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Dinheiro sim: durável, seguro, secreto. Como são feitas as notas brasileiras.

Como é feita a fabricação do dinheiro e a segurança existente na tecnologia gráfica para evitar falsificações.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 30 jun 1994, 22h00

Pastas sobrepostas, de madeira e algodão, transformam-se num superpapel resistente até a banhos de mar. Fórmulas secretas criam tintas magnéticas e cores que não desbotam com a luz. Matrizes são gravadas a mão por artistas raríssimos. Tudo isso será testado neste mês de julho, com o lançamento do real, a nova moeda brasileira. Visitar a Casa da Moeda, onde se fabrica o dinheiro, é passear por um mundo fantástico. E é esta excursão que você vai fazer agora.

Você pode até dizer que, no Brasil, o dinheiro não dura muito e logo perde o valor. Mas ninguém pode dizer o mesmo da nota de dinheiro. Aquela folhinha que a gente pega, dobra, amassa, põe no bolso e, principalmente, tira do bolso a toda hora, é mais duradoura que o valor que ela indica.

Uma nota de dinheiro — sujeita, todos os dias, a ser esticada, molhada e maltratada — é feita para isso mesmo: para durar. Em média, dois anos. Além de durar, cada nota tem de ser exatamente igual às outras. Por esses motivos, antes de mais nada, é que se usa uma refinada tecnologia em sua fabricação. A começar pelo papel: toda remessa que chega à Casa da Moeda é examinada de cima a baixo, para caçar e dar cabo das menores imperfeições.

A acidez do papel, por exemplo: se ela não tiver um valor preciso, comprovado em testes de laboratório, pode, mais tarde, prejudicar a secagem da tinta. O valor exato da acidez, é claro, não é divulgado por motivo de segurança. Só a química, portanto, pode garantir as cores corretas da nota, no final do processo. No total, são mais de trinta testes químicos e físicos. Máquinas conhecidas pelo nome “dupla dobra”, dobram e redobram as amostras de papel ao meio, sempre no mesmo ponto, milhares de vezes.

O primeiro passo do ritual do papel que chega à Casa da Moeda é a escolha das amostras a serem examinadas. E até para isso existem parâmetros rigorosos, estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. A partir desses parâmetros, réguas checam as suas dimensões até a casa dos milésimos de milímetro. Balanças eletrônicas medem o peso de cada folha, e os microscópios devassam as fibras internas de sua estrutura.

Existem ainda aparelhos para medir o tamanho dos poros do papel, sua aspereza, alvura e opacidade — a capacidade de obstruir a luz. Mede-se até a facilidade, maior ou menor, de se arrancarem fibras da superfície das amostras. Este teste em particular serve para prever o que poderia acontecer se uma fita adesiva fosse grudada e em seguida arrancada de uma futura nota.

Por último, testa-se a resistência do papel à absorção de água. “Afinal, ele tem que se manter inalterado, seja na seca nordestina ou na umidade do verão em Manaus”, explica Jehovah Silva Júnior, chefe do Departamento de Garantia de Qualidade. Ou seja, o laboratório da Casa da Moeda em pessoa. Marcos Alves Pereira da Silva, do laboratório de papel, não demonstra apenas zelo, mas até um certo ciúme pelo resultado de seu trabalho — que os brasileiros não apreciam como deveriam, em sua opinião. “Eles cuidam muito mal do dinheiro. Dói o coração ver alguém entrar no mar com notas no bolso da bermuda.”

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No mundo inteiro, apenas quatro empresas fornecem a matéria-prima fundamental para se fazer dinheiro: o papel. No Brasil só há uma fornecedora, a Papel Salto, com a fábrica instalada na cidade de Salto, no interior do Estado de São Paulo. Cada folha é produzida somente por encomenda, de acordo com especificações altamente secretas do comprador. Depois de feita, a folha é numerada, contabilizada e vigiada. Ainda em branco, muito antes de ser cortado na forma de notas, o papel já é tratado como se fosse dinheiro. Desde o nascimento, é isso mesmo o que ele é.

