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Experimentos Bizarros – Mais louco é quem me diz

Eles beberam suco de bactéria. Adotaram bebês-macaco. Produziram orgasmos a pilha. Internaram-se em hospícios. Projetaram cães de duas cabeças. O que não falta na história é cientista doido. com vocês, uma seleção de suas experiências mais absurdas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 Maio 2012, 22h00

MEDICINA

Cobaia pra quê?
As melhores peripécias de cientistas que testaram em si mesmos suas ideias doidas.

Suco sabor bactéria
O gastroenterologista australiano Barry Marshall é um cara insistente. Nos anos 80, tentou muitas vezes convencer seus colegas de que a principal culpada da gastrite e das úlceras estomacais era a bactéria Helicobacter pylori e não o modo de vida dos pacientes. Não colou. E ele se desesperou. Resolveu criar uma cultura das bactérias e mandar goela abaixo. Desenvolveu uma grave inflamação, claro, mas sua hipótese foi levada em conta. Em 2005, ela lhe rendeu o Nobel de Medicina e Fisiologia.

Lesou a família e foi à câmara hiperbárica
O professor de fisiologia John Scott Haldane já tinha dado grande contribuição à ciência quando criou, no começo dos anos 1900, a câmara hiperbárica – equipamento para simular a vida embaixo d’água e entender problemas de descompressão em mergulhadores. Mas seu filho Jack achou que tinha que ir além. Entrou inúmeras vezes na câmara e jogou até sua esposa lá dentro. Em consequência das mudanças bruscas de pressão, a mulher teve uma convulsão de 13 minutos. Jack também estourou os tímpanos. Mas ele não se importava. Via nas sequelas uma vantagem social – divertia os amigos expelindo fumaça de cigarros pelos ouvidos.

BUFÊ DE MOSQUITO

Mistérios cercavam a prevalência de febre amarela entre os soldados na Guerra Hispano-Americana (1899). Duas teorias tentavam explicar o rápido contágio: a doença podia ser provocada por um bacilo transmitido de pessoa para pessoa, ou havia um mosquito atuando como vetor do organismo que a provocava. Uma comissão coordenada pelo médico do Exército norte-americano Walter Reed foi testar as duas possibilidades in loco, na floresta cubana.

Banho de sol kamikaze
Reed e seus assistentes expuseram a pele a um batalhão de mosquitos que, previamente, haviam picado pessoas doentes. Um dos membros da equipe apresentou todos os sintomas da doença, mas o método pouco rigoroso não convenceu a comunidade científica. Afinal, poucos dias antes esses caras haviam entrado em contato direto com pacientes. Meses mais tarde, um dos estudiosos do grupo de novo se expôs aos mosquitos na selva e morreu. Foi o gancho para Reed fazer novos testes e provar que o mosquito era o vetor da febre amarela.

Bisturi, por favor
Era 1921 quando o médico norte-americano Evan O’Neill Kane se viu deitado em uma mesa no centro cirúrgico do hospital em que trabalhava. Aguardava sua equipe se preparar para extirpar-lhe o apêndice. Num rompante, dispensou-os e decidiu fazer ele mesmo a operação – queria testar o real alcance de uma anestesia local. Apoiou-se em travesseiros, injetou cocaína nos tecidos para anestesiá-los e, em meia hora, a sutura final já estava feita. Kane voltou a trabalhar depois de 14 dias de repouso. Aos 70 anos, ele descobriu que tinha uma hérnia abdominal e, de novo, testou as habilidades em si mesmo. Não resistiu e morreu 3 meses depois da auto-operação.

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Cócegas de ácaro no ouvido
O veterinário norte-americano Robert Lopez, no começo dos anos 90, recebeu uma senhora em sua clínica com dois gatos infestados por um ácaro que causa sarna de ouvido em felinos e caninos do lar. Junto estava sua filha de 3 anos, reclamando de coceira no abdôme e no peito. Ele ficou, digamos, de orelha em pé. Consultou a literatura médica e viu que ainda não havia estudos sobre a ação dessa espécie de ácaros no corpo humano.

