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Viver em lugares onde faz pouco sol aumenta o risco de TOC

Países com latitudes altas têm mais casos de transtorno obsessivo-compulsivo que nações tropicais

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 jul 2018, 17h28 - Publicado em 11 jul 2018, 17h24

Não adianta tapar o sol com a peneira nem fechar as cortinas. Cada vez mais a estrela central do nosso sistema solar tem despertado o interesse de cientistas sobre seu potencial de benefícios à saúde humana. A mais nova vantagem de não se esquivar da luz solar está atrelada ao bem-estar mental: quanto menos sol incidir sob uma determinada região, maiores são as taxas de transtorno obsessivo-compulsivo no lugar.

Para chegar à relação inversamente proporcional entre sol e TOC, pesquisadores da Universidade de Binghamton, no estado de Nova York, reuniram 117 estudos sobre o distúrbio psiquiátrico, compilando geograficamente a prevalência dele. Assim, os psicólogos perceberam que países onde faz menos sol têm maiores taxas de TOC e nações tropicais possuem menos casos – no Brasil (latitude 23.35), a prevalência é de 0.3%; já no Canadá (latitude 53.32), 3% da população sofre de transtorno obsessivo-compulsivo.

Mas não é necessariamente porque alguém gosta de fritar ao sol que suas chances de desenvolver o transtorno são menores – o segredo não é a vitamina D absorvida ou a melanina que pigmenta a marca do biquíni. O raio desajustado do TOC é mais indireto, tem a ver com como gastamos o tempo de luz e o de “sombra”. É sabido que a qualidade de sono é um fator sensível e de extrema importância quando se fala de doenças mentais e estudos anteriores já comprovaram a interferência do sono nos casos de TOC. Inclusive, uma queixa muita comum entre pacientes com esta condição é a dificuldade para dormir. O atraso para engatar o sono faz com que os pacientes recuperem o tempo perdido dormindo mais durante o dia. O problema é que, quanto menos o relógio biológico estiver em sincronia com a luz do dia, maiores são as chances de alguém desenvolver TOC ou de agravar os sintomas da doença.

A análise das pesquisas feita pelos cientistas de Binghamton vai ao encontro disso: países onde o dia é mais curto no inverno, e que ficam expostos a menos luz solar, têm mais pessoas com TOC. Se você acordar às 10h da manhã no inverno russo, por exemplo, vai ver luz solar só até as 15h. Pouquíssimo tempo de sol. “Esse padrão de sono retardado contribui para um desalinhamento entre nossa biologia interna e o ciclo externo claro-escuro. Para buscar novos tratamentos, estamos controlando os ciclos das pessoas pelos níveis de melatonina [hormônio do sono] e fazendo com que elas usem relógios que rastreiam sua atividade e períodos de descanso”, disse a professora de psicologia Meredith Coles, na divulgação do estudo.

Crenças à parte, o ditado “Deus ajuda quem cedo madruga” nunca fez tanto sentido.

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