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Assim como os humanos, chimpanzés parecem ter saudações de “oi” e “tchau”

Os primatas trocam olhares, dão as mãos ou batem cabeças para iniciar e terminar interações. E rola até bajulação quando há hierarquia em jogo.

Por Carolina Fioratti
13 ago 2021, 17h54

Ao chegar em uma roda de amigos, é comum que você cumprimente o grupo, seja com um aceno de mãos ou mesmo uma interação mais íntima com cada um dos presentes. O mesmo acontece ao ir embora. Até então, pensava-se que o costume de saudar uns aos outros antes e depois de uma interação social fosse algo restrito aos humanos, mas pesquisadores da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, mostraram que outros primatas também exibem tal comportamento. 

A cientista Raphaela Heesen, uma das autoras do estudo, estava observando como os bonobos (uma espécie de porte um pouco menor que os chimpanzés e bastante próxima de nós geneticamente) reagem a uma interação social interrompida. Para retornar às atividades, um deles começou a realizar alguns gestos, convocando um parceiro. A pesquisadora começou a refletir se aqueles movimentos equivaliam de alguma forma às saudações humanas.

Então, veio o estudo. Heesen e seus colegas investigaram bonobos e chimpanzés comuns. No total, foram registradas 1.242 interações entre indivíduos da mesma espécie, que aconteciam antes ou depois deles executarem atividades em conjunto, como brincar ou se limpar.

Os bonobos se mostraram mais simpáticos: eles cumprimentavam o companheiro em 90% das vezes e se despediam em 92% delas. Já os chimpanzés deram um oi em 69% das situações avaliadas, mas eram mais cordiais ao ir embora, despedindo-se em 86% das vezes. O estudo completo foi publicado no periódico científico iScience.

As interações envolviam desde a troca de olhares até cumprimentos com as mãos ou batidas de cabeça. Você pode ver um exemplo clicando neste link aqui.

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Os cientistas também notaram que o comportamento entre os bonobos era influenciado pela hierarquia dos grupos. Dois primatas de status social semelhantes tendiam a se cumprimentar de forma rápida, como você faria com qualquer amigo. Mas quando a situação envolvia animais de diferentes graus hierárquicos, a interação tendia a ser mais longa, como se o bonobo estivesse “fazendo sala”. O mesmo não foi observado com os chimpanzés. 

Há uma possível explicação para a maior afeição e demonstração de respeito por parte dos bonobos. Esses animais vivem em um sistema social relativamente pacífico e são mais propensos a tolerar situações em que precisam interagir. Já os chimpanzés tendem a usar a violência para mostrar quem é que manda, tendo relações mais agressivas em seu ciclo social. 

De acordo com os pesquisadores, o estudo deste comportamento em grandes macacos, como bonobos e chimpanzés, pode ajudar na compreensão da evolução humana, já que estes são os nossos parentes vivos mais próximos. Os cientistas pretendem continuar buscando por interações parecidas entre outras espécies.

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