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E o TED veio ao Rio

Em outubro, o TED Global aconteceu pela primeira vez abaixo da linha do Equador. E, três meses depois da Copa, o Rio de Janeiro virou a capital mundial das ideias

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 9 fev 2015, 22h00

Denis Russo Burgierman

Em vez de cameron diaz e Goldie Hawn, figurinhas comuns no TED americano, quem circulava em outubro pela sede carioca do TED Global, em Copacabana, eram Maitê Proença e Regina Casé. É que, pela primeira vez em 30 anos de história, um evento oficial do TED aconteceu no Brasil, nas areias da praia, num grande auditório construído em frente ao Copacabana Palace especialmente para a ocasião. No palco, quase cem palestrantes se revezaram na tarefa de derrubar o queixo da audiência, com descobertas científicas, ideias transformadoras, experiências acachapantes e performances artísticas.

Tirando alguns sortudos (como a equipe da SUPER, que está entre os poucos brasileiros que conseguiram credenciais de imprensa), praticamente toda a audiência pagou ingresso de US$ 6 mil para poder acompanhar os cinco dias da conferência, cujo tema foi South! (“Sul!”, uma referência ao fato de que foi o primeiro TED do lado de baixo do Equador). Mesmo com o preço salgado, o evento lotou: quase mil pessoas (sendo 195 brasileiros) apareceram e todo mundo com quem falei estava satisfeitíssimo. O ingresso caro se justifica pelo poder de influência da plateia. Gente importante circulou pelo anfiteatro à beira-mar, como a indiana Asha Motwani, que em 1999 assinou um cheque milionário para que dois estudantes recém-formados, um russo e um americano, começassem uma empresa. O nome dessa empresa? Google.

Upgrade no sistema democrático

Um dos temas centrais foi a obsolescência do sistema democrático. A ativista argentina Pia Mancini (mais sobre ela na página 18) resumiu bem a situação: “somos cidadãos do século 21, interagindo com instituições do século 19, baseadas em tecnologias da informação do século 15”. Alguns brasileiros contribuíram para o debate. Alessandra Orofino falou do Meu Rio, plataforma cívica digital que já mobiliza um a cada 15 jovens cariocas. Bruno Torturra, criador da Mídia Ninja, falou do poder democratizante dos celulares que transmitem ao vivo. Mas nem tudo são flores em termos de tecnologias democratizantes. A acadêmica turca Zeynep Tufecki fez todo mundo pensar ao mostrar que, quase sempre, manifestações que começam digitais geram muita energia no início, mas acabam em frustração.

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Cérebro 2.0, ligado em rede

Quem levantou o público e emocionou todo mundo foi o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, ao contar a história dos paraplégicos que andaram ao conectar seus cérebros a pernas mecânicas. Nicolelis pintou um futuro no qual cérebros ligados a máquinas são capazes de mover coisas no mundo real e fazer telepatia. Quais as implicações disso? “Não sei”, respondeu ele. “Sou apenas um cientista. Sou pago para ser criança.” A plateia foi ao delírio.

Celulares agora vão salvar vidas

Como sempre, o TED foi palco do lançamento de tecnologias que podem mudar o mundo (o público da primeira edição, em 1984, foi apresentado ao CD e ao touchscreen). No Rio, duas inovações deixaram todo mundo de boca aberta – e ambas envolviam celulares. O mexicano Jorge Soto, da Universidade da Singularidade, na Califórnia, apresentou o protótipo de uma tecnologia simples e barata que permite a qualquer pessoa detectar vários tipos de câncer de uma só vez. Basta pingar gotas de sangue numa bandejinha com reagente e colocá-la numa máquina menor do que um micro-ondas. Os resultados são enviados ao celular do sujeito em 60 minutos. A detecção precoce do câncer aumenta enormemente as chances de cura. Já a empreendedora canadense Isabel Hoffman apresentou um sensor capaz de identificar todos os componentes de um alimento – o resultado chega imediatamente ao celular. Ambos tiveram motivações pessoais: a filha de Isabel tem sérias alergias alimentares e a tia de Soto teve um câncer de pulmão que foi complicado pela demora do diagnóstico. Ambos os protótipos estão em fase de testes, mas já funcionam.

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O mundo, de baixo para cima

Vários palestrantes de temas diversos propuseram uma inversão: em vez de soluções centralizadas pensadas de cima para baixo, colocar o protagonismo nas pontas. A especialista em conflitos Severine Autosserre disse que a ONU devia parar de tentar pacificar guerras a partir de articulações entre chefes de Estado e, em vez disso, estimular organizações locais que mediam conflitos tribais. A paz será consequência. Já o arquiteto chileno Alejandro Aravena criticou programas governamentais de habitação popular, que fazem casas minúsculas e idênticas para todos. Ele propôs que o Estado construa apenas metade de uma casa, deixando para a criatividade local a finalização da obra. “Assim os moradores recebem meia-casa boa, em vez de uma casa ruim. E, depois, o imóvel valoriza, em vez de desvalorizar.”

Regulamentação das drogas: agora vai

O TED nunca tinha falado sobre drogas, porque é um tema muito polêmico. Neste ano, várias palestras trataram disso. O americano Ethan Nadelmann levantou o público ao dizer que as pessoas acham que proibir as drogas é uma fórmula de restringi-las, mas na verdade é o contrário: é abrir mão de qualquer regulamentação. Se o TED é mesmo um barômetro que ajuda a entender para que lado sopram os ventos do futuro, tem mudança no horizonte nesse tema.

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