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Sorte: como controlar a sua

Todo mundo tem sorte (e azar) na vida. Mas isso não acontece por acaso. É uma mistura de matemática e psicologia – e da sua atitude diante das coisas.

Por Alexandre de Santi, Cristine Kist e Bruno Garattoni
Atualizado em 26 Maio 2021, 15h12 - Publicado em 9 set 2012, 22h00

Reportagem originalmente publicada pela Super em 2012

Quando você terminar de ler este texto, não podemos garantir que vá ganhar na loteria. (Sua chance de acertar na Mega-Sena é de apenas 1 em 50 milhões. Sorry.) Mas você vai virar craque em jogos de dados. E, principalmente, vai aprender a fazer escolhas melhores e atrair mais oportunidades na vida – em especial aquelas que são geradas por uma sequência de acasos e parecem cair do céu. Aquelas que parecem pura… sorte. E também talvez aprenda a pegar pênaltis.

No dia 19 de maio de 2012, 62 500 torcedores viram o jogador holandês Arjen Robben, do Bayern de Munique, ajeitar a bola a 11 metros do gol de Petr Cech, do Chelsea. O cronômetro marcava 4 minutos da prorrogação da final da Copa dos Campeões da Europa, e Robben tinha a chance de marcar um pênalti que provavelmente daria o título a seu time.

Pênalti é loteria, dizem. Quem chuta tem o controle da situação, mas para o goleiro tudo depende do acaso. Ele pouco pode fazer além de treinar seus reflexos e tentar adivinhar o canto onde a bola vai. Robben correu e chutou rasteiro no canto esquerdo – bem nos braços do goleiro. Será que Cech teve sorte de adivinhar o lado? O jogo foi para os pênaltis, e ele mostrou que era mais do que isso. Em 5 cobranças, defendeu duas – e acertou o canto escolhido pelo batedor em absolutamente todas. É impossível ter mais sorte do que isso em um jogo de futebol.

Sorte? Cech revelou seu segredo ao final do jogo. Ele tinha um DVD com todos os pênaltis batidos pelo Bayern desde 2007. Ao longo desses anos, Robben certamente não mandou a bola sempre no mesmo lugar. Cada vez ele chutava de um jeito, numa sequência de variações aparentemente aleatórias. Só que, estudando dezenas de cobranças, o goleiro percebeu que não era bem assim. Notou que Robben tinha ligeira preferência por chutar rasteiro e no canto esquerdo. Uma tendência discreta, que jamais chamaria a atenção – a não ser que você tivesse a paciência, como Cech teve, de estudar 5 anos de cobranças. Ele encontrou um padrão no que parecia aleatório. E, a partir dele, constatou: a chance de que a bola fosse baixa e no canto esquerdo era maior. Pulou nessa direção e pegou o pênalti.

Sorte é acaso. Mas você pode influenciar esse acaso a seu favor: basta encontrar alguma lógica naquilo que parece aleatório. É mais fácil do que parece, mesmo porque o ser humano já vem fazendo isso há muito tempo. Veja a questão do clima, por exemplo. Num dia chove, no outro faz sol. Essa alternância não tinha nenhum sentido para os homens das cavernas. Parecia apenas uma questão de sorte. Mas aos poucos, nossos antepassados foram decifrando a lógica daquilo. A humanidade inventou o primeiro calendário, e a partir daí percebeu que existiam anos, meses e estações, épocas em que a probabilidade de chover ou fazer sol é maior ou menor. E isso permitiu que fizéssemos nossa primeira grande invenção: a agricultura.

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Sabendo a melhor época do ano para plantar e colher, o homem se tornou capaz de produzir a própria comida. Analisou o que parecia indefinido (o clima), encontrou uma lógica naquilo (as estações), calculou as probabilidades (de chuva ou sol) e as explorou. Em suma: controlou a própria sorte. Isso aconteceu muitas vezes na história (as grandes navegações, por exemplo, só foram possíveis porque a humanidade encontrou lógica no movimento aparentemente aleatório dos astros e das marés). E pode acontecer na sua vida.

