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Monstro do Lago Ness surgiu de delírio coletivo com a descoberta dos dinossauros, diz estudo

Estudo analisou aparições de monstros marinhos nos últimos dois séculos — e criaturas pescoçudas só começaram a "aparecer" após conhecimento sobre os répteis do passado.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 29 abr 2019, 11h39 - Publicado em 29 abr 2019, 11h37

Para a decepção de muitos entusiastas de aparições misteriosas, a ciência decidiu se debruçar sobre o lendário Monstro do Lago Ness – e concluiu que ele, muito provavelmente, não passa de uma ilusão em massa, engatilhada por um momento muito específico na história.

Pesquisadores britânicos chegaram a essa conclusão depois de conduzir um exaustivo estudo sobre o teor dos relatos de monstros marinhos entre 1801 e 2016. Mais de 1,5 mil causos dessas aparições foram investigados. Os cientistas perceberam que a opinião pública a respeito do assunto é bastante enviesada e distorcida. E mais: que ela foi profundamente afetada pelos desenvolvimentos científicos da época.

A pesquisa revelou que, após a descoberta dos primeiros fósseis de dinossauros e répteis marinhos da era Mesozoica (252 a 66 milhões de anos atrás), no início do século 19, os avistamentos de criaturas com pescoço espichado dispararam. Conforme os esqueletos desses antigos animais eram desenterrados pelos paleontólogos e ganhavam visibilidade nas exposições de museus, o impacto na cabeça das pessoas aumentava – e era refletido em mais e mais aparições sobrenaturais.

Um exemplo bastante simples: antes de 1800, apenas 10% das histórias sobre monstros marinhos os descreviam como sendo pescoçudos. Até então, a aparência que mais capturava a imaginação do povo e, portanto, a mais comum, era a de serpentes marítimas gigantes.

Já no início dos anos 1930, quando surgiu o mito e até supostas imagens do Monstro do Lago Ness, a descrição específica do pescoço se tornou protagonista nas narrativas. Os dinossauros começavam a popular o imaginário das pessoas – e os monstros pescoçudos passaram a ser 50% de todas as “aparições” de figuras míticas marítimas que as pessoas juram que viram.

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Pela primeira vez, pesquisadores usaram análises estatísticas para identificar as principais tendências nesses relatos. Mas foi um autor de ficção científica, L. Sprague De Camp, quem sugeriu pela primeira vez, em 1968, que a descoberta de répteis marinhos dos períodos Jurássico e Cretáceo teria influenciado as descrições. 

“O problema é uma interessante fusão de história e paleontologia que mostra como a estatística pode ser usada para testar rigorosamente as mais variadas hipóteses estranhas, se os dados forem usados da maneira correta”, disse ao jornal britânico The Telegraph o estatístico Charles Paxton, da Universidade de St Andrews, um dos autores do estudo.

Para encontrar os relatos históricos, Paxton e o colega Darren Naish, paleontólogo da Universidade de Southampton, reviraram livros, notícias de jornal e testemunhos de época. Os resultados foram publicados em um artigo no periódico Earth Sciences History.

Mesmo que o Monstro do Lago Ness não exista de verdade, o fato de as pessoas acreditarem que ele existe já produz, por si só, materiais interessantes para as pesquisas científicas. Mas o mais importante, aqui, é a comprovação de que descobertas científicas importantes e que atingem diretamente o público têm influências profundas até mesmo no subconsciente das pessoas – e pode acabar influenciando fantasias, visões e até medos profundos.

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