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E se o mundo fosse como a SUPER previu?

Trens que flutuam, carros voadores, um relógio-isqueiro. É hora de olhar para trás e conferir nossos erros - e acertos

Por Alexandre Versignassi e Mirella Nascimento
Atualizado em 22 nov 2018, 15h57 - Publicado em 26 jan 2012, 22h00

Você usaria tênis voadores. “Bobinas magnéticas embutidas nos sapatos das pessoas poderiam carregá-las por toda parte, sobre uma rede de tapetes magnéticos”, diz a reportagem de capa da primeira edição da SUPER, de setembro de 1987. Era um texto sobre materiais supercondutores, que permitem a criação de ímãs fortes o bastante para levitar trens – ou pessoas. Esses trens flutuantes (os maglevs) estavam em estágio experimental naquela época – e continuaram só experimentais mesmo. Hoje só existem 3 linhas desse tipo abertas ao público. E a maior é um trecho de 30 quilômetros, em Xangai. O problema nem é tecnologia, é dinheiro mesmo. Construir uma malha ferroviária para valer de maglevs, com milhares de quilômetros de trilhos magnéticos, custaria trilhões. E só serviria para aumentar a velocidade dos trens-bala de 300 km/h para 500 km/h. Muito dinheiro para pouca aplicação prática. Também não constam sapatos flutuantes… E isso nem foi o que já saiu de mais irreal por aqui em termos de futurologia. Houve coisas ainda mais bizarras: TVs tão finas como quadros, telefones sem teclado e capazes de acessar a internet, videogames que não precisam de joystick. A diferença é que essas viraram realidade concreta anos depois de terem aparecido nas páginas da SUPER. Mas é leviano, até, falar em “erros” e “acertos”. Nossa matéria-prima é a evolução do conhecimento. E ele se desenrola por vias tortuosas, imprevisíveis. Seja como for, tanto os “erros” como os “acertos” tiveram um propósito comum: mostrar de forma instigante as possibilidades reais da ciência e da tecnologia. E a maior prova de que esse serviço deu certo está numa previsão que nunca saiu em nossas páginas: a de que a SUPER se tornaria uma das maiores revistas do planeta, com uma circulação de quase meio milhão de exemplares por mês.

OS ERROS

De tecnologias que acabaram ultrapassadas à esperança de contato com extraterrestres, a SUPER deu algumas bolas fora

No que dependesse do otimismo da Nasa há 25 anos, ir para Marte já seria carne de vaca. Nós, naturalmente, demos voz a isso – e o absurdo seria não fazê-lo, já que a ida de pessoas até o planeta vermelho parecia mesmo questão de tempo. Também falamos bastante de carros voadores – e tivemos a pachorra de colocar um na capa da revista há 17 anos. Mas era do jogo também, ué. Eles já estavam saindo do papel mesmo. Só pena que a realidade sempre teima em acabar com o mundo de sonhadores. E no mundo real as pessoas precisam de brevê de piloto para guiar qualquer coisa que voe – e não basta fazer baliza na autoescola para tirar um… Outra inovação incensada foi o fax, uma revolução que terminou soterrada pelo e-mail… E tem os extraterrestres também. A busca científica por inteligência alienígena se popularizou nos anos 90 – e deu à luz uma previsão ousada.

4 km de prédio (Ago/1994)
“Edifícios de até 4 quilômetros de altura, onde podem viver e trabalhar até 1 milhão de pessoas – com projetos assim, os japoneses se preparam para enfrentar a superpopulação no século 21”, nós dissemos. Nossa, nossa… Projetos de superprédios proliferavam nos anos 90 e nenhum chegou aos 4 km. Mas ei: Dubai já tem um de 830 metros. E o Kingdom Tower, na Arábia Saudita, deve chegar a 1 km!Hotel espacial (set/2006)
Robert Bigelow, um magnata americano, tinha (e ainda tem) a ambição de colocar um hotel espacial em órbita – uma “barraca espacial”, na verdade, já que a ideia é usar módulos infláveis. Bigelow achava que abriria o hotel em 2012 (e nós publicamos). Mas ele não contava com um probleminha: a crise econômica global, que começou em 2008 e secou o crédito fácil (coisa fundamental para projetos mirabolantes assim).

Marte é logo ali (várias edições)
Em janeiro de 1988, anunciamos o grande plano da Nasa: mandar uma missão tripulada para Marte na primeira década deste século. Em outras reportagens, 2007 e 2009 foram algumas datas marcadas para o desembarque do primeiro homem por lá. Mas uma missão tripulada custaria US$ 80 bilhões. Mandar um jipinho-robô, como o Curiosity, lançado em 2011, sai bem mais em conta: US$ 2,5 bilhões. Não tem o charme de um “Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”. Mas ok, cientificamente falando, dá para o gasto.

