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A Netflix vai acabar com o seu aluguel de DVDs. Saiba como ele funcionava

O serviço chegou a ter 20 milhões de assinantes – até pouco tempo, ainda tinha 2 milhões. Veja como ele surgiu (e por que durou tanto tempo).

Por Rafael Battaglia
20 abr 2023, 18h43
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  • Em 1997, os americanos Reed Hastings e Marc Randolph queriam aproveitar a onda da internet para criar um negócio nos moldes da Amazon, fundada três anos antes. Primeiro, pensaram em comercializar fitas VHS – mas a logística era cara e delicada. Optaram, então, pelo DVD, uma tecnologia que havia chegado aos EUA naquele mesmo ano. Compacto, ele viajava muito melhor pelo correio.

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    Bingo. Nascia aí a Netflix, que antes de ser uma plataforma de streaming, era locadora virtual: você entrava no site, escolhia o filme no catálogo e, em alguns dias, o DVD chegava na sua casa, num envelope vermelho e branco.

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    No seu auge, o aluguel de DVDs chegou a ter 20 milhões de usuários. E, por incrível que pareça, tem gente que ainda assina. Bom, não por muito tempo: nesta semana, a empresa anunciou que vai encerrar o serviço no dia 29 de setembro para seus assinantes, mais de 25 anos depois de sua criação.

    A empresa não divulgou quantas pessoas restam no serviço. Até 2020, eram dois milhões, e o número vinha em uma queda de 500 mil usuários por ano. Em 2022, o plano de aluguel rendeu US$ 126 milhões – 0,3% do total que a Netflix faturou naquele ano (US$ 31,6 bilhões).

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    Se você nunca ouviu falar nos DVDs da Netflix, não se culpe. O serviço nunca saiu dos EUA. Vamos entender como ele funciona – e por que durou até agora.

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    Era tudo m̶a̶t̶o̶ disco

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    O primeiro DVD enviado pela empresa foi uma cópia de Os Fantasmas se Divertem (1988), em março de 1998. Naquela época, era preciso pagar por cada aluguel, individualmente, como era praxe nas locadoras. Também dava para comprar discos (algo que a empresa abandonaria mais tarde, em 2008).

    Em 1999, a Netflix lançou uma assinatura mensal: por alguns dólares, dava para alugar quantos filmes quisesse, sem se preocupar com taxas de atraso nem de envio. A novidade logo atraiu clientes e se mostrou mais vantajosa que a dos aluguéis individuais. No ano seguinte, o esquema de mensalidade se tornou a única forma de negócio.

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    Na virada do século, porém, a Netflix passou por maus bocados. Foi a época da bolha da internet, em que companhias digitais passaram por uma alta e rápida valorização. Culpa das altas expectativas do mercado em relação ao (novo) mundo digital. Quando a especulação atingiu níveis insustentáveis, a bolha explodiu e várias empresas faliram.

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    A Netflix não faliu, mas chegou perto. Tanto que Hastings e Randolph ofereceram a empresa à Blockbuster, por US$ 50 milhões (US$ 85 mi, em valores atuais). A locadora azul recusou (ah, se arrependimento matasse…).

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    Por sorte, o momento coincidiu com o crescimento nas vendas de aparelhos de DVD, que ficaram mais baratos. A procura pela assinatura da Netflix aumentou e a empresa logo voltou aos eixos (em 2002, abriu capital na bolsa de valores Nasdaq).

    Em 2007, ano em que lançou o seu streaming, a Netflix bateu a marca de um bilhão de discos alugados (hoje, está em 5,2 bi). Ela tinha 6,7 milhões de assinantes e 42 centros de distribuição pelos EUA. O pico foi em 2010, quando o serviço tinha 20 milhões de usuários. Naquela época, havia mil filmes e séries no catálogo da plataforma on demand e 70 mil no catálogo de DVDs.

    A partir de 2011, o número de assinantes de DVD começou a cair, enquanto o do streaming chegou a 20 milhões (hoje, são 232 milhões em todo mundo). A Netflix percebeu que o ouro estava mesmo ali e decidiu separar os negócios em duas empresas diferentes. O aluguel de discos se chamaria Qwikster, com site e planos de assinatura próprios.

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    Ninguém curtiu. A Netflix perdeu 800 mil assinantes e metade do seu valor de mercado. Os executivos, claro, abandonaram a ideia e mantiveram o serviço do jeito que estava. Mas, afinal: como ele funciona?

    O serviço – e os seus fãs

    A versão mais recente tinha três formas de assinatura. O que mudava era o preço (de US$ 10 a US$ 20) e a quantidade de DVDs que você podia ter em casa ao mesmo tempo (um a três).

    Pela internet, bastava explorar o catálogo de opções e escolher o que assistir – o DVD chegava pelos correios em até dois dias. Não havia limites para quantos filmes e séries você podia alugar em um mês. Dava para adicionar vários na sua lista de locação. Mas claro: a fila só andava conforme você ia devolvendo os títulos.

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    O interessante é que a Netflix não dava a mínima se você ia demorar uma semana ou um ano para devolver aquela cópia do Poderoso Chefão. Não havia taxa por atraso. Contanto que a assinatura pingasse na fatura do mês, tudo certo. Mas é claro: era preciso entregar os DVDs caso você cancelasse o serviço, sob risco de multa.

    Nesse ponto, talvez você esteja se perguntando: como o sistema dos DVDs durou tanto tempo, em meio à oferta de streamings?

    Em 2020, uma reportagem da revista Wired foi atrás de quem ainda assinava o serviço e ouviu argumentos em sua defesa. Em primeiro lugar, o acervo era maior que o do streaming da Netflix. No catálogo de DVDs, havia mais chance de encontrar tanto filmes antigos quanto lançamentos – ao sair de cartaz, eles chegavam primeiro em formato físico.

    Há também a questão do acesso: nos EUA, existem várias regiões rurais onde a internet disponível não suporta o volume de dados para exibir vídeos no streaming. A Netflix, sozinha, representa 14% do tráfego mundial da internet.

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    E há, por fim, quem prefere consumir DVDs e Blu-Ray pela qualidade do áudio e do vídeo. Nas plataformas on demand, filmes e séries podem ser comprimidos para que fiquem mais leves. Facilita a transmissão na rede, mas pode comprometer o produto final.

    Essa galera, contudo, vai precisar de um plano B a partir de agora.

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