Por que uma Ferrari é tão cara?
Extravagâncias na produção servem de justificativa para o carro custar R$ 2 milhões
Raphael Soeiro
“O valor de um produto não possui absolutamente nenhuma conexão com suas propriedades físicas”, já ensina Karl Marx no 1º volume de O Capital (1867). O que o sociólogo alemão chamou de fetichismo da mercadoria vale até hoje para vestidos de noiva brancos e carros esportivos vermelhos: seu preço não é o “justo”, mas o maior que alguém topar pagar.
É um valor, antes de tudo, simbólico. Mas que algumas marcas de luxo tentam justificar, adotando processos de produção bem excêntricos. Muitas canetas Montblanc, por exemplo, passam por um teste de som: ouvidos apurados escutam seu deslizar sobre um papel – as que não soam bem são reprovadas. Já os relógios Rolex têm uma espiral central imune à ação de campos magnéticos, que poderiam atrasar ou adiantar o relógio.
Mas a campeã do luxo justificado é a Ferrari. Seus carros não são os mais rápidos do mundo – e dizem, nem os mais confortáveis -, mas sua linha de montagem inclui árvores e exames de raio X. São caprichos que servem de argumento para quem vai desembolsar R$ 1,8 milhão pelo modelo 458 Italia quando ele chegar ao Brasil. É muita paixão. Ou, como diria Marx, fetiche.
É luxo só
Conheça os detalhes mais extravagantes do processo de produção de uma Ferrari
Somos nozes
São cerca de 1 000 árvores plantadas dentro da fábrica. Além de decorar, elas teoricamente criam a umidade do ar ideal para fabricar o motor.
Por dentro
Cada uma das 800 partes do motor é submetida a uma sessão de raios X. Se forem detectadas microrrachaduras e imperfeições, é preciso voltar ao molde para fazer uma nova peça.
Corte e costura
Todo couro (legítimo) presente no carro é costurado à mão. E o dono ainda pode escolher a cor das costuras, formato do banco, tapetes e até os pedais.
Cor sim, cor não
Há controle da pintura: um aparelho emite um raio de luz para medir a densidade da camada de tinta. Se houver diferença, o trabalho é reprovado.
Intransferível
Cada motor nasce de moldes de areia e resina, sempre destruídos depois que o carro fica pronto. Ou seja, nenhum motor Ferrari é idêntico a outro.
Só paga quem quer
Modelos de Ferrari 0km comercializados no Brasil.
1. Ferrari 612 Scaglietti One to One – R$ 2,5 milhões
2. Ferrari 599 GTB Fiorano – R$ 2,5 milhões
3. Ferrari 458 Italia – R$ 1,8 milhão*
4. Ferrari Califórnia 2010 – R$ 1,35 milhão
*Disponível na revendedora oficial a partir do 2º semestre.