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… Todo o petróleo do planeta acabasse no ano que vem?

Sem combustíveis como gasolina, diesel e querosene, a civilização poderia entrar em colapso

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 31 jan 2001, 22h00

Para evitar o colapso da civilização como a conhecemos, a humanidade teria de se apressar em adotar substitutos à altura, já que hoje o “óleo de pedra” (do latim petra e oleum) é nossa fonte de energia mais importante. Do total consumido no planeta, 40% provém desse combustível fóssil – seja a gasolina dos automóveis, o querosene que move os aviões ou o diesel que faz andar não só os ônibus nas cidades, como os tratores e as máquinas que produzem alimentos no campo e os caminhões que os transportam até os centros urbanos. Isso sem falar nos outros derivados, que compõem toda a indústria petroquímica: de plásticos e borrachas a tintas, sabão em pó, gás de cozinha e até medicamentos. Os países mais afetados seriam os do hemisfério norte, onde o petróleo ainda garante a calefação no inverno. Sem ele, o frio poderia provocar um grande número de mortes.

Assim mesmo, dá para apostar que o homem – o animal com maior capacidade de adaptação – faria a transição para outros combustíveis. “Sinais precursores da escassez, como a elevação dos preços, motivariam o surgimento de um arsenal de tecnologias e energias alternativas para que a substituição ocorresse de maneira gradual e segura”, afirma Saul Suslick, professor do Instituto de Geociências e coordenador-associado do Centro de Estudos de Petróleo da Unicamp. “Da mesma forma que a humanidade saiu da energia a vapor para o carvão e, posteriormente, para o petróleo, partiria dessa vez rumo a novas alternativas energéticas.”

Não faltariam opções. Segundo Fernando Baratelli Jr., gerente de Gás e Energia do Centro de Pesquisas da Petrobras, a mais provável seria adaptar frotas estratégicas de caminhões e outros veículos de abastecimento para o gás – atualmente a terceira fonte de energia do mundo (22,4%), atrás apenas do petróleo e do carvão mineral (23,2%). “A vantagem do gás natural é ecológica”, diz Baratelli. “Um veículo movido com esse combustível emite menos gás carbônico por quilômetro rodado.” Em compensação, o gás tem de ser estocado pressurizado em cilindros, o que acresce peso e custo aos carros, além de proporcionar uma autonomia menor.

Outra solução seria o aprimoramento dos projetos de veículos movidos a eletricidade, principalmente em países com abundância de energia elétrica de natureza hídrica, como o Brasil. “Como a eletricidade não é uma forma de energia primária, tem de ser gerada de fontes como o petróleo”, afirma Baratelli. “Com o seu fim, países que não são ricos em recursos hídricos teriam que partir para outras fontes. Uma solução seria a energia eólica (a força dos ventos), que poderia ser convertida em energia elétrica para abastecer as baterias dos carros.” A grande vantagem do carro elétrico é que diminuiria a poluição ambiental. “A atmosfera das grandes cidades sofreria uma mudança radical”, diz José Eduardo de Oliveira, do Laboratório de Análise de Combustíveis, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Metrópoles como São Paulo, Cidade do México e Los Angeles, que estão entre as mais poluídas por emissões dos escapamentos de veículos movidos a derivados de petróleo, passariam a oferecer melhor qualidade de vida.”

O fim do petróleo também nos obrigaria a procurar novas formas de energia. Com certeza não seria uma só, mas um mix de alternativas. Num primeiro momento, incrementar-se-ia a produção e o aproveitamento de fontes já em uso, como carvão, gás natural e eletricidade. “Mas com o tempo seriam adotadas novas opções, a maioria renováveis ou inesgotáveis, como a eólica, a solar, a de biomassa, a das marés, a das correntes marítimas, a geotérmica”, afirma Baratelli. “Os biocombustíveis, como o álcool, o biodiesel e o biogás, também supririam parte do mercado.”

O fato é que nada disso pode ser considerado pura fantasia ou especulação paranóica. Mais cedo ou mais tarde essa transição terá de ser realizada: estima-se que até o ano 2050 as reservas mundiais de petróleo se esgotem de verdade.

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