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COP26: Grupo com mais de 40 países se compromete a eliminar uso do carvão mineral nas próximas décadas

O carvão é o mais poluente dos combustíveis fósseis, com alta intensidade de emissões de CO2. EUA e China ficaram de fora do acordo.

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 4 nov 2021, 19h06 - Publicado em 4 nov 2021, 19h03

Uma coalizão formada por mais de 40 países se comprometeu a retirar totalmente o carvão mineral (o mais poluente dos combustíveis fósseis) da sua matriz energética ao longo das décadas de 2030 e 2040. A iniciativa foi anunciada durante a COP26, conferência da ONU sobre a crise climática que acontece na Escócia.

“Nações de todos os cantos do mundo se uniram em Glasgow para declarar que o carvão não terá papel algum no futuro da nossa geração de energia. Os compromissos ambiciosos adotados por nossos parceiros internacionais demonstram que o fim do carvão já está à vista”, declarou Kwasi Kwarteng, secretário de negócios do Reino Unido, país anfitrião da conferência.  

Assim como acontece no caso dos demais combustíveis fósseis, a queima do carvão leva a emissões de CO2 (dióxido de carbono), gás que retém o calor perto da superfície da Terra. A questão é que as usinas de carvão mineral possuem alta intensidade de emissões mesmo quando comparadas às que usam gás natural, outra fonte de energia de origem fóssil.

Isso significa que, em média, para cada unidade de energia elétrica produzida ao longo do tempo pelo uso do carvão (1 quilowatt-hora, digamos), cerca de 1 quilo de CO2 vai parar na atmosfera, enquanto a mesma quantidade de energia, se produzida com a queima de gás natural, lança nos ares metade disso. A conta mostra como a urgência de interromper o uso do carvão é maior até do que a que envolve outros combustíveis fósseis.

Entre os participantes do compromisso estão países desenvolvidos, como a Coreia do Sul, o Canadá e a Polônia, e nações em desenvolvimento, entre as quais se destacam a Indonésia e o Vietnã. Há ausências importantes na lista, porém, a começar pelos dois maiores poluidores do mundo: China e EUA.

Faz sentido que esses países estejam mais relutantes, já que pouco mais da metade da matriz energética chinesa ainda dependia do carvão em 2019, enquanto o lobby dos produtores e das usinas do combustível em solo norte-americano é historicamente influente. Dois outros grandes emissores via queima de carvão, a Índia e a Austrália, também ficaram de fora dos compromissos por enquanto.

Adaptação atrasada

Nesta quarta (04/11), a conferência de Glasgow também foi palco do lançamento de um relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que advertiu que ainda faltam esforços para financiar a adaptação das populações mais vulneráveis aos aspectos mais sérios da crise climática.

Em seu sexto relatório Adaptation Gap (“Lacuna da Adaptação”, em inglês), o Pnuma estima que os países em desenvolvimento vão precisar de fundos que ficarão entre US$ 140 bilhões e US$ 300 bilhões para se proteger dos aspectos mais catastróficos das alterações no clima até o fim desta década. Os valores efetivamente destinados ao problema em 2019 não ultrapassaram US$ 80 bilhões.

Um dos principais obstáculos para que os valores necessários sejam atingidos é o fato de que os investimentos relacionados à adaptação não parecem oferecer retornos financeiros tão claros quanto a criação de usinas eólicas ou outras formas de produção de energia “limpa”. No entanto, eles serão essenciais para lidar com os impactos da mudança climática que já estão “contratados” pelas emissões de gases do efeito estufa das últimas décadas.

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