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Cadeia para quem precisa

Você mesmo pode colocar os inimigos públicos atrás das grades.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 30 jun 1998, 22h00

Luiz Dal Monte Neto

É fácil: você só precisa do seu velho jogo de damas, de alguns botões e de um punhado de palitos de fósforo. Com esse material simples e sem violência, dá para enclausurar todos aqueles personagens que deveriam estar presos embora andem livremente por aí.

Mas vamos com calma. Antigamente, quando alguém ensinava damas para uma criança, era comum explicar-lhe também lobo e cordeiros, que usa o mesmo tabuleiro e parte das peças do jogo. Para quem não se lembra, são dois adversários: um movimenta o lobo (que pode ser preto) e o outro conduz quatro cordeiros (brancos). Os ovinos devem reduzir gradativamente o espaço disponível, até que o carnívoro acabe prensado contra uma margem do tabuleiro – situação em que é derrotado – ou alcance a margem oposta à da largada – condição necessária para vencer.

A posição inicial é a da figura 1. O lobo se move uma casa por vez, em diagonal, para a frente ou para trás. Os cordeiros andam do mesmo modo, mas só para a frente. Não há capturas.

Com jogadas corretas os cordeiros podem ganhar sempre e, como não é difícil encontrá-las, o interesse do jogo é pequeno. Uma idéia mais elaborada, que chegou a ser lançada comercialmente pela empresa inglesa Waddingtons, pode ser improvisada em casa. Você vai precisar de um tabuleiro de damas e de nove peças, sendo três de cada cor (as três brancas e as três pretas são fáceis, as outras podem ser botões). Para completar, uma caixa com palitos de fósforo.

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Originalmente, os palitos representavam paliçadas e as peças, três tipos de animais: leões, elefantes e rinocerontes, que deveriam ser cercados, presos. Como hoje não

é considerado politicamente correto tirar a liberdade desses bichos, você pode mudar a história. Os palitos seriam grades e as fichas, certas personalidades graúdas que os brasileiros gostariam de ver atrás delas. Não é difícil achar nos jornais e revistas caricaturas de políticos, banqueiros, fraudadores e espertalhões de todas as categorias que se enquadram perfeitamente nessa nossa vã expectativa e que

poderiam ser coladas sobre as peças do jogo, dando-lhe uma tragicômica aparência.

Cada um dos três jogadores fica com um grupo de peças de mesma cor e as instala sobre o tabuleiro, em quaisquer casas vazias. Depois que as nove tiverem

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sido posicionadas, começa o cerco. A partir de então os participantes se alternam fazendo um lance por vez, que consiste em duas partes: mover uma de suas peças e pôr um fósforo entre duas casas quaisquer, nesta ordem.

As peças se movem em linha reta, no sentido horizontal ou vertical, quantas casas o jogador quiser. Elas podem pular outras peças, mas não os palitos. A captura ocorre quando uma peça fica contida num setor completamente cercado por fósforos que tenha, no máximo, oito casas. Desde o começo, fica estabelecido que as margens do tabuleiro são cercadas, como se houvesse palitos ali também. A peça capturada é retirada imediatamente e, às vezes, mais de uma ao mesmo tempo. Na figura 2 vê-se um exemplo no qual uma peça vermelha é presa com a jogada indicada.

A partida prossegue até que reste só uma peça, cujo dono será o vencedor. Pode ocorrer de uma única jogada capturar simultaneamente todas as peças ainda livres. Nesse caso a partida é anulada.

Luiz Dal Monte Neto é arquiteto e designer de jogos e brinquedos

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