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Rotas Anacrônicas – Destinos retrô

Entre na onda vintage em 3 lugares que parecem perdidos no passado

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 19 Maio 2012, 22h00

1. A DEUSA VIVA DO NEPAL
Receba um tchauzinho sagrado em Kathmandu.

Aparição
De manhã no palacete da praça Dubar, no centro, Matani Shakya toma banho e café da manhã. Em seguida, a menina de 6 anos recebe em casa seus professores. De tempos em tempos, vai à janela saudar a plateia – a maioria de turistas aplaudindo sua divina presença. Logo aparece uma fila de hindus para receber sua bênção – não hindus são barrados desta etapa. Assim é a rotina de Kumari, a deusa virgem hinduísta do Nepal.

Provação
Para Matani tornar-se Kumari, a deusa, precisou passar por um vestibular. Dentre várias meninas, ela foi escolhida por ter 32 sinais físicos específicos, do formato dos dentes à cor dos olhos. E mais. Teve de passar por uma sessão de terror, com exposição de cabeças de animais mortos, barulhos terríveis e magias assustadoras feitas por um mago tântrico. Matani aguentou tudo sem chorar – o que provou que era protegida pela deusa Kali. Isso foi em 2008.

Desgraça
Para Kumari seguir com sua vida divina, não basta manter-se virgem. Ela jamais pode sangrar. Se cortar o dedo, reabrem sua vaga de deusa, como quando ela menstrua. Aí é que a vida fica dura. Cessam as adulações e elas nunca se casam – homens acreditam que deitar-se com a ex-deusa leva à morte prematura. A única proteção que recebem é uma pensão pela aposentadoria forçada.

2. VENDE-SE UMA NOIVA
Solteiro e desesperado? Aventure-se no mercado de noivas ciganas da Bulgária.

Se você tem algum dinheiro, pode tentar se arranjar no mercado de noivas de Mogila, a 240 km de Sofia. No primeiro sábado depois da Páscoa, os ciganos Kalaidzhii fazem uma feira livre casamenteira. As moças capricham no modelito, sobem no salto e nos tetos dos carros, para dançar, à espera de um partidão – entre os 2 mil búlgaros que passam por lá. Uma moça virgem e formosa vale até 25 mil em dote. Com as menos vistosas não se fecha negócio por menos de mil.

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3. TREM DA HISTÓRIA
Testemunhe o passado russo na ferrovia Transiberiana.

Km 0 – Moscou: A QUEDA DO COMUNISMO
Em 1989, 27 mil cidadãos soviéticos se candidataram às 605 vagas de trabalho no primeiro McDonald¿s da URSS, aberto com a permissão do Partido Comunista. Como as fazendas coletivas do país não tinham logística para fornecer a uma só lanchonete, a franquia moscovita passou a ser a única do mundo a produzir seus próprios ingredientes. O lugar continua aberto, na praça Pushkin – mas sem fazenda própria.

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Km 1 397 – Perm: GULAGS
É o ponto de partida para chegar ao gulag Perm-36. Foi desse campo de trabalho forçado de presos políticos, aberto em 1946 por Stálin, que saíram as tábuas de madeira para reconstruir o país depois da 2ª Guerra. Eram 4 alojamentos para 250 prisioneiros cada um, um bloco para punições, um hospital, armazéns e um prédio administrativo. Funcionou até 1987. https://www.gulagmuseum.ru

Km 1 668 – Ecaterimburgo: gangsters
Cidade sinistra. Foi aqui que o czar Nícolas 2, sua mulher e 5 filhos foram executados pelos bolcheviques em 1918. Depois do comunismo, Ecaterimburgo foi tomada por gangsters e virou capital russa do crime. Hoje não há mais anarquia, mas no cemitério Shirokorenchinskaya dá para voltar aos tempos da máfia. Várias lápides têm gravadas imagens em tamanho real de jovens gangsters – muitos de jaqueta de couro, um de camisa florida, outro com cigarrinho e tatuagens e outro ainda segurando as chaves de um Mercedes-Benz.

Km 6 400 – Birobidjão: ISRAEL VIÉTICO
A cidade em região pantanosa e muito fria é a capital do Oblast Autônomo Judaico. Trata-se de um território criado por Stálin duas décadas antes de Israel para ser a primeira nação moderna para judeus – mas sem liberdade de seguir sua própria cultura. Tem sinagoga, teatro, escolas e universidade em iídiche (o hebraico foi barrado por Stálin). Em 1945, chegou a reunir 30 mil judeus, mas a criação de Israel, em 1948, o esvaziou. Embora hoje só 4 200 dos 70 mil habitantes sejam judeus, ainda vive como um centro de cultura iídiche.

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