Tem alguém aí?
Lopez não titubeou: enfiou um chumaço de algodão com uma cultura de artrópodes no ouvido. Em carta ao Journal of the American Veterinary Medical Association em 1993, ele descreveu a ocupação: “Imediatamente ouvi sons de arranhões e de movimentos – senti que exploravam meu canal auditivo. A essa estranha cacofonia se misturou uma coceira.” Lopez repetiu o teste duas vezes: em nenhuma os bichos se reproduziram ou deixaram sequelas, só a coceira de 6 semanas. O altruísmo lhe rendeu o Ig Nobel de 1994.

Dentro do congelador
Conhecido como professor Picolé, Gordon Giesbrecht, da Universidade de Manitoba, Canadá, já se enfiou na água gelada mais de 40 vezes nos últimos anos – uma delas na TV, no programa de entrevistas norte-americano de David Letterman – em prol de suas pesquisas sobre hipotermia. Giesbrecht já descobriu que começamos a sofrer os efeitos do frio quando nossa temperatura interna cai a 33 °C e não a 35 °C, como se pensava anteriormente.

Manual do gelo
O pesquisador investe agora sua energia na elaboração de manuais práticos de sobrevivência em situações de risco, como carros que se acidentam em re- giões muito geladas. Sua dica? Se você cair na água trincando, nunca se esqueça da fórmula 1-10-1: você tem 1 minuto para controlar sua respiração, 10 minutos para fazer apenas os movimentos necessários para escapar e 1 hora até que fique totalmente inconsciente por culpa da baixa temperatura.

SEXOLOGIA

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Orgasmos de laboratório
Estudos comprovam: estes cientistas podem ser malucos, mas de bobos não têm nada.


Êxtase a pilha
O físico alemão Johann Wilhelm Ritter descobriu a luz ultravioleta, mas… Quem se importa? Bacana mesmo é que ele investiu boa parte de seu tempo como acadêmico brincando com a pilha voltaica, inventada em 1800 pelo italiano Alessandro Volta. Primeiro, Ritter aplicou a corrente produzida pela pilha em sua língua e sentiu um gostinho azedo de ácido. Depois, colocou os fios com os polos negativo e positivo em seus olhos e viu luzes coloridas. Finalmente, resolveu conectar a pilha a seus genitais e foi o primeiro cientista a alcançar um orgasmo elétrico. Mas seus testes não foram apenas prazerosos – ele teve um braço paralisado, perdeu o paladar e, com a saúde fragilizada, morreu de tuberculose aos 33 anos.

TERAPIA HOMOFÓBICA
O doutor Robert G. Heath, nos anos 70, tinha uma hipótese: a alteração da química do cérebro por eletrochoque podia mudar a orientação sexual de alguém? Foi quando um homem com sinais de depressão foi procurá-lo. O cara, chamado nos anais da ciência de B-19, tinha sido expulso da escola e do Exército por sua homossexualidade, caiu nas drogas, prostituiu-se, pensou em suicídio. Estava ali a cobaia ideal.

Ponto G
Já se sabia que a região septal do cérebro comanda o prazer sexual. Heath implantou os eletrodos em B-19 e esperou 3 meses.

Botão do amor
Depois de começada a terapia com eletroestimulação, Heath deu o poder à cobaia: B-19 podia apertar um botãozinho que aplicava choques de um segundo. Era tão bom que, numa sessão de 3 horas, apertou 1 500 vezes. B-19 se excitava até com as enfermeiras.

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Primeiro ato
O teste final foi confinar a cobaia com uma prostituta. Depois de atacado pela moça, bastaram 20 minutos para chegar lá com o botãozinho. B-19 teve outras mulheres, mesmo sem o botão, mas não largou os homens. E Heath desistiu dos testes de conversão.