Claro, sempre acontecerão coisas que parecem – e são – aleatórias. Imagine que a sorte são bolinhas caindo do céu. Você não sabe quando elas vão cair nem de que lado. Mas se construir um funil bem grande, a chance de pegar as bolinhas será maior. Como construir esse funil? Reunindo o máximo possível de informações sobre cada situação e calculando as probabilidades envolvidas. “A previsão fica melhor conforme você tem mais informações sobre o fenômeno”, diz Jason Gallas, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Teoria do Caos, ramo da ciência que estuda o acaso.

Tudo é uma questão de probabilidade. Suponha que você more em São Paulo e tenha um carro. Pode ter o azar de se envolver num acidente de trânsito, e até, azar supremo, morrer em consequência dele. Cruz-credo. Para esquecer o sinistro trânsito paulistano, que tal relaxar nas belas praias de Vitória, Espîrito Santo? Afinal, que sorte, as suas férias estão chegando. Sorte? No caso, você deu azar: em Vitória, a chance de morrer em decorrência de acidentes de trânsito é 3,4 vezes maior do que em São Paulo, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O que parecia sorte (descansar na praia), na verdade, pode ser um foco de azar.

Muito do que entendemos por sorte e azar depende das informações que temos sobre o que acontece a nosso redor. Veja o caso da americana Marilyn Vos Savant, que nos anos 80 entrou no livro Guinness dos recordes como a pessoa com o maior QI já registrado até então (228). Nessa época, ela começou a assinar uma coluna chamada Ask Marilyn (“pergunte a Marilyn”), meio parecida com o Oráculo, da SUPER. A coluna era publicada em mais de 300 jornais e revistas mundo afora.

E, em setembro de 1990, Marilyn recebeu uma pergunta que a tornaria ainda mais famosa: “Os participantes de um programa de auditório podem escolher entre 3 portas. Atrás de uma delas, há um carro. Atrás das outras, há apenas cabras. Depois que um dos participantes escolhe uma porta, o apresentador, que sabe o que há atrás de cada porta, abre uma das que não foram escolhidas, revelando uma cabra. Ele então pergunta ao participante: ‘Você gostaria de mudar sua escolha para a outra porta fechada?’ Para o participante, é vantajoso mudar?

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A resposta parece óbvia. Cada uma das portas restantes tem 50% de chance de ser a que esconde o carro e, portanto, tanto faz se você mudar ou ficar no mesmo lugar. Mas Marilyn respondeu que era mais vantajoso trocar de porta. Foi um escândalo. Ela recebeu mais de 10 mil cartas, quase todas dizendo, basicamente, que seu QI altíssimo era uma fraude. Até professores de matemática pediram, enfurecidos, que ela se retratasse. A repercussão foi tanta que o caso ficou conhecido entre matemáticos como “o problema de Monty Hall”, já que a pergunta havia sido feita com base no programa Let’s Make a Deal (“Vamos Fazer um Acordo”), game show apresentado por Monty Hall na TV americana.

Vamos à explicação de Marilyn: quando você escolhe uma das 3 portas, sua chance de ganhar o carro é de 1/3. Isso significa que a probabilidade de encontrar uma cabra é 2/3, ou seja, o dobro. Acontece que essa probabilidade, embora não pareça, se mantém a mesma depois que o apresentador abre uma das portas (mesmo porque o carro continua no mesmo lugar). Se você tiver escolhido a porta certa (probabilidade de 1/3) e mudar, perderá. Mas se você tiver escolhido uma porta errada (probabilidade de 2/3) e mudar, ganhará. Então, se você mudar, sua chance de ganhar se torna duas vezes maior do que a probabilidade de errar de novo. A história do programa comprovou a tese. Houve duas vezes mais ganhadores entre aqueles que mudaram de porta do que entre os que mantiveram a escolha inicial.

Conclusão: você pode aumentar suas chances se conhecer as probabilidades envolvidas, e arriscar na vida pode ser uma boa ideia. Mas o que significa arriscar, exatamente? No dia a dia, é ter a coragem de fazer algo aparentemente muito simples: se comportar como se você fosse uma pessoa de sorte.

