Radiação, calor, movimento: como as placas tectônicas provocam terremotos
O que os pesquisadores sabem sobre a origem dos grandes tremores e o que estão fazendo para tentar diminuir os estragos e o número de mortes.
Mais uma vez, a ciência é pega de surpresa. Não previu o abalo que destruiu a cidade de Kobe, no Japão e deixou milhares de mortos. Veja o que os pesquisadores sabem sobre a origem dos grandes tremores e o que eles estão fazendo para tentar diminuir os estragos e o número de mortes.
A Terra é quente por dentro porque, em parte, ainda guarda um pouco do calor criado durante o seu nascimento, há 4,5 bilhões de anos. Mas, principalmente, porque sua massa contém materiais radioativos. A radiação acumula-se no interior do planeta e mantém as rochas derretidas, fazendo balançar a frágil casca rígida sobre a qual erguem-se os continentes e os oceanos. É como nascem os terremotos. A ciência sabe disso, mas não sabe como preveni-los. Um dos motivos é a escala gigantesca desses fenômenos.
O nome dessa casca é litosfera. Ela é fina e está toda rachada: é composta por cerca de 20 pedaços, chamados placas tectônicas. São formidáveis jangadas de pedra, flutuando sobre a massa interna. Quando dois pedaços dessa casca, resvalam um pouco, liberam de forma explosiva uma energia equivalente a milhares de bombas atômicas. As explosões são o motor dos terremotos.
Aqui você vai entender a origem das ondas de choque que destróem prédios, estradas e diques. E matam milhares de pessoas. Exemplos recentes dessa força foram o terremoto que arrasou Kobe no dia 17 de janeiro, matando cerca de 5 000 pessoas, aquele que destruiu Tangshan, na China, em 1976, deixando 240 000 mortes, o da Armênia em 1988, e também os terremotos violentíssimos do Japão, em 1992, e o da Bolívia em 1994, que não mataram porque atingiram regiões pouco habitadas .
Um dos passos importantes da ciência para conhecer os terremotos foi a construção da primeira “régua” para compará-los. Ela foi criada por Charles Richter (1900-1985), em 1935, e indica a quantidade de energia liberada em um terremoto. A escala começa pelos mais fracos já registrados. Por convenção, a eles foi atribuído o grau zero na força dos tremores. Depois, cada ponto indica um aumento de 30 vezes na liberação de energia. Indica também um aumento de dez vezes na magnitude do tremor.
A escala Richter não tem um limite superior, mas o mais violento terremoto já registrado mediu 9,2 graus e aconteceu no Japão, em 1992. A energia liberada em um terremoto desses equivaleria a uma bomba de hidrogênio de 20 000 megatons, um milhão de vezes mais poderosa da bomba de Nagasaki. O abalo de Kobe, no dia 17 de janeiro último, liberou 25 megatons. Tremores de 5 graus são considerados de leves a moderados, os de 6 graus, fortes, e os de mais de 7 graus, muito fortes.
Para saber mais:
1 000 léguas subterrâneas
(SUPER número 8, ano 10)
A Terra treme…
Abalos que mataram muitos e destruíram cidades inteiras:
São Francisco, EUA
19 de abril de 1906
8,3 graus, 503 mortos
Loma Prieta, São Francisco, EUA
17 de outubro de 1989
6,9 graus, 62 mortos
Northridge, Los Angeles, EUA
17 de janeiro de 1994
6,7 graus, 61 mortos
Kobe, Japão
17 de janeiro de 1995
7,2 graus, 5 400 mortos
A ciência contra-ataca
Os satélites nos últimos anos revolucionaram o trabalho dos sismólogos. Depois que entraram em operação para valer, em 1989, os satélites localizadores GPS passaram a medir deslocamentos anuais das placas da ordem de milímetros, o que ajuda a estudar os tremores e medir seus efeitos.
Outro instrumento revolucionário foi o laser. Ele é utilizado no Centro de Pesquisas de Terremotos dos Estados Unidos para medir deslocamento de placas e o efeito de abalos em prédios.
O primeiro mapeamento de um tremor por radar, a partir de um satélite — o ERS-1 —, mostra quanto a terra se mexeu durante um terremoto em Landers, na Califórnia, no dia 28 de junho de 1992. Cada faixa na foto indica uma movimentação do terreno de 28 milímetros para os lados.