Carro voador (jul/1999)
Carro que voa é sinônimo de futuro desde os tempos dos Jetsons. De Volta para o Futuro 2, de 1990, ressuscitou essa ideia com força. E o belo SkyCar, que voava mesmo, transformou o sonho numa promessa viável, inclusive para a SUPER, que estampou o bonitão aí em cima na capa. A Moller International, empresa que desenvolveu o projeto, está viva e tentando emplacar o possante. Continuamos na torcida!

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Superfax (várias edições)
O fax era a menina dos olhos da jovem SUPER. Pudera: mandar textos para qualquer lugar do mundo instanta-neamente era como se fosse telepatia. Até o projeto de um celular com fax embutido passou por nossas páginas. Mas nem a gente nem ninguém imaginava que uma tal de internet tornaria essa maravilha obsoleta. Como lembrança desses tempos, fica um textinho nosso de 1990: “A vertiginosa obsessão pelo fax, para uma infinidade de tipos de comunicações, não tem precedentes na história da popularização de artefatos tecnológicos”.

Relógio-isqueiro (mar/1988)
Nossa seção de notícias é especialista em buscar coisas inusitadas. Isso a tornou tão bacana quanto propensa a escorregadas. Nos anos 80, anunciamos o projeto de uma lata de lixo doméstica que separava o lixo automaticamente – ao que parece, as pessoas preferiram fazer isso por conta própria… Mas o troféu joinha vai para um protótipo que saiu em 1988: o do relógio-isqueiro. Vai um trago aí?

Contato com ets (dez/1999)
Uma das capas mais otimistas da SUPER dizia que faríamos contato com ETs no século 21. Ok, isso pode acontecer amanhã mesmo, mas tudo indica que é extremamente improvável. A previsão veio basicamente na onda do filme Contato (1995). Baseado em um romance de Carl Sagan, o filme mostra o trabalho do Programa de Busca de Inteligência Extraterrestre (em inglês, Seti). Anos depois, o Seti quase fechou as portas por falta de dinheiro.

OS ACERTOS

Ei, se o mundo fosse como a SUPER previu, ele também poderia seria o nosso mundo!

Como dissemos aqui mesmo, nossa matéria-prima é a evolução do conhecimento. Às vezes, essa evolução colabora com a futurologia: segue um caminho em que sonho e realidade se cruzam. E algo que saiu na SUPER lá atrás acaba virando algo concreto lá na frente. Agora, que o futuro de meio século atrás está aí, dá para detectar algumas apostas que deram certo. Em alguns casos, foi pura lógica: caso das TVs de LCD. Elas eram só coadjuvantes de uma reportagem de capa sobre como as antenas parabólicas mudariam a história da televisão – erro: o cabo faria esse papel. Mas as TVs de tela fina, sem tubo catódico, estavam lá na SUPER como uma aposta certa para o futuro. E hoje elas são os artigos mais comprados a prazo no Brasil. .. Ah, também criamos o (cof, cof) iPhone. E o iPad.

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Videogame sem controle (mai/1989)
Quando o Nintendo de 8 bits ainda era novidade, em 1989, a SUPER apontou que a tendência estava muito além. Disse que o futuro dos videogames era o fim do joystick – o que existia na época eram protótipos de acessórios com sensores de movimento, mas que não funcionavam direito. Eles só virariam realidade em 2010, com o Kinect, da Microsoft.TV 3D (nov/1997)
A “televisão holográfica” chegaria em 2020, segundo a edição especial Leia Aqui o Seu Futuro, dedicada a previsões para as décadas seguintes. Erramos por 10 anos. Os aparelhos de televisão capazes de transmitir imagens em três dimensões surgiram mais rápido do que qualquer um imaginava. E são vendidos no Brasil desde 2010.

TV de LCD (mai/1988)
“O tubo de imagem dos aparelhos convencionais caminha rápido para a aposentadoria”, disse a SUPER há 28 anos. Bom, isso era fácil de adivinhar. Mas fomos mais longe: “Ele será substituído pela tela plana de cristal líquido, colocada sobre a parede como um quadro”. Na época, as TVs fininhas eram pouco mais que uma ideia. Hoje, nem precisa dizer.

iPad (abr/1989)
Mostramos um tal de “videozine” em 1989. Eram “revistas” distribuídas em VHS, para você “ler” no videocassete (haja aspas!). Seria só mais um relógio-isqueiro da vida na nossa história não fosse um acidente: desenhamos este aparelho aqui para mostrar como seria um futuro cheio de “videozines” de mão. Estava criado o iPad (ok, não chegou a tanto; mas valeu).

Supercelular (out/2003)
Há quase 15 anos a SUPER decidiu criar seu próprio gadget. Era para ser um aparelho que juntasse tudo o que havia de mais moderno na época. Artistas e repórteres juntaram forças e desenharam o aparelho dos sonhos na seção Novas. Era um celular com tela sensível ao toque, internet, câmera… Um iPhone. Só que 4 anos antes do iPhone.

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