglesa e adoraria viajar pelas páginas dos livros que o Doctor indica para ela. Na nova temporada, será mostrado um pouco da vida dela em casa e no trabalho, dando aulas e corrigindo provas. Eu lia histórias de contos de fada. Agora eu me sinto como se estivesse em uma delas.
A ideia é que a temporada nova resgate coisas do passado da série?
Moffat: Não. O programa não vai mais voltar para trás. Não vai ser o que era antes nem vai enfocar coisas tradicionais. Sempre foi assim. Nem a série clássica voltava atrás.
Capaldi, no que sua vida mudou ao se tornar o Doctor Who?
Capaldi: Quando me perguntam isso, digo: “Olha, eu entro em uma sala e duas mil pessoas gritam. Isso não é algo que acontecia antes”.
Jenna, quais são as diferenças que você vê entre o Doctor Who interpretado por Matt Smith [ex-protagonita da série]e o vivido por Capaldi?
Jenna: Bom, quando acontece a regeneração, há uma grande diferença quando Peter aparece. Esse Doctor não é previsível, ele não é maníaco por controle como o de Matt. A Clara também não consegue controlar tudo. Isso dá uma nova dinâmica na relação deles.
Moffat: Uma frase-chave para entender o que acontece nas próximas temporadas: não confie em ninguém.