O papel que vai virar moeda é um agregado de três lâminas sobrepostas. Como um sanduíche. As lâminas externas geralmente são de pasta de madeira. A lâmina do meio é de pasta de algodão. Na verdade, 100% algodão, como algumas camisetas, meias e roupas íntimas. Sim: o papel-moeda, pelo menos no miolo, usa a mesma matéria-prima de alguns tecidos.

O principal ingrediente da camada do meio é o línter, nome da fibra mais curta do algodão, obtida no último corte do caroço (o caroço entra três vezes na máquina de corte, e a cada vez saem fibras menores; o línter fica rente ao caroço e sai no terceiro corte). É nessa estrutura laminada que os fabricantes dos chamados “papéis de segurança” — categoria que inclui o dinheiro — embutem as principais medidas de segurança para dificultar a falsificação.

A primeira forma de proteção, a filigrana, é uma figura qualquer, escolhida pelo governo. Sua gravação tem um relevo, pois é feita por meio de um molde que se comprime sobre a pasta úmida de algodão ainda no processo de fabricação. Também conhecida como “marca d’água”, a filigrana do real é a efígie da República. Protegida pelas lâminas exteriores, a marca d’água só se torna visível quando a cédula é olhada contra a luz.

Até hoje, nenhum “concorrente” — como os falsários são chamados pelos moedeiros — conseguiu imitá-la. As únicas e raras exceções foram falsificações realizadas por governos estrangeiros.

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Outra medida comum de segurança são pequenas fibras de raiom, um fio sintético, postas entre a lâmina de algodão e as exteriores. Esse sanduíche inclui ainda um fio de poliéster magnetizado que, no caso do real, vem com as iniciais do Banco Central do Brasil, em microimpressão (a fita tem apenas 2 milímetros de largura). Tanto o fio como as fibras, que têm as cores verde, vermelho e azul, são visíveis somente contra a luz.

O real recebe a aplicação de dezessete tintas. São dezessete cores superpostas, divididas em três grupos, cada grupo para um tipo de impressão diferente.

As dez primeiras tintas são aplicadas na maior parte da cédula. Dão cor aos desenhos de fundo, geralmente complicados, projetados por computador. Mais seis tintas são reservadas para lugares nobres da cédula e são aplicadas por meio da calcografia. Elas seguem uma fórmula que é um dos segredos industriais mais bem guardados do mundo, embora seu objetivo seja conhecido: criar um efeito que os falsários não possam copiar. E o efeito procurado, neste caso, é conseguido com tintas muito estranhas. Espessas como creme dental, elas criam cores em três dimensões. Isso mesmo. Ficam um pouco mais altas, ou mais baixas, em partes diferentes das cédulas. Sente-se a pintura com os dedos, pelo tato.

No real, de um dos lados da cédula, as cores dão volume à legenda do Banco Central e à efígie da República. Do outro lado, elas realçam os desenhos de animais da fauna brasileira. É que pintar papel, mais do que uma arte, é uma ciência. Que tem até nome: reologia, o ramo da Física que estuda os corpos deformáveis, que não são sólidos nem líqüidos, como as tintas. Com mais autoridade, o engenheiro-químico Frank Souza Hoffmann, chefe do laboratório de tintas da Casa da Moeda, define reologia de maneira mais abrangente: “É o estudo do movimento e da deformação dos fluidos”.

Hoffmann explica que toda tinta é composta de vernizes, para ligar os corantes e aditivos que promovem a secagem da mistura. É a essa mistura básica que se adicionam as substâncias usadas nas diversas tintas especiais. As tintas são fabricadas por uma única empresa, em quase todo o mundo: a Sicpa, uma companhia que só poderia ser suíça, mas que tem sua única fábrica na América Latina instalada no Brasil.

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Além da tinta para impressão calcográfica, a Sicpa faz uma outra, para impressão tipográfica. E aqui chegamos à 17ª. e última impressão por que passa o dinheiro. O ingrediente chave dessa tinta é uma mistura de óxido de ferro: por ser magnetizada, a substância pode ser identificada por um aparelho adequado, vendido sob o nome comercial de “dólar-teste”. Assim se identificam as notas falsas de dólar, desprovidas daquele ingrediente. A idéia é boa, mas não tem funcionado tão bem assim.Os larápios simplesmente esfregam palha de aço na nota falsa e enganam os detectores no mundo inteiro.