A ciência no buraco da fechadura
A cientista social Martha Stein passou 4 anos investigando os homens que usavam os serviços das garotas de programa em Nova York. Como? Ficava embaixo da cama, dentro de armários ou escondida atrás da porta ou de espelhos falsos. De 1968 a 1972, com a ajuda de 64 prostitutas, assistiu a 1 230 encontros – uma transa ao dia, descontados domingos. Suas conclusões, publicadas nos maiores jornais dos EUA:

• 11% dos homens pediram a inclusão de um 3º elemento na transa.

• 17% adoravam ser amarrados.

• 30% curtiam que seu ânus fosse estimulado.

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• 36% beijaram as meninas na boca.

• Metade preferiu que a mulher ficasse em cima.

• Quase todos queriam sexo oral.

BIOLOGIA

Zoológico freak show
Muito bichinho já comeu o pão que o diabo amassou sendo cobaia em laboratórios malucos.

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BICHO DE DUAS CABEÇAS

Para provar a habilidade dos cirurgiões soviéticos durante a Guerra Fria, o governo de Moscou financiou, na década de 1950, a fabricação de cachorros de duas cabeças – sem manipulação genética.

A cirurgia
O médico Vladimir Demikhov amputava dois terços do corpo de um filhotinho – sobravam a cabeça, as patas dianteiras, o coração e o pulmão. Depois, fazia uma incisão no pescoço de um cão adulto e perfurava uma de suas vértebras duas vezes para que o hóspede fosse costurado. Por último, a parte mais difícil: conectar perfeitamente os principais vasos sanguíneos que alimentavam o cérebro do cachorro-base aos vasos sanguíneos do anexo. Aí estava o segredo: os russos desenvolveram uma máquina cirúrgica que grudava muito bem uma veia na outra. Isso feito, o coração e o pulmão do cão-bebê eram removidos, porque o coração do mais velho era suficiente para bombear sangue oxigenado à cabeça do filhote.

Pós-cirúrgico
Ao acordar, os cachorros mostravam que, apesar de compartilhar o mesmo corpo, tinham personalidades diferentes. O mais bizarro é que, ainda que sem um sistema digestivo próprio, o filhote bebia um pouco de leite. Logo depois, o líquido escapava por seu esôfago sem fundo e escorria pelas costas do cachorrão. Em 15 anos, Vladimir realizou este procedimento 20 vezes. O cão bicéfalo mais longevo morreu aos 29 dias.

Tourada wireless
Nos anos 50 e 60, o neuropsicólogo espanhol José Delgado, da Universidade de Yale, implantava chips no cérebro de cobaias. Quando o chip instalado no córtex motor de um gato era estimulado por ondas de rádio, o bichano se coçava. Em 1963, Delgado voltou à Espanha para testar isso em touros. Em uma mão, segurava o capote vermelho dos toureiros, na outra o aparelho que emitia as ondas. Mandando impulsos para o núcleo caudiano, no cérebro dos animais, Delgado conseguiu frear um touro, evitando por pouco a chifrada.

Tapa na aranha
Um grupo de pesquisadores do Marshall Space Flight Center, no Alabama, testou o efeito de algumas drogas em aranhas, com o objetivo de descobrir se elas eram capazes de substituir outros animais em testes de toxicidade. Sob o efeito de cada droga, os pesquisadores observaram diferentes padrões nas teias que os pequenos aracnídeos teciam.

1. Anfetamina
A bichinha trabalhou mais rápido do que as outras ao tomar benzidina. Mas não soube planejar bem o serviço.

