Luiz Dal Monte Neto
Prepare os tacos e as bolas, digo, o baralho e a mesa porque vamos de golfe com cartas. Também conhecidas com fan tan ou one foundation, está é uma das paciências mais populares, apesar de oferecer relativamente pouca chance de vitória ao jogador – segundo estimativa, é necessário amargar vinte derrotas para obter uma misera vitória. Isso na média, claro. Portanto, é preciso ser tolerante com a estatística e manter a calma, caso as horas passem e a sorte pareça ao estar disposta a lhe fazer concessões.
Mary Whitmore Jones, que escreveu alguns livros pioneiros sobre o assunto entre 1890 e 1910, relatava que esse jogo teria origem chinesa e, em sua época, era tido como a mais antiga paciência conhecida. Dizia, ainda, ser muito praticada na Califórnia, onde se convertera num jogo de azar, em que cada carta travada valia 1 dólar. Todavia, Mary chamava esse jogo de fan tan e pode ser que estivesse fazendo alguma confusão com outro nome de igual nome. O atual foi dado posteriormente, estabelecendo uma analogia entre o esquema que se compõe sobre a mesa e o golfe. É inquestionável que matem sua popularidade inatacada, como comprova a versão criada para computadores pessoais, largamente disseminadas nos últimos meses.
Usa-se um baralho comum de 52 cartas, sem curingas. Após embaralhá-lo bem, o jogador deve pôr sete cartas sobre a mesa, com as faces para cima, nema fila horizontal, chamada link. Depois, mais sete sobre as primeiras, formando uma segunda fila. Elas devem ficar semi-sobrepostas, permitindo visualizar as que estão em baixo. Em seguida, mais três filas do mesmo modo. O resultado é o que se vê na figura 1. As dezessetes cartas restantes permanecem na mão do jogador, num maço, com as faces viradas para baixo; Elas representam os tacos.
Tudo pronto para começar a primeira tacada consiste em pegar a carta superior do maço e pôr sobre a mesa. Ela dará origem a uma pilha que representará o hole (buraco). Então, seguindo certas regras, o jogador tentará mandar a maior numero de cartas descobertas (as que estão por baixo têm de aguardar a saída das que estão por cima, para se tornarem disponíveis). Uma carta disponível pode ser posta no hole que seja a próxima em seqüência numérica. Tanto faz se for na ordem crescente. Exemplificando: se a carta do hole for um 7, pode ser pegar um 8 ou um 6 da mesa colocar sobre ele. Sobre um 8, um 9 ou um7 e assim por diante. Não importa os naipes. O ás valor 1, o valete,11, a dama,12 e o rei, 13. Abaixo do ás e acima do rei não entra na. Há quem jogue assumindo que sobre o rei não se pode colocar nem mesmo a dama, mas isso torna o jogo ainda mais difícil.
Enquanto puder, o jogador vai transferindo as cartas. Sempre que houver alternativas, deve avaliá-las cuidadosamente, tendo em conta as cartas que continuam presas e aquelas que já estão no hole, o que requer um boa memória (não vale dar uma espiadinha, o que seria considerado de mau gosto diante de um esporte elegante como o golfe). Muito breve, porém, a alegria acaba, pois nenhuma carta disponível servirá para prosseguir a seqüência. Toda vez que o jogo travar, será hora de dar outra tacada, ou seja, pegar a próxima carta de mão pôr sobre a pilha do hole. Esta é única situação em que não é preciso haver seqüência numérica. O jogo prosegue desse modo até que o jogador limpe todos os links, isto é, mande todas as cartas da mesa para a pilha – caso em que sai a vitorioso. Ou até que se esgotem as cartas da mão e a partida trave definitivamente – derrota consumida.
Para aumentar a semelhança como o golfe costuma-se atribuir em escore ao jogador: cada carta deixada nos links conta um ponto. Assim, quanto maior o escore, pior a performance. Se você limpar a mesa com seu último “taco”, seu escore será zero. Se, além disso, sobrarem cartas na mão, cada uma delas valerá menos um ponto. Costuma-se jogar nove ou dezoito holes ou partidas totalizando-se os pontos para avaliar o desempenho do jogador. Golfe também pode ser jogado a dois, cada qual com um baralho, de modo independente.
No final, os escores são comparados e o menor total define o vencedor.