Maíra Termero
Leitor de esquerda, chegou sua hora: pode botar a culpa na globalização. Sim, se chegamos a 2009 com 15 tipos de tomada pelo mundo, a culpa é de dois movimentos de relações internacionais.
Primeiro, quando os eletrodomésticos surgiram, os poucos países que os produziam tentaram impor cada um o seu padrão, criando mercados e paredes cativos de seus produtos. Depois, algumas nações importadoras reagiram, criando padrões próprios, numa tentativa de favorecer a indústria local. Tentativa: para um alemão usar uma cafeteira italiana, basta que ele compre um adaptador na ferragem da esquina. Universal, só a justificativa para cada novo padrão: segurança do consumidor.
É a do Brasil, aliás, que a partir de 2010 terá sua própria tomada, após décadas de usufruto simultâneo do padrão americano (dois pinos chatos) e do alemão (dois pinos arredondados). Em janeiro de 2010 vence o prazo para que os fabricantes e importadores estejam adaptados, e em julho de 2011 ele será o único nas lojas. Os donos de ferragens agradecem.
Hit parede
Conheça as principais tomadas do mundo – e o novo padrão brasileiro
1. Tipo A
Origem: EUA.
Onde predomina: Américas do Norte e Central e Japão.
HISTÓRIA: Do começo da industrialização. O de 2 pinos finos seria para pequenos eletrodomésticos, e o de 3, para os grandes.
2. Tipo C
Origem: Alemanha.
Onde predomina: Europa, ex-URSS, Oriente Médio, África.
HISTÓRIA: “Imposto” pela indústria alemã, ganhou força a partir da formação da União Europeia.
3. Tipo D
Origem: Índia.
Onde predomina: Subcontinente Indiano, África do Sul e Central.
HISTÓRIA: Reação aos 3 pinos chatos da ex-metrópole britânica, o D tem 3 pinos redondos.
4. Tipo E
Origem: Itália.
Onde predomina: Itália.
HISTÓRIA: Herança da era fascista, os 3 pinos paralelos visavam prejudicar a exportação, forçando empresas a privilegiar o mercado interno.
5. NBR 14136
Origem: Brasil.
Onde predomina: Brasil, a partir de 2010.
HISTÓRIA: Proposto em 1989 e aprovado em 2000, o padrão com encaixe especial na parede será obrigatório em 2011. Seu 3º pino, de aterramento, se liga na tomada antes dos outros – o que deve evitar choques. Se virar padrão na Europa, como previsto, bom para nós. Se não, bem, mais um exotismo.
Fontes Alfredo Lobo, diretor de qualidade do Inmetro, e José Aquiles Grimoni, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.