A luz talvez seja a maior inimiga das tintas, porque desfaz suas cores com muita rapidez. É por isso que não podemos tirar fotos com flash nos museus: desgasta as cores das telas. Mas a luz não é o único problema. As tintas para dinheiro usam os chamados pigmentos orgânicos, além de vernizes e aditivos especiais que protegem a tinta não só da ação da luz, mas também contra diversas substâncias descolorantes.

Antes de ir para a impressão, as tintas das cédulas são submetidas a dezoito exames de laboratório. É para verificar se estão em condições de resistir às duras condições do seu uso diário. O mais duro dos testes é o do xenoteste — a “máquina do tempo”, como é chamada pelos moedeiros.

O apelido é perfeito. O xenoteste acelera o envelhecimento das cores por meio de luz e calor em doses cavalares. Um dia dentro dessa máquina corresponde a nada menos que um mês de exposição ao sol do meio-dia numa praia do Nordeste. A tinta passa no exame se mantiver a vivacidade e o brilho de suas cores depois de quatro dias girando sem parar sob esse castigo.

Não é fácil. Mas, caso seja aprovada, a cédula terá de quebra uma vantagem adicional. É que os pigmentos orgânicos também tornam mais difícil falsificar o dinheiro fabricado na Casa da Moeda do Brasil. Até as mais modernas fotocopiadoras coloridas, por trabalharem com outro tipo de tinta, têm dificuldade para copiar a diversidade de matizes criados pelas tintas especiais.

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As fotocopiadoras, aliás, têm dado muita dor de cabeça ao governo americano por causa dos dólares impecáveis que reproduzem, graças ao fato de a cédula americana ser toda impressa em tons de verde e preto. Mas as copiadoras trabalham com tôneres, ou seja, pigmentos que não são solúveis nos líqüidos, aderindo ao papel por efeito eletrostático. Já os pigmentos orgânicos são perfeitamente solúveis em vernizes e aditivos especiais, embora não se desmanchem em água, é claro.

Além disso, para chegar a todas as tonalidades, as copiadoras usam o processo da quadricromia, ou seja, misturam pigmentos em apenas quatro cores básicas: amarelo, magenta (que é o vermelho puro), ciano (azul) e preto. Já a Casa da Moeda cria tonalidades com pelo menos dez cores básicas em cada cédula. Por isso, dificilmente as copiadoras vão conseguir reproduzir o real com a mesma qualidade.

Os moedeiros, aparentemente, gostaram da briga e partiram para outros meios de derrotar as copiadoras. Desta vez, perceberam que elas lêem as cores a serem reproduzidas só em uma direção: ou seja com uma única passagem da luz que nas fotocopiadoras correm debaixo do original. A Casa da Moeda, então, passou a imprimir um fundo chamado multidirecional — ou seja, que só pode ser lido após várias passagens da luz, o que as fotocopiadoras não podem fazer. O fundo é pintado, no mínimo, com seis tintas diferentes, aumentando as dificuldades dos bandidos.

Por meio de uma técnica também secreta, chamada de “imagem latente”, a trama de fundo das notas esconde a palavra “Falsa”. Como diz o nome, “imagem latente” é uma imagem que está ali mas não se vê. É um último truque de segurança. Caso consiga reproduzir as cores acima de certo nível de qualidade, a palavra escondida aparecerá, denunciando o espertalhão.

ó uma empresa no mundo, a alemã Koenig & Bauer, domina a tecnologia para construir máquinas de imprimir dinheiro. São impressoras feitas de acordo com regras de segurança rigorosas. Mas a Casa da Moeda brasileira desenvolveu e patenteou vários aprimoramentos técnicos, e melhorou o desempenho das máquinas alemãs. Com isso, e com novas fórmulas para fazer papel e tinta, reduziu à metade o tempo normal de impressão.

