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Políticos usam linguagem mais simples em dias mais quentes, diz estudo

Cientistas analisaram mais de 7 milhões de discursos feitos nos últimos 70 anos em 8 países

Por Isabela Lobato
16 jun 2024, 19h00

Um estudo publicado na revista iSciente nesta quinta aponta uma correlação entre a temperatura e a complexidade dos discursos públicos de políticos. Quanto mais quente, menor é a sofisticação das suas falas – ou seja, preferem palavras menores e frases mais curtas.

A pesquisa usou uma base de dados de 7,4 milhões de discursos parlamentares feitos entre 1950 e 2019 nos Estados Unidos, na Nova Zelândia, na Inglaterra, Dinamarca, Holanda, Alemanha, Espanha e Áustria. Os pesquisadores estabeleceram a média de conforto térmico como entre 12ºC e 18ºC, de forma que dias com temperaturas mais altas do que essas foram considerados quentes – ou seja, padrões irreais para o Brasil.

Os cientistas desenvolveram um sistema de modelagem computacional que permitiu analisar as flutuações aparentemente aleatórias das temperaturas diárias, assim como as variações nos próprios padrões de fala de cada indivíduo. Eles explicam que a abordagem lhes “permitiu isolar o efeito da temperatura sobre a linguagem dos políticos”, excluindo da conta outros fatores que podem alterar esses resultados, como influências próprias de cada país e cultura, o dia da semana em que o discurso foi proferido e os próprios maneirismos de cada indivíduo, o que gerou “resultados surpreendentemente claros”.

A base de dados alemã era a única que continha dados de gênero e idade dos políticos, o que permitiu uma análise dos impactos do calor mais segmentada por público. 

“Uma descoberta surpreendente é que o efeito é muito maior em políticos mais velhos em comparação com seus colegas mais jovens na Alemanha”, diz Conte Keivabu. “Esse resultado não apenas se destaca como interessante por si só, mas também aumenta nossa confiança nas conclusões do estudo. É lógico que indivíduos mais velhos podem ser mais suscetíveis a temperaturas extremas, o que se alinha com nossa observação e ressalta a robustez de nossas conclusões.”

A hipótese dos cientistas é que a causa pode estar relacionada à uma redução da capacidade cognitiva causada pelo calor. 

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“Há muito tempo o calor tem sido associado a uma série de impactos negativos na saúde, incluindo o aumento do risco de queda na produtividade e no desempenho cognitivo”, diz Risto Conte Keivabu, um dos responsáveis pela pesquisa, do Max Planck Institute for Demographic Research, na Alemanha. “Nosso estudo destaca que esse fenômeno se estende aos políticos, que são encarregados de responsabilidades críticas.”

Mas eles destacam que mais estudos são necessários na área: “Reconhecemos que a [complexidade da fala] é apenas um indicador do desempenho cognitivo, e não uma medida perfeita dele”. Ou seja, ainda não dá para dizer que calor causa burrice. 

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