Maíra Termero
Hoje, celular faz tudo. Mas por que faz tão mal o que deveria fazer melhor: telefonemas? Essa impressão foi comprovada em pesquisa: a média mundial é de 40% de ligações abaixo do padrão desejado. Aqui, na América do Sul, são 60%.
Ligações que caem ou não se completam geralmente têm a ver com o velho problema das torres de transmissão, que não dão conta do volume atual de ligações em cada célula. Já ruídos, voz picada, esticada ou muito baixa são culpa de congestionamento de banda, insuficiente pra tanto tráfego (ver quadro abaixo).
Diferentemente das ligações de telefone fixo, que correm por fios, as de celular são transmitidas via frequências de rádio, dentro de faixas predeterminadas – é o governo quem diz quais faixas são para o celular e quais são de rádio AM, FM, TV aberta, polícia, bombeiros. “Um jeito de melhorar as ligações seria dar mais banda para os celulares, ou seja, tirar de outros serviços”, diz Paul Jean Jeszensky, coordenador do Laboratório de Comunicações e Sinais da USP. Mesmo assim, não é qualquer banda que serve: a frequência ideal para celulares não pode ser muito baixa, ou vai transmitir poucos dados, nem muito alta, porque o alcance cai e a interferência aumenta. Com essas limitações, a telefonia celular caminha para transmitir da melhor maneira possível dentro da banda existente. “Não é alta-fidelidade, mas não é menos do que precisamos”, diz Jeszensky.