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E se soubéssemos quando vamos morrer?

As pessoas escolheriam o caixão da mesma forma que decidem o vestido de noiva. E o sistema previdenciário, já tão ameaçado, iria para as cucuias

Por Raphael Soeiro
Atualizado em 29 mar 2017, 11h13 - Publicado em 6 jan 2013, 22h00

Breno tem 50 anos, 11 meses e 13 dias para que sua vida chegue ao fim. Ele sabe exatamente quanto tempo tem, mas não sabe como morrerá. Então não pretende dirigir sem cinto de segurança ou tomar todas as substâncias alucinógenas do mundo de uma vez. Afinal, ele poderia passar boa parte desse meio século que lhe resta debilitado. Assim, Breno tem mais condições de planejar sua vida, os lugares que deseja conhecer, as experiências que quer ter. Porque ele sabe que não vai morrer hoje nem amanhã. Conhecer o momento exato da morte pode soar tão bizarro e sinistro que esquecemos as possíveis vantagens que isso teria. Breno, com 50 anos pela frente, poderia planejar a vida com calma. Prático, não? No entanto, mesmo sabendo a hora certa da morte, teríamos incertezas e angústias a respeito. “Inconscientemente, nós já somos imortais. Não conseguimos nem imaginar o mundo sem a nossa presença”, diz Vera Bifulco, psicóloga e coordenadora do serviço de psico-oncologia do Instituto Paulista de Cancerologia. Ou seja, em alguns aspectos, a vida seria parecida. A diferença entre conhecer ou não a hora da morte é apenas saber em que ponto se encontra a inevitável contagem regressiva para o fim. Resta-lhe um dia ou uma década? E essa pequena diferença mudaria uma porção de coisas. Do seu enterro à fatura do cartão de crédito.

Festa no apê
Balada pré-morte. Bungee jumping sem graça. Terremoto à vista. E carro também à vista

TODOS NA MESMA
“Bom dia, faltam 27 anos e 12 dias para sua morte”, diria o despertador. Encarar o fim seria parte do cotidiano de todos. Hoje, há ONGs, como a Bucket List Foundation, que arrecadam fundos para realizar sonhos de pacientes terminais. Em um mundo em que se sabe a hora da morte, todas as pessoas se sentiriam como pacientes terminais.

VELÓRIO DE ARROMBA
Sabendo quando morreriam, seria possível escolher como se despedir. Seria praxe o velório em vida, uma ocasião tão personalizável quanto o casamento. E, para se distanciar do luto em algumas culturas, os mais religiosos fariam missa pré-morte, a fim de pedir bênçãos para o futuro morto.

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RIP X-GAMES
Eles não seriam mais tão radicais. Um dos motivos do sucesso de atividades assim é o medo que causam. A pessoa sabe que flerta com a morte e o perigo. Porém, com a certeza de que não irá morrer hoje no Everest, ela não teria essa sensação de adrenalina. Os esportes radicais como um todo seriam menos prazerosos.

SÓ À VISTA
Lojas exigiriam a data de morte do cliente para liberar compras a crédito. “Senão, uma minibolha poderia surgir com empréstimos não pagos”, diz o economista Gabriel de Barros. E bancos exigiriam seguros para cobrir inadimplência por morte. Hoje, eles só liberam empréstimos a idosos a juros mais altos.

VELHOS AMEAÇADOS
Um quarto dos brasileiros morre antes da aposentadoria. Se soubessem disso, dificilmente contribuiriam para a previdência. Se o déficit do INSS em 2011 já foi de R$ 36,5 bilhões, dificilmente ele resistiria nessas circunstâncias. O sistema previdenciário, se existisse, teria de mudar.

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ESTILO MR. WHITE
Em São Paulo, três de cada dez pessoas têm algum transtorno mental (que pode ser estresse ou até psicose). Quem fosse morrer em pouco tempo poderia pirar. Haveria gente saindo do bar sem pagar, ficando nu na praça etc. Talvez até tivesse professor de química virando traficante, como na série Breaking Bad.

PREVISÃO DO MAL
O terremoto de 2010 no Haiti, por exemplo, matou mais de 300 mil e deixou pelo menos 700 mil desabrigados. Seria possível prevê-lo com base na data de morte de tanta gente no mesmo lugar. Muitos tentariam escapar, mas morreriam de um jeito ou de outro. Porém, os sobreviventes poderiam se preparar e fugir.

 

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