Como atrair a sorte

Sorte não é uma coisa mágica, que abençoa algumas pessoas e outras não. A rigor, ela é a mesma para todo mundo. Numa experiência que ficou famosa, o psicólogo inglês Richard Wiseman foi a um programa de televisão inglês que tinha 13 milhões de telespectadores e pediu: se você é muito sortudo ou muito azarado, entre em contato. Um milhão de pessoas respondeu, e as mil primeiras receberam um formulário que permitiria aos pesquisadores classificá-las como sortudas ou azaradas. Nesse formulário, os voluntários também deviam fazer uma aposta na loteria.

A tese do pesquisador era a seguinte: se os sortudos possuem algum dom “divino”, sobrenatural, extrassensorial ou qualquer coisa que o valha, eles se sairiam melhor na loteria – que depende apenas da sorte pura e simples. Pouco mais de 700 pessoas responderam. Dessas, apenas 36 acertaram algum número da loteria – igualmente separadas entre sortudas e azaradas. Duas pessoas acertaram 4 números e ganharam 58 libras. Uma se considerava sortuda e a outra azarada. Empate. Ou seja: todos temos a mesma chance de ter sorte. Só achamos que somos diferentes uns dos outros. E isso acaba nos tornando diferentes.

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Ou seja: uma pessoa é sortuda porque se comporta de maneira sortuda. Como coisas boas acontecem para quem age com otimismo e está aberto às oportunidades, os sortudos se beneficiam de um ciclo virtuoso de sorte: eles se consideram sortudos e, a partir dessa crença, agem do jeito certo para aproveitar a sorte. O azarado se irrita na fila do supermercado, evita conversas com estranhos e, quando aceita trocar algumas palavras com alguém, frequentemente está preocupado com outra coisa – a ponto de não perceber que está diante do amor da sua vida ou de seu futuro empregador. Depois de jogar uma oportunidade fora, evita passar debaixo de uma escada, uma superstição boba e vazia. Enquanto isso, o sortudo aproveita a fila para bater papo (porque as pessoas que se consideram sortudas, como ele, exibem em média 27% maior extroversão em testes de personalidade). E descobre que o cara da frente está vendendo um ótimo carro, justamente aquele modelo que ele queria, na cor que ele queria, e com um preço incrível. Mais tarde, ao contar aos amigos, diz que deu sorte de cair justo naquela fila.

Percebeu? Em ambos os casos, a situação e o contexto são exatamente os mesmos. Só muda o que cada um fez deles. E esse é o segundo eixo da sorte: a capacidade de transformar encontros casuais em situações positivas. Porque sorte é, sim, uma questão de comportamento. Depois de realizar centenas de entrevistas e submeter um grupo de pessoas a testes de personalidade, além de acompanhar a rotina dos participantes do estudo através de diários preenchidos pelos próprios voluntários, Richard Wiseman concluiu que há uma consistência na sorte. Se ela fosse totalmente aleatória, seria razoável supor que algumas pessoas terão sorte no amor, mas azar no trabalho. Certo? Errado. Em seus testes, Wiseman descobriu que quem se sentia azarado na carreira invariavelmente também estava mal resolvido no relacionamento. E vice-versa: os abençoados nas finanças diziam ter sorte na família. “Algumas pessoas parecem capazes de atrair boa sorte, enquanto outras são um imã para o azar”, explica Wiseman em seu livro O Fator Sorte.

Existem 8 truques que comprovadamente ajudam a atrair sorte. Dedique-se a eles por algum tempo, como um mês, e você certamente notará diferenças na sua vida. Vale a pena. “O esforço pessoal é importante. Porque, por meio dele, você pode estar preparado para tirar vantagem da sorte. Ou porque, tentando muitas e muitas vezes, tem mais chances de ser ajudado por ela”, diz o físico Leonard Mlodinow, autor de um livro sobre os acasos do dia a dia (O Andar do Bêbado) e, aliás, um sortudo sobrevivente dos atentados de 11 de Setembro – ele teve o azar de estar no World Trade Center no momento dos ataques terroristas, mas a sorte de conseguir escapar. Com determinados comportamentos, é possível, sim, mudar a própria sorte.

