Pirâmides em tempos de Primavera Árabe
Cairo, Egito: as revistas armadas, o toque de recolher e os perigos de visitar o país em tempos tão conturbados
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Daniella De Caprio
30°02’N 31°14’L
Tanques e militares armados em frente aos hotéis revistam todos que chegam, conferem passaportes e colocam as malas no raio-X. Nas esquinas de museus e monumentos famosos, guardas armados fazem parte da paisagem. Nos arredores do Museu do Cairo, por exemplo, me perdi em meio a tantos fuzis. Tive espasmos de medo.
Mas, fora esses riscos, há vantagens em visitar o Egito. O país passa por maus bocados desde 2011, com a eclosão da Primavera Árabe. O presidente Hosni Mubarak caiu após uma ditadura de 30 anos, e a situação continua instável. Por conta disso, visitá-lo é uma experiência diferente do que em tempos de paz. Com as manifestações, os turistas debandaram. Sem filas e sem multidões de pessoas ocupando o enquadramento da sua foto, a viagem pode ficar mais agradável. Fora os preços melhores nos vendedores ambulantes (incluindo os famosos lenços e echarpes de algodão egípcio).
Andar em grupo e com um guia local por perto aumenta a sensação de segurança, embora, se uma manifestação pipocar, possivelmente ela será longe, já que os principais pontos turísticos do Cairo ficam afastados dos locais mais tensos. As pirâmides de Gizé, por exemplo, estão a meia hora do centro. Então dá para curtir a viagem sem maiores contratempos. A não ser que você precise estar no aeroporto de madrugada e um toque de recolher estiver em vigor. Aconteceu comigo. No caminho para pegar o avião, não havia uma alma na rua. Fui parada cinco vezes por policiais, que reviraram toda a mala. Achei que não voltaria para o Brasil. Mas cheguei a salvo, e com uma certeza: é perigoso, mas dá para ir ao Egito hoje, mesmo sendo mulher, mesmo sozinha.
QUANDO – Julho e agosto para sentir o calor de 40 ºC no Cairo ou maio e outubro para temperaturas mais amenas.
Imagem: gettyimages.com