Palavras cruzadas embaralhadas
Mais um divertimento que exige apenas lápis e papel
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Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 27 jul 2009, 22h00
Luiz Dal Monte Meto
As palavras cruzadas têm vencido com bravura o teste do tempo, mantendo seu prestígio. Prova disso é sua inclusão em praticamente todas as seções de passatempo das mais diversas publicações. Por isso mesmo, um divertimento assim tão popular acabou inspirando os inventores de jogos. É o caso, por exemplo, do famoso Scrabble. o clássico jogo sobre tabuleiro, produzido no Brasil pela Manufatura de Brinquedos Estrela S. A. com o nome de palavras cruzadas. Também no mundo dos jogos para papel e lápis não faltou criatividade – vários autores dedicaram-se ao tema, com maior ou menor grau de sucesso. O inglês Richard Sharp foi um deles. Nome familiar na literatura lúdica, ele era um dos consultores da legendária revista Games & Puzzles, que na década de 70 fez as delícias dos aficionados de jogos e quebra-cabeças de todo o mundo.
Em seu livro The Best Games People Play (Ward Lock. Londres. 1976), Sharp divulgou pela primeira vez as regras do ragaman, cujo título nada mais é que um anagrama da própria palavra anagrama (ana-gram, em inglês). A razão disso ficará óbvia depois que o leitor aprender a jogá-lo. Ragaman foi concebido para dois a seis participantes, mas fica tanto melhor quanto menor for o número de pessoas. O motivo é que as jogadas exigem razoável reflexão e a espera pela vez de jogar pode tornar-se muito longa. A partida desenvolve-se num único diagrama previamente traçado numa folha de papel comum. Ele consiste num quadrado subdividido num número ímpar de quadrículas, e quanto maior o quadrado, mais longa a partida. Para dois jogadores empenhados numa partidinha rápida na hora do café ou num intervalo entre as aulas, é conveniente um diagrama de cinco por cinco quadrículas. Para seis jogadores empenhados num conflito mais demorado, serão suficientes nove por nove.
Após sorteado o primeiro a jogar, este deverá pôr uma vogal na quadrícula central, à sua escolha. Depois os jogadores se sucedem, cada um colocando uma letra por vez – qualquer uma, vogal ou consoante – em qualquer quadrícula livre do diagrama, desde que ela fique adjacente a pelo menos uma letra já colocada anteriormente, mesmo que seja na diagonal. O objetivo é instalar a letra de modo a formar o maior número possível de palavras na horizontal, vertical e diagonal, usando a letra recém-instalada e outras que estejam com ela alinhadas sem interrupção, isto é, sem quadrículas vazias ou letras inconvenientes entre elas.
Mas – e aí reside a dificuldade do jogo e a razão de seu nome – não é necessário que as letras estejam na ordem certa para formar as palavras. Na prática, isso não acontece com freqüência. Geralmente, elas formarão anagramas. O jogador fará tantos pontos quantas forem as letras de todos os anagramas formados com sua jogada. Cabe observar que só vale uma palavra em cada direção, portanto quatro no total. Assim, se houver escolhas, o jogador deverá optar pelas mais longas. A partida prossegue desse modo, até que todas as quadrículas tenham sido preenchidas. Então, quem tiver o maior total vencerá.
O diagrama reproduzido na figura mostra uma partida na altura da décima jogada. Os números indicam a ordem em que as letras foram jogadas. Inês fez os lances ímpares; Miguel, os pares. Na primeira jogada, Inês evidentemente não fez pontos. Na segunda, Miguel fez 2 pontos com a palavra LA. Na terceira, Inês fez LAR e marcou 3. Na quarta, Miguel fez LUAR, ganhando 4 pontos. O leitor pode facilmente seguir o exemplo até o fim, acompanhando nas tabelas as palavras formadas e os pontos ganhos.
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