O ano em que todos fervemos

Maurício Lara

O planeta nunca sentiu tanto calor quanto em 1997. Foi o ano mais quente desde que se começou a estudar o clima, no final do século passado. A temperatura média da Terra atingiu a marca dos 15 graus Celsius, batendo os recordes anteriores, de 1990 e 1995. A informação vem do Centro Nacional de Dados Climáticos (NCDC), em Asheville, Carolina do Norte. Com três picos de calor concentrados só nesta última década, fica mais forte a desconfiança de que alguma coisa está tirando o planeta do equilíbrio – e o responsável pode muito bem ser o velho e bem conhecido efeito estufa, criado pelo acúmulo de gás carbônico na atmosfera. Certo que em 1997, El Niño veio dar uma ajudinha. Mas olha que poderia até ser pior: as previsões feitas em computador indicavam que o calor deveria estar subindo duas vezes mais rápido. Os especialistas acham que isso só não aconteceu porque a poeira lançada nas grandes erupções dos vulcões El Chichón, em 1982, e Pinatubo, em 1991, formou uma espécie de cortina atmosférica que bloqueia parcialmente a passagem dos raios solares. Só que a vulcânica praticamente já baixou. Quanto aos termômetros, continuam subindo.

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