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Há 30 anos, o Brasil tinha 7 dias com ondas de calor por ano. Hoje, são 52

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) analisou a incidência de dias secos, precipitações e ondas de calor nos últimos 30 anos.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 14 nov 2023, 19h17 - Publicado em 14 nov 2023, 19h15

O ano nem acabou ainda, mas algumas pesquisas já apontam algo bastante alarmante. 2023 é o ano mais quente em 125 mil anos, e pode ser o ano mais quente da nossa história. E, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), só aqui no Brasil, o número de dias com ondas de calor extremo subiu de 7 para 52 dias por ano durante as últimas três décadas.

O estudo, solicitado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), e liderada pelo pesquisador do Inpe Lincoln Alves, buscou analisar a ocorrência de três fenômenos climáticos extremos no Brasil: dias consecutivos secos, precipitação máxima de 5 dias e as ondas de calor.

Durante a semana do dia 12 de novembro, o país vem enfrentando uma forte onda de calor. Os termômetros em São Paulo marcaram uma máxima de 37,7º, a maior temperatura desde 1943. Já a sensação térmica em lugares como o Rio de Janeiro chegou a bater 58,5º durante a manhã desta terça-feira.

A pesquisa mostrou que esses não são casos isolados. Na verdade, fenômenos assim estão se tornando corriqueiros. Analisando o período histórico de 1991 até o ano de 2020, os pesquisadores observaram um crescimento na ocorrência dessas anomalias, principalmente das ondas de calor.

Se define uma onda de calor quando a temperatura máxima fica pelo menos 10% acima do limiar do que é considerado extremo por um período de pelo menos seis dias seguidos.

Eles dividiram essas análises em intervalos de 10 anos. Nos casos das ondas de calor, foi registrado um aumento nas incidências dessas anomalias durante os últimos 30 anos por todo o território nacional, com exceção da região Sul do país, além da porção sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso. 

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O aumento do número de dias de calorão foram sucessivos ao longo dos anos. Durante o período de referência utilizado para análise, entre os anos de 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor ficava em torno de sete. Mas esse número foi subindo. Entre 1991 e  2000, chegamos a ter 20 dias com ondas de calor por ano. 

 

Gráfico mostrando aumento em ondas de calor.
Gráfico mostrando aumento em ondas de calor. Entre 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor era de sete e ampliou para 52 dias no período entre 2011 e 2020 (Inpe Anomalia WSDI/Reprodução)

 

No intervalo de 2001 até 2010 chegou à casa dos 40, e de 2011 para 2020 atingiu a marca de 52 dias no ano com ondas de calor. Já o número de dias secos consecutivos subiu de 80 para 100 em média, na área central e no Nordeste do país. Já no que diz respeito ao aumento de chuvas, a mais afetada foi a região Sul. A precipitação máxima de 5 dias passou de 140mm para 160mm.

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Para o pesquisador e coordenador do estudo Lincoln Alves, o mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já alertou que as mudanças climáticas estão impactando diversas partes do mundo de formas diferentes, inclusive o Brasil. “Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961 e que irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, disse ele em nota à imprensa.

Além disso, parte dessas ondas de calor extremas no país são uma combinação da crise climática junto com o fenômeno do El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. 

As análises foram feitas usando dados de 1.252 estações meteorológicas. Dessas, pelo menos 642 são estações manuais e 610 automáticas. Já para as análises de precipitação, foram utilizados cerca de 11.473 pluviômetros. Depois, esses dados foram comparados com os dados obtidos durante o período de referência.

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