Ela não é só isso, claro. Sorte também depende da genética: que é influenciada por coisas que acontecem antes de você nascer, sobre as quais você não tem controle. Você não pode mudar a genética – mas pode aprender a tirar proveito dela.

Sorte de nascença

O goleiro Petr Cech soube construir a própria sorte. Mas é claro que ele também teve sorte ao longo da vida para chegar aonde chegou. Sorte de nascer com os genes necessários para ser alto. E sorte de ter nascido no mês de maio. Assim como a esmagadora maioria dos atletas de elite, Cech passou por categorias de base, que são separadas por idade. Só que os garotos que fazem aniversário num determinado ano sempre são agrupados na mesma categoria. Na prática, isso significa que um menino que nasceu no começo do ano leva vantagem física sobre os demais – simplesmente porque, na prática, ele é mais velho. Quando era um garoto de 12 anos, Cech provavelmente era mais alto e forte que seus companheiros, que ainda tinham 11 anos e só iriam completar 12 no final do ano. E ele soube tirar proveito disso. Quando olheiros viam Cech jogar, enxergavam nele um rapaz mais preparado e o chamavam para times melhores, com técnicos melhores. Aos poucos, o pequeno Petr se transformou num atleta melhor que os colegas nascidos no segundo semestre. Uma vantagem aleatória (data de nascimento) se transforma numa vantagem real.

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Esse efeito foi observado pela primeira vez em meados dos anos 80 pelo psicólogo canadense Roger Barnsley. Por acaso, olhando a planilha de jogadores de um time júnior de hóquei, Barnsley percebeu que 51% dos garotos haviam nascido entre janeiro e abril. O pesquisador decidiu estudar o fenômeno e viu que ele se repetia por toda parte. Havia 5,5 vezes mais garotos nascidos em janeiro do que em novembro na liga júnior de Ontario, no Canadá. Essa regra é uma espécie de lei não escrita dos esportes. Sempre funciona. Por exemplo: na seleção de juniores de 2007 da República Checa, terra de Petr Cech, 76% dos jogadores faziam aniversário nos primeiros quatro meses do ano e apenas 5% assopravam as velinhas entre setembro e dezembro. Quer mais? Pegue a lista de convocados para a Seleção Brasileira em maio. Dos 23 jogadores, apenas 4 (17,4%) nasceram entre setembro e dezembro. A maioria dos convocados, 14, faz aniversário no primeiro semestre (caso você esteja se perguntando, Neymar é de 5 de fevereiro).

Outros elementos genéticos, como nascer alto e bonito, também influem na sorte. Uma famosa pesquisa feita pela Universidade da Flórida constatou que pessoas mais altas ganham mais: a cada 2,5 cm de altura, são US$ 789 a mais por ano. E mulheres bonitas ganham 8% a mais que as medianas, segundo um estudo feito pelo economista Daniel Hamermesh, da Universidade do Texas. No caso das gêmeas Gisele e Patrícia Bündchen, muito mais do que 8%. As duas são bonitas. Mas uma é mais bonita, e por isso se tornou a modelo mais bem-paga do mundo, com patrimônio estimado em mais de US$ 250 milhões. A outra não. Patrícia teve o ‘azar’ de ser gêmea bivitelina (geneticamente não idêntica) de Gisele. Mas soube transformar isso em sorte: abriu a própria agência para administrar a carreira da irmã.

A genética também está na base de muitas doenças graves, de alzheimer e alcoolismo a câncer e problemas cardíacos. Se você nasceu com um DNA que predispõe a essas coisas, deu azar. Mas pode transformar isso em sorte: várias empresas, como a americana 23andMe (23andme.com), já oferecem testes genéticos que podem ser feitos pelo correio: você envia uma pequena amostra de saliva para a empresa, paga uma taxa de US$ 300 e recebe os resultados em casa. Aí, se descobrir que tem propensão a desenvolver alguma doença, pode começar o tratamento décadas antes de os sintomas aparecerem, e com isso reduzir seu risco de ter problemas. “Eu vejo a sorte e o azar acontecendo na minha frente todos os dias. A verdade é que a sorte depende do acesso à informação e, a partir daí, do cuidado com a saúde”, diz o geneticista Salmo Raskin, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e um dos diretores da Sociedade Brasileira de Genética Médica.

