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Temos cérebros grandes porque julgamos muito uns aos outros

Cientistas descobriram que costumamos pensar coletivamente, e analisar uns aos outros com frequência - o que nos deixou cabeçudos

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 nov 2016, 19h17 - Publicado em 15 ago 2016, 20h30

Encarada

Voltemos um segundo às aulas de matemática do ensino fundamental. Você tem três balas, e vai dividi-las igualmente com outros dois amigos. Quantas balas cada um vai ter? Uma, mas não importa. A ciência acaba de descobrir que “quem eram esses amigos?”, “como eles te tratam?”, “eles realmente merecem?” eram perguntas bem mais interessantes e importantes. De acordo com um estudo das universidades britânicas de Oxford e Cardiff, nossos cérebros só são grandes e desenvolvidos porque julgamos muito – e frequentemente.

Os pesquisadores começaram o estudo para entender um pouco melhor sobre a generosidade humana. Para isso, dividiram 100 pessoas em três grupos: dois de 33 pessoas e um de 34. Um por vez, todos escolhiam se iriam (ou não) doar uma quantia de dinheiro de mentirinha para outra pessoa do grupo – tudo às claras, seus colegas ficavam sabendo da sua decisão. Assim, os cientistas descobriram que as pessoas tendiam a doar para quem elas achavam tão ou mais generoso que si mesmo. A galera mais gananciosa e egoísta tendia a não receber muito. Pode até parecer que isso não tem nada a ver com o título dessa matéria. Mas tem.

LEIA: É verdade que engordamos quando amamos?

A questão é que essas decisões apontam que o ser humano tende a fazer escolhas que favoreçam mais o coletivo do que o individual, não por sermos bonzinhos, mas para continuarmos vivos mesmo. Em grupo, é mais fácil sobreviver. É a provação científica do “uma mão lava a outra”. Só que conseguir julgar se o outro vai te ajudar ou não é extremamente complexo, em termos cerebrais. “Essas demandas cognitivas precisam do processamento de informações sobre a complexidade de grupo sociais. Isso pode ter nos levado a uma expansão cerebral durante a evolução humana” escrevem os cientistas na pesquisa.

A ideia é que isso nos faça entender um pouco sobre nosso passado, mas, sobretudo, ajudar a moldar um pouquinho como as coisas vão acontecer daqui para frente. Os pesquisadores acreditam que esse tipo de informação pode ajudar na programação de inteligências artificiais, como carros autônomos. Se os robôs tiverem que lidar com humanos, é bom que entendam como a gente pensa – e tome decisões como a gente tomaria. 

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