2. Café
A que foi afetada pela cafeína executou uma teia com células completamente irregulares.

3. Maconha
Ao ser intoxicada com o tetraidrocanabinol (THC), a aranha começou bem, mas logo desistiu da empreitada.

4. Sedativo
Com o hidrato de cloral, a coitada mal começou a trabalhar e já caiu num sono profundo.

Paquiderme doidão
O LSD foi uma das drogas em alta nos anos 60. Nos laboratórios e zoológicos, inclusive. Em 1962, dois médicos da Universidade de Oklahoma resolveram perturbar a paz do elefante Tusko, do zoológico da cidade. O planejado era dar-lhe 297 mg da droga – 3 mil vezes mais do que é usado por seres humanos. Mas eles erraram a dose e Tusko recebeu 2 800 mg. Em menos de 10 minutos, o elefante perdeu o controle dos próprios movimentos. Quando os médicos se deram conta, desesperaram-se e tentaram reanimá-lo. Foi tarde. O elefante deu seu último barrido e morreu. Ainda assim, o experimento virou um clássico da literatura sobre ciência maluca.

Querida, nosso filho é um chimpanzé
Já se sabia que os primatas eram os mais inteligentes dos animais. Só faltava provar que eles podiam ser educados como gente.

Tá com a macaca
Ao longo do século 20, estudos quiseram testar os limites da inteligência dos primatas. Seriam eles capazes de comportar-se como humanos? O único jeito de saber era adotar um bebê-macaco. Um dos primeiros testes aconteceu na Flórida, em 1931. O casal de cientistas Winthrop e Luella Kellogg levou para casa Gua, uma chimpanzé de 7 meses, e deu a ela os mesmos cuidados recebidos por seu filho Donald, de 10 meses. Passados 9 meses, foi o garotinho quem começou a se portar como macaco – urrava à espera de comida.

Questão de método
Bill Lemmon, professor de Psicologia da Universidade de Oklahoma, achava que era preciso tirar o bebê-primata do convívio da família biológica imediatamente após o nascimento. Uma dupla de pesquisadores sem filhos, os Temerlin, aceitou participar da empreitada nos anos 60. Capturaram uma chimpanzé recém-nascida – sob os protestos da mãe – e comprometeram-se a tratá-la como uma criança comum. Deram a ela o nome de Lucy.

Boa garota
Lucy usava roupas, brincava com as crianças vizinhas, tomava café da manhã na mesa e tinha aulas de linguagem de sinais com professor particular – macacos não têm aparelho fonador capaz de articular palavras. Mais crescida, Lucy recebia o tutor com um abraço e preparava-lhe uma xícara de chá.

Aprendendo a mentir
A macaca memorizou uma centena de palavras muito rápido e, mais importante, entrou para a história da ciência como o primeiro chimpanzé a mentir. Numa aula, quando perguntada sobre quem tinha feito cocô na sala, Lucy respondeu: “Sue!” – uma das primatologistas de seu convívio. Pressionada pelo tutor, no entanto, admitiu: “Lucy suja!”

Sacanagem explícita
O amadurecimento sexual de Lucy trouxe enroscos maiores. A macaca se insinua- va para qualquer homem da casa. Deram-lhe exemplares de Playgirl, e piorou. Passava horas se masturbando no sofá ou transando com o aspirador de pó. Aos poucos, o casal também não pôde conter os impulsos da “filha” de saltar de móvel em móvel. O caos era tamanho, que os pais construíram um quartinho de onde ela só saía quando eles estivessem em casa.

Ao planeta dos macacos
Depois de 10 anos, o casamento dos Temerlin definhava e Lucy, mais forte, só causava estragos. O casal desistiu dela. Mandou-a a um centro de reabilitação de chimpanzés na África. Na selva, Lucy era uma lady – não tinha a menor ideia de como obter comida ou relacionar-se com macacos. Teve crises de depressão e estresse. Com os gestos, dizia à tratadora: “sofrendo”. Aos poucos se adaptou, mas nunca teve filhotes. Morreu em 1987.

PSICOLOGIA

Mentes perigosas
De perto, ninguém é normal. Nem os autores dos experimentos a seguir.

Sim, senhor
Você seria capaz de torturar alguém? Jamais? Um dos experimentos mais importantes da psicologia social provou que podemos ser bem mais cruéis do que nos atrevemos a supor. Basta receber ordens.