Tendo informação, é possível entender a própria genética e se adaptar a ela. Sabe aquele seu conhecido que adora comer salada e, por causa disso, nunca engorda? Provavelmente ele nasceu com a versão “boa” do gene TAS2R38 – que regula a sensibilidade do paladar a determinados vegetais, como brócolis, couve-flor e espinafre, e determina quão saborosos eles são para a pessoa. Quem tem a versão ruim desse gene, cerca de 75% da população, percebe certos alimentos como amargos, e não gosta muito deles. Se você não gosta de salada, agora sabe o provável motivo disso. E pode mudar a própria alimentação (que tal experimentar a couve-flor grelhada?).

Efeito borboleta

Ok, você aprendeu que é importante calcular as probabilidades das coisas – e que, para ter sorte, é fundamental se comportar como uma pessoa de sorte. Mas sempre existirão coisas totalmente incontroláveis, puramente dependentes do acaso.

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A ciência faz um grande esforço para dar ordem ao emaranhado de ações e reações da natureza. Mas a tarefa não é simples. Se fosse, você não chegaria em casa ensopado depois de confiar na previsão furada feita pela moça do telejornal. Nem sempre os padrões identificados no passado podem ser aplicados no presente e, menos ainda, no futuro. Curiosamente, foi logo um meteorologista, o americano Edward Lorenz, o primeiro a perceber isso. Em 1961, ele tentou jogar num computador toda a informação sobre as condições climáticas do planeta – e, se baseando nisso, fazer uma previsão do tempo. Deu certo. Até que um dia ele resolveu tentar fazer uma previsão mais distante. Imprimiu a última simulação que tinha feito e começou uma nova a partir dos resultados daquela, confiante de que o computador acertaria.

Não foi isso o que aconteceu. O clima se comportou de maneira totalmente diferente da prevista por Lorenz, e por um motivo muito simples: a máquina armazenava os dados de maneira mais complexa, com até seis casas decimais (como 0,293416, por exemplo), enquanto os dados impressos eram simplificados para no máximo três casas (como 0,293). Lorenz se deu conta que alterações quase insignificantes poderiam mudar drasticamente o resultado final, e chamou isso de Efeito Borboleta: porque algo muito pequeno, como o bater de asas de uma borboleta, poderia causar algo muito grande, como um tornado em outra parte do mundo. Esse conceito transformou o estudo do caos. Na vida, existem coisas que são realmente imprevisíveis, e por isso impossíveis de influenciar. Nesses casos, nos resta apenas interpretar os acontecimentos de uma forma que favoreça a nossa sorte. Como Frano Selak.

Nascido na Croácia, Selak teve uma vida incrível. Escapou da morte 7 vezes, ao se envolver em acidentes graves a bordo de aviões, trens, carros e ônibus. Mas sobreviveu a todos – e acabou ganhando uma fortuna na loteria. Selak ficou conhecido na Europa como “o homem mais sortudo do mundo”. Na mais espetacular das disputas contra a morte, em 1963, o croata estava voando em um avião. De repente, uma porta abriu sozinha. Os passageiros foram ejetados e despencaram para a morte. Dezenove deles morreram. Frank? Caiu bem em cima de uma pilha de feno, e se salvou.

Mas, provando que sorte sempre é uma questão de interpretação, o croata se achava um azarado. “Nunca pensei que eu era sortudo por ter sobrevivido. Eu achava que era azarado de estar envolvido nos acidentes”, disse a um jornal britânico. Trinta anos depois, ele ganhou na loteria, comprou uma ilha privada e viveu com luxo por anos. Até que percebeu que o dinheiro não lhe trazia felicidade e decidiu doar tudo, vender a mansão e se mudar para uma residência modesta com a quinta esposa. Selak só começou a se considerar sortudo depois de conhecer a mulher atual. “Todos os outros casamentos foram desastres”, disse.