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Dá para fazer a conta na ponta do lápis. Em três meses, trabalhando 24 horas por dia, a Casa da Moeda imprimiu 1,24 bilhão de cédulas do Real. Mas o modelo original alemão, em princípio, só daria conta dessa quantidade após seis meses de trabalho ininterrupto. A impressora reformada pelos brasileiros também bateu três das maiores firmas do ramo, contratadas para ajudar a imprimir o real — a alemã Giesecke & Devrient e Laemmert, a inglesa Thomas de La Rue e a francesa François Charles Oberthur. Naqueles mesmos três meses, elas imprimiram, juntas, apenas 260 milhões de cédulas.

As notas, no Brasil, vão para as máquinas em três etapas. Na primeira, imprime-se o fundo, em offset a seco. Não é um processo usual: as offset convencionais selecionam as áreas do papel nas quais a tinta não deve ser aplicada, umedecendo-as. A tinta, por ser oleosa, não “pega” nessas áreas. A offset a seco dispensa esse trabalho, pois suas matrizes são em relevo, e só as suas partes ressaltadas tocam efetivamente o papel.

Ainda mais importante: ela imprime, simultaneamente, nas duas faces do papel. A vantagem é que não há risco de desencontro entre as linhas e formas de um lado e de outro: vistos contra a luz, desenhos impressos em lados opostos encaixam-se perfeitamente. Não por acaso, o nome dessa impressora é Simultan.

Depois dela, as notas passam para a impressora Intagliocolor, que dá relevo à impressão: ela é capaz de aplicar a tinta ao papel empregando uma força equivalente a várias toneladas. É que a tinta fica em pequenas ranhuras esculpidas a mão no metal da matriz. São essas ranhuras, de diversas profundidades, que dão a altura desejada para a camada de tinta. Essa técnica é conhecida pelo nome de talho doce. Resta a impressora tipográfica Super Numerota, que grava o número de série da nota e as chancelas do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central.

Na saída, as notas são revisadas, uma a uma, na seção de crítica, onde só trabalham mulheres. “Os homens não têm a paciência e a acuidade para pegar pequenas falhas de impressão apenas com um breve passar de olhos”, explica João Francisco Rosa Leitão, chefe da Divisão de Impressão de Cédulas. Depois de cortadas e embaladas, as cédulas estão prontas para circular. Ainda não são dinheiro. Para ganhar este título precisam ir oficialmente para as ruas, respaldadas pelo lastro do Banco Central.

Tudo aconteceu num prazo relâmpago. No dia 10 de janeiro deste ano, Carlos Roberto de Oliveira, chefe da Divisão de Projetos Artísticos da Casa da Moeda, recebeu a missão de projetar e desenvolver as cinco notas da nova moeda nacional: cédulas de 1, 5, 10, 50 e 100 reais. Tudo absolutamente novo, para evitar qualquer memória do desacreditado antecessor, o cruzeiro real. O pior, porém, é que todo esse trabalho deveria ser feito no prazo reduzidíssimo de cinco meses, incluindo a impressão de uma montanha de 1,5 bilhão de cédulas.

Seria exagero em qualquer lugar do mundo onde se faça dinheiro: ninguém cria uma nova moeda e põe a primeira cédula em circulação em menos de um ano. Oliveira aceitou sabendo que teria à frente um exercício de paciência e precisão — e, ao mesmo tempo, de ansiedade. Veja-se, apenas, a técnica de gravação em talho doce. Ao fazer o molde em metal, o gravador precisa riscar de três a oito linhas no espaço de 1 milímetro. Na profundidade, não pode errar mais que alguns milésimos de milímetro.

Não há máquina capaz de executar trabalho como esse. Menos de dez pessoas, no Brasil, estão capacitadas para fazê-lo: arrancar pequenas lascas do metal com a ajuda de um pontudo buril e, aos poucos, construir um número ou uma imagem. “Leva cinco anos para preparar um gravador”, conta o gravador Dauro Alves Sá, 67 anos de idade, 48 de Casa da Moeda. Eles têm que se acostumar a uma concentração absoluta. Tanto que não trabalham na sexta-feira à tarde. Dizem que a ansiedade pela chegada do fim de semana pode provocar um erro. E um erro na gravação pode significar a perda de semanas de esforço anterior.