A educação pelo choque
Em 1963, o psicólogo Stanley Milgram, da Universidade de Yale, recrutou 40 pessoas de 20 a 50 anos. Disse a eles que deveriam aplicar um jogo da memória a um parceiro – para um estudo sobre memória e aprendizado. Diante de uma resposta errada, ele deveria punir o parceiro com choque. A cada erro, a descarga elétrica aumentava, até chegar a 450 volts.

“O experimento precisa que você continue”
Os cobaias não sabiam que o choque era falso – o parceiro era um ator. Em algum momento, a maioria dos participantes pediam para sair, mas o cientista respondia: “O experimento precisa que você continue”. Com a ordem, 26 dos 40 foram até o fim. Em nome da ciência, tudo bem.

A traição do bom selvagem
O estudo causou desconfiança em uma dupla de cientistas, Charles Sheridan e Richard King. Eles suspeitavam que os voluntários perceberam que o ator estava fingindo. Dez anos depois, resolveram tirar a prova, mas dando choques de verdade em um cãozinho que deveria obedecer a comandos de luz. Se falhasse, tomava choque. Os voluntários viram o bicho latir, saltar e gemer de dor. Mesmo assim, dos 30 participantes, apenas 6 se levantaram contra o experimento – todos eles do sexo masculino.

CIENTISTAS NA CAMISA DE FORÇA

“Vamos nos fingir de loucos para entrar num manicômio. Quero ver se os médicos percebem a diferença entre nós e os pacientes reais”, propôs o professor David Rosenhan, da Universidade de Stanford, a seus amigos. Por pouco, acharam que ele estava mesmo maluco. O ano era 1969 e o movimento que questionava as internações psiquiátricas crescia nas universidades. Em tempos de contracultura, classificar as pessoas em “normais” e “anormais” de acordo com regras subjetivas estava pegando mal.

Eu não sou maluco Depois de convencer os colegas da lucidez de seus propósitos, Rosenhan pôs o plano em prática: passou alguns dias sem tomar banho, parou de escovar os dentes e vestiu umas roupas largadas. Então, em fevereiro de 1969 caminhou até a porta de um hospital e disse à equipe de plantão que estava ouvindo vozes. Foi admitido e recebeu um diagnóstico: esquizofrenia. A partir daí, tornou-se um exemplo de normalidade. Não tinha surtos, tomava banho, era cooperativo. Quando os médicos o examinavam, dizia que nunca mais tivera alucinações. Mas nem por isso foi imediatamente liberado.

Um por todos, todos por um
De 1969 a 1972, 8 voluntários visitaram 12 manicômio do Leste ao Oeste dos EUA. Criaram pseudônimos, forjaram sintomas variados e jamais engoliram nenhum comprimido. Todos, a não ser um, receberam o mesmo diagnóstico: esquizofrenia. A rotina durante a internação era mais ou menos a mesma. Ficavam sem fazer nada, recebiam remédios e passavam por exames. Os únicos a desconfiar dos pseudomalucos foram os próprios pacientes. O relato foi o estopim para que nos anos 80 o manual de diagnósticos de transtornos mentais fosse reformulado a partir de sintomas mais objetivos.

Internações em números
• 8 voluntários normais se passando por doidos.

• 12 hospitais psiquiátricos “enganados”.

• A internação mais longa durou 52 dias e a mais curta, 7, com uma média de 19 dias de “tratamento”.

• Durante todo o processo, receberam mais de 2 100 pílulas (sem tomar nenhuma).

Sou feminino e masculino
A canadense Janet Reimer não poderia imaginar que a circuncisão de seus bebês gêmeos aos 6 meses pudesse ter consequências tão trágicas. O cirurgião cometeu um erro e o pênis de um dos meninos, Bruce, foi ferido de maneira irrecuperável. O outro bebê nem chegou a ser operado.

