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Fungo transforma besouro fêmea em zumbi para depois infectar macho

E, sem peso algum na consciência, parasitar ambos depois

Por Guilherme Eler
Atualizado em 12 jun 2017, 18h19 - Publicado em 12 jun 2017, 18h16

Como todo bom parasita, o objetivo de vida do Eryniopsis lampyridarum consiste em arranjar um inseto hospedeiro e se instalar por lá. A forma como o fungo faz isso, porém, é um tanto macabra: transformando as fêmeas de uma espécie de besouro em zumbis capazes de enfeitiçar e matar os machos – que também se transformam em casa depois. A estratégia, inédita até então, foi descrita por pesquisadores no periódico Journal of Invertebrate Pathology.

Chauliognathus pensylvanicus é o nome do besouro, que se alimenta de néctar de flores e pode ser facilmente achado em florestas na América do Norte. Mas, como a vida animal não costuma ser lá muito justa, a espécie teve o azar de que seus inimigos mais mortais resolvessem viver nas mesmas plantas em que sugam seu alimento.

De tanto observar os vizinhos, o parasita Eryniopsis lampyridarum aprendeu a caçar da forma mais eficiente possível. Tanto que, dos 446 besouros coletados pelos pesquisadores, 90 deles estavam infectados pelo fungo. Para terem esse bom aproveitamento, a estratégia é focar nas fêmeas. Elas são as escolhidas para morrer primeiro – e servem como armadilha para atrair os machos depois.

Infectada pelos fungos, a fêmea de besouro morre paralisada no topo das flores, onde normalmente se dá a cópula desses insetos. Entre 15 e 22 horas depois do óbito, a bruxaria acontece: o abdome da falecida incha e suas asas se abrem, fazendo com que ela fique em posição de preparação para levantar voo.

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Seria apenas performático se não fosse trágico. Isso porque, para os machos que passam desavisados pelo local, a postura é interpretada como um baita convite para a reprodução. Com as asas abertas e o abdome expandido, as fêmeas parecem maiores – e também mais atraentes, segundo o gosto do garanhões.

Atraídos por esse canto da sereia, eles voam até a fêmea. Mas até que caia a ficha de que a história não tem nada disso, e que a potencial parceira não é nada além de uma estátua, já é tarde demais. Enquanto tentam procriar em vão com a fêmea zumbi, os machos são infectados pelos esporos do fungo – e morrem logo em seguida.

O resto da história você já pode imaginar. Mais uma família feliz de fungos, com um inseto próprio para chamar de seu.

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