Outra história ajuda a mostrar como o que interessa não é ganhar ou perder, mas o modo como encaramos os fatos. No início deste ano, os moradores da vila de Sodeto, na Espanha, fizeram um bolão para jogar numa espécie de Mega-Sena acumulada, o maior prêmio da loteria espanhola. Um membro de uma associação local bateu em cada uma das 70 casas do vilarejo para vender os tíquetes. E, para sorte geral, todos os 250 moradores ganharam na loteria. Exceto Costis Mitsotakis. O funcionário havia esquecido de oferecer o bolão para ele. De uma hora para outra, todos os conhecidos de Mitsotakis estavam ricos, menos ele. Mas o grego, que estava tentando vender um terreno, sem sucesso, percebeu que a riqueza dos vizinhos podia lhe beneficiar. Logo recebeu duas propostas. Transformou o azar em sorte.

O que é o mesmo que dizer que você pode conhecer a pessoa da sua vida porque perdeu um voo – ou perdê-la porque conseguiu embarcar no avião e ela não. Então, da próxima vez que você der de cara com um embarque encerrado, pegar uma fila, tropeçar na rua ou se deparar com algum contratempo que pareça azar, lembre-se: pode ser seu dia de sorte.

Você tem sorte?

Responda às perguntas deste teste, baseado nas teorias do psicólogo inglês Richard Wiseman – especialista no estudo da sorte

SORTE
Com que frequência você ganha em sorteios?
Você costuma encontrar pessoas que possam lhe ajudar de alguma forma?
Com qual frequência a sorte lhe ajuda a conseguir alguma coisa?

Some as respostas e divida por 3 para obter sua média de sorte.

AZAR
Com que frequência você perde em competições, sorteios e jogos?
Com que frequência sofre acidentes?
Com que frequência você tem azar?

Some suas respostas e divida por 3 para obter sua média de azar.

RESULTADO

Subtraia sua média de azar pela média da sorte. Depois, compare com a escala abaixo

-3: Você é azarado. Mas pode mudar isso.
-2/-1/0/1/2: Você está na média – não pode se considerar especialmente sortudo nem azarado.
3: Parabéns, você tem mais sorte do que as outras pessoas. Aproveite.

***

Aja como uma pessoa de sorte
As pessoas que se consideram sortudas têm algumas características em comum – que você pode facilmente adotar na sua vida

1. Multiplique as chances

Sabe aquele conhecido que vive ganhando em promoções? Ele ganha porque joga. Participe mais de concursos.

2. Seja sociável

Quanto mais pessoas você conhecer, maior é a chance de que alguma delas traga boas notícias – como uma oferta de trabalho.

3. Tenha calma

Se você vive correndo, jamais terá a sorte de notar aquela nota de R$ 50 dando sopa na calçada.

4. Busque o novo

Faça coisas diferentes. Com isso, sua chance de ter sorte se torna estatisticamente maior.

5. Aceite o acaso

Não tente ser racional o tempo todo. Aceite que a vida tem coisas aleatórias.

6. Medite

Ajuda a tomar boas decisões, o que é essencial à sorte. Um estudo constatou que as pessoas sortudas meditam com mais frequência.

7. Acredite

Se você não acredita que vai encontrar sua cara-metade, provavelmente não vai encontrar mesmo. Seja otimista.

8. Não dê bola para os números

Queria se candidatar a um concurso concorridíssimo, mas desistiu porque a chance era pequena? Ao desistir ela passou a ser de 0%. E facilitou a vida do sortudo que conquistou a vaga.

***

Transforme o azar em sorte
Você terá azar de vez em quando. Mas, quando isso acontecer, esteja preparado

1. Seja positivo

Quando você está no banco, assaltantes entram e atiram e acertam seu braço de raspão. O azarado reclama de estar ali. O sortudo comemora ter se salvado por pouco.

2. Pense a longo prazo

Talvez você seja demitido hoje, mas encontre um trabalho melhor amanhã – oportunidade que só notou porque estava desempregado.

3. Não se lamente

Ficar pensando no pneu furado não fará com que um novo apareça magicamente no lugar dele.

4. Seja ativo

Analise objetivamente a situação de azar, e mude sua conduta a partir disso (encha menos o pneu ou tente evitar ir ao banco, por exemplo).

 

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