Prazer, meu nome é Brenda
Em 1967, os pais do garoto assistiram na TV a um médico norte-americano de Berkeley, John Money, defendendo uma teoria em que a criação e não a natureza determinava o gênero de uma pessoa. Desde que a opção fosse feita até os dois anos de idade. Os Reimer acharam que ali estava a solução para seus problemas: transformar Bruce em Brenda. Aos 18 meses, Bruce passou por uma cirurgia preliminar de mudança de sexo. Já em casa, todos passaram a vesti-lo e tratá-lo como menina.

Prefiro brincar de lutinha
Apesar dos vestidos e dos cabelos compridos, Brenda se portava como menino. Na escola começou a ser agredida pelos colegas. Enquanto isso, o doutor Money tentava consertar o fiasco de seu experimento explicando a Brenda que, depois da puberdade, ela poderia finalmente ter a vagina completamente construída e tomar doses de hormônio feminino. Brenda resistiu. Quando a puberdade chegou e os pais resolveram contar toda a história, ameaçou suicídio.

Final quase feliz
Na adolescência, Brenda abandonou a identidade feminina e adotou o nome David. Conseguiu receber uma indenização do hospital em que fez a circuncisão e realizou cirurgias plásticas para reconstruir os genitais. Apesar de infértil, pôde ter uma vida sexual ativa e se casou com uma mulher com 3 filhos. Mas a roda do destino foi implacável. Seu irmão gêmeo, que era esquizofrênico, morreu em 2002. David perdeu o emprego, separou-se da mulher e suicidou-se em 2004.

4 argumentos em defesa dos cientistas “loucos”

1. Eles prezam a liberdade de pensamento
Estudar o processo de produção do pum do canguru soa estúpido? Pois foi assim que pesquisadores australianos conseguiram isolar a bactéria que vive no estômago desses animais e entender por que eles não produzem gás metano – um dos vilões do aquecimento global. Associações tresloucadas de ideias ocorrem o tempo todo na cabeça de todo mundo, mas boicotamos várias para parecermos normais. Cientistas “malucos” têm esse mérito: são capazes de levar a sério hipóteses pouco ortodoxas – e, quem sabe, descobrir algo genial.

2. Eles são rebeldes
Cientistas vivem de mostrar resultados e são pressionados a zelar pela tradição das instituições às quais pertencem. É difícil bater de frente com gente como sir Robert May, conselheiro científico do governo do Reino Unido. Em 1996, ele pediu aos organizadores do Ig Nobel que excluíssem seus compatriotas do prêmio (o que não rolou). Ainda bem que nem todos são tradicionalistas assim. Responsabilidade e ética são prioridade, mas certa rebeldia também faz bem. O cara da URSS que grudou um cachorro no outro (veja na pág. 8), por exemplo, foi pioneiro na pesquisa de transplante de coração.

3. Eles têm coragem – e obstinação
Levar picadas de mosquitos vetores da febre amarela exige uma dose a mais de paixão pelo conhecimento – e a menos de autopreservação. Como o médico italiano Santorio Santorii, o primeiro a investir na experimentação em si mesmo. Inventou uma balança rudimentar e se pesava sistematicamente: antes e depois das refeições, antes e depois de fazer exercícios e à noite, enquanto dormia. Isso por 30 anos! Analisou como sua massa variava com a ingestão de líquidos e alimentos e, ainda no século 16, deu o pontapé inicial aos estudos sobre metabolismo.

4. Eles são engraçados
Mas, nem por isso, menos sérios. A cerimônia do Ig Nobel, por exemplo, rola todo ano no tradicional auditório Sanders da Universidade Harvard, EUA, com a presença de cientistas de peso. Muitos já foram laureados com o Nobel e, nem por isso, deixam de ir lá e cantar, protagonizar esquetes de comédia, jogar aviõezinhos de papel, fazer piadas sujas e cumprimentar desvairadamente os vencedores. Você desconfiaria da competência de um Nobel se soubesse de tudo isso?

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