Menos dramática, mas também difícil, é a criação das tarjas e rosáceas — os desenhos que enchem o fundo das cédulas. São gerados por computação gráfica e realizados em tornos geométricos, máquinas programadas como um computador para traçar os mais complicados desenhos num terrível novelo de minúcias sobre minúcias. Outro torno, igual ao primeiro, levaria dias para produzir um fundo parecido. Apenas parecido. A cópia idêntica só é possível com os códigos secretos, bolados justamente para impedir que sejam copiados. Se está bem prevenida contra os falsificadores, a Casa da Moeda não descobriu ainda um jeito de proteger suas cédulas contra um inimigo mais insidioso: a inflação.

Para saber mais:

A arte de imprimir revistas (SUPER número 9, ano 3)

Todo dinheiro do mundo (SUPER número 12, ano 3)

Mas as falsificações sempre acabam acontecendo

Olho no olho: eis uma boa forma de identificar um dólar falso. O olho direito nas efígies das notas verdadeiras é mais brilhante que o esquerdo. Olho por olho, porém, a moeda mais usada no mundo é, também, uma das mais fáceis de falsificar. E preste especial atenção nas notas de 100 dólares: 60% dos dólares verdadeiros espalhados pelo mundo são desse valor. Por isso, são também os mais falsificados.

O verde iraniano — Talvez seja preciso trocar todo o dinheiro americano. É o que vem planejando o Bureau of Engraving and Printing — divisão do Departamento do Tesouro americano que fabrica o dólar. O novo dólar teria todos os modernos itens de segurança — como os do real. E mudaria até a tradicional cor verde. A troca começaria pelas notas de 100 dólares.

Um grande derrame de notas falsas de 100 dólares, quase perfeitas, começou há quatro anos, no Oriente Médio. Elas reproduzem fielmente o papel especial, com as microfibras vermelhas e azuis e a impressão em relevo. Um comitê da Câmara dos Deputados diz que as notas são feitas pelo Irã — parte de um plano de guerra econômica contra os Estados Unidos.

Os falsários de Hitler — Não seria a primeira falsificação do dólar por um governo inimigo. Durante a II Guerra Mundial, os nazistas reuniram em uma fortaleza, em Salzburg, na Áustria, especialistas recolhidos em toda a Europa ocupada, para fazer libras esterlinas e dólares. Um dos falsários era o checo Franz Xaver Ribka. Após a guerra, Ribka fugiu para o Brasil. No final dos anos 70, vendia quadros de sua autoria — e falsificações de pintores famosos — nas feiras e galerias de arte do Rio de Janeiro.

Anos depois de terminada a guerra, as notas de Hitler ainda apareciam ao redor do mundo. No início dos anos 50, o Banco da Inglaterra pôs um fim no pesadelo: retirou todas as notas de 5 libras de circulação. E emitiu cédulas novas, dotadas de um fio magnético incrustado no papel. Os americanos foram mais radicais: bancaram as notas falsas de Hitler para manter a credibilidade do dólar.

Escudo em duplicata — A mais incrível história aconteceu em Portugal. Usando documentos falsos, Artur Virgílio Alves Reis, dono do Banco de Angola e Metrópole, enganou exemplarmente a empresa londrina Waterlow & Sons, Ltd., que fazia o dinheiro português, o escudo. Em 1925, Alves Reis convenceu a empresa de que o governo estava realizando uma operação confidencial nas colônias africanas. Para isso, precisava de três remessas de 200 000 notas de 500 escudos para as colônias com a mesma numeração de notas já feitas pela Waterlow & Sons. Recebendo as duplicatas do escudo, ele as usou para adquirir ações das principais empresas portuguesas.

A fraude só foi descoberta quando seu banco ameaçou tornar-se acionista majoritário do próprio Banco de Portugal. Afinal, de onde vinha aquela dinheirama toda? Uma inspeção de surpresa no Banco de Alves Reis revelou a fraude. Condenado a vinte anos de prisão, ele acabou morrendo na miséria, em 5 de março de 1955.

As fórmulas, segredo de Estado

Óxido de ferro magnetizado, pigmentos orgânicos, vernizes e aditivos geram produtos quase impossíveis de imitar. A “máquina do tempo” verifica a resistência das cores à luz e ao uso diário e testes medem a densidade da tinta para a impressão em relevo.

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