O Nobel que não é Nobel
O Nobel de Economia é concedido desde 1969, e já contemplou muita gente importante. Mas é diferente dos demais prêmios - e está no centro de uma polêmica envolvendo a família de Alfred Nobel
Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig ganharam o Prêmio Nobel de Economia de 2022 por seus estudos sobre bancos e crises financeiras. Talvez você tenha visto essa notícia, fartamente divulgada pela imprensa.
O que você talvez não saiba é que eles não ganharam o Nobel – o prêmio mais tradicional e importante do mundo, criado em 1901 pela família do empresário sueco Alfred Nobel. Não. Porque, na verdade, não existe um Prêmio Nobel de Economia.
Trata-se de outra coisa: o “Prêmio do Sveriges Riksbank (Banco Central da Suécia) em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel”. Em 1994, ele foi concedido ao economista John Nash (interpretado pelo ator Russell Crowe no filme “Uma Mente Brilhante”, da foto acima, em 2001).
O prêmio foi criado em 1969 numa iniciativa do banco, que estava completando 300 anos, e não consta do testamento de Alfred Nobel, que ordena a criação de cinco prêmios: Física, Química, Medicina, Literatura e Paz. Por isso, a família Nobel não reconhece o prêmio de Economia, e já fez várias críticas a ele.
O advogado de direitos humanos Peter Nobel, bisneto de Alfred, é o crítico mais duro. Ao longo dos últimos anos, ele deu várias declarações e até escreveu um artigo na imprensa da Suécia atacando o prêmio, que considera “uma jogada de marketing”.
Peter diz que seu bisavô “não gostava de economistas”, e o Nobel de Economia “geralmente é concedido a especuladores”. Procurado pela SUPER, ele não quis comentar o assunto.
“O prêmio de Economia realmente não foi mencionado no testamento de Alfred”, admite a Fundação Nobel, que concede os prêmios. Mas a organização parece não se importar nem um pouco com as opiniões da família Nobel. “Ela não participa da seleção dos ganhadores”, afirma.