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Como a Pixar se mantém inovadora e tudo sobre o Divertida Mente e Toy Story 4

Jim Morris, executivo dos estúdios Pixar, fala sobre o trabalho para a empresa se reinventar e os lançamentos mais recentes

Por Laura Folgueira
Atualizado em 4 nov 2016, 18h44 - Publicado em 20 Maio 2015, 17h00

A Pixar já nasceu inovadora, em 1986 – quando Steve Jobs comprou o departamento de computação de outro estúdio, o Lucas Film. Hoje, dividida quase igualmente entre talentos que criam histórias e aqueles que as transpõem para as telas com os softwares mais inovadores, a empresa é uma das maiores faturadoras do cinema norte-americano (Toy Story 3 é, até hoje, a animação mais lucrativa em todo o mundo). Nesta entrevista, Jim Morris, vice-presidente executivo de produção dos estúdios, onde entrou em 2005, fala sobre o novo filme da Pixar, Divertida Mente – a história dos sentimentos que moram na cabeça de uma garotinha e controlam suas ações, um filme que, nas palavras de Morris, “só poderia ser contado em forma de animação” – e Toy Story 4 (a ser lançado em 2017), entre outras coisas.

A animação é, claro, a primeira coisa em que se pensa em relação à Pixar. Como é unir a história e os personagens a essa parte mais “técnica”?

A coisa mais importante para nós na Pixar é mesmo a história e os personagens dela. Acreditamos que, sem isso, todo o resto não tem importância nenhuma. Mas com o passar dos anos aconteceu de as histórias e os personagens inspiraram o pessoal técnico a inventar formas de chegar no visual e no estilo que os diretores querem. E, vice-versa, esses artistas técnicos inspiraram os diretores a levar as coisas ainda mais além. É uma relação bem sinérgica, as duas coisas são bem-casadas na Pixar. Mas nosso pessoal técnico passa muito tempo tentando inventar soluções específicas para criar o que os diretores querem na tela. É um bom equilíbrio entre o lado técnico e o criativo.

E como eles se juntaram em Divertida mente? O que veio primeiro?

A ideia para Divertida mente veio primeiro, como consequência do diretor, Pete Docter, observando a filha dele enquanto ela crescia. Ela era uma menina muito feliz aos 10, 11 anos e de repente, aos 12, começou a ficar séria, sentada nos cantos, fazendo birra e coisas assim. Ele ficou muito intrigado, querendo entender o que estava acontecendo. Esse foi o motivador, mas uma das coisas que eu mais gosto em Divertida mente é que os personagens animados não são feitos de “pele”, mas de milhões de minúsculas partículas, e cada uma dessas partículas brilha um pouco. São quase átomos que dá pra ver. É bem sutil. O motivo que Pete Docter queria que os personagens fossem feitos de energia pura. Então esse foi um dos desafios técnicos do filme: fazer esses personagens iluminados mas que ainda se encaixassem nas cenas. O design de personagens também foi importante: como personificar emoções diferentes? Fora a grandiosidade dos cenários da mente; quando tentam voltar para a sede, [as personagens Alegria e Tristeza] passam por lugares incríveis, que os designers inventavam e o pessoal técnico tinha que dar um jeito de executar no computador. Foi uma interação constante.

Quando a Pixar surgiu, ninguém fazia animação como vocês. Hoje, com a tecnologia bem mais avançada, como vocês se mantêm atuais e inovadores?

Temos um departamento de pesquisa e desenvolvimento e um bem grande de ferramentas, que passam um bom tempo trabalhando em novos softwares de computação gráfica e em ferramentas digitais. Nosso impulso primordial é dar aos artistas ferramentas que permitam que eles se expressem criativamente ao máximo. E cerca de 10% da empresa é dedicada a só criar ferramentas novas para nossos artistas – mais de 100 pessoas passam seu tempo todo criando software para resolver problemas.

O John Lasseter, um dos diretores criativos da Pixar, certa vez disse que “todo filme da Pixar, em certo ponto, já foi o pior filme de todos os tempos”. Como vocês sabem o que vai funcionar e ser um sucesso?

Todos os filmes, no começo, são bem ruins, porque há uma ideia que nos motiva, mas é difícil fazer todas as peças da história funcionarem e os personagens se encaixarem e aquilo ser crível e real – porque a gente acha que as melhores animações, mesmo que pareçam estilizadas e de certa forma mágicas, precisam fazer você acreditar nos personagens e no que eles estão vivendo. O John Lasseter estava falando sobre nosso processo de história. Fazemos de seis a oito versões do filme antes de ele entrar em produção. Em geral, na primeira, você pensa: “vai ser incrível”; na segunda, é tipo “nossa, o que a gente estava pensando, isso é horrível”; a terceira começa a melhorar e na quarta você fala “ah, pode ser que seja um filme ok”. Só a partir daí você refina. É um processo doloroso. É tipo criar filhos: você nunca sabe muito bem o que vai acontecer com eles.

Já há muita antecipação em relação ao Toy Story 4, com pessoas dizendo que possivelmente vai ser ruim, porque é quase impossível fazer uma franquia de quatro filmes e todos serem tão bons. Como vocês estão lidando com isso?

É difícil fazer dois filmes bons, quanto mais quatro! [risos] Bom, é uma preocupação justa, porque os três primeiros filmes contam uma história completa. E não pretendíamos fazer outro. Nossos principais executivos de criação, John Lasseter e os outros, tinham concordado que só fariam se um deles tivesse uma ideia de que gostasse muito e eles tiveram uma ideia, como um grupo, tão boa que pensaram: “vamos fazer”. Não é bem uma continuação daqueles três, é um capítulo novo. Sentimos que aquela parte da história está pronta e esta é uma história nova, naquele mesmo mundo. E é um tipo de história diferente, uma história de amor, não tanto de amadurecimento.

Você conhece a “teoria da Pixar”, criada pelo jornalista Jon Negroni, que diz que todos os filmes da Pixar estão conectados, e fazem parte de um mesmo mundo em que existiriam todos os personagens – e inclusive que as histórias de um influenciariam acontecimentos dos outros?

Eu sempre fico surpreso de ouvir essas coisas. Mas entendo que as pessoas que olham de fora veem mais coisas que nós mesmos. A gente não presta nenhuma atenção nessas teorias. Mas a teoria da Pixar pode funcionar de forma diferente, porque se pensarmos, todos os diretores começaram juntos e cresceram e aprenderam a fazer filmes juntos. Eles até foram à mesma universidade, e foram os diretores criativos sêniores que ensinaram nossos diretores mais jovens. Então, mais que uma trama para colocar elementos similares nos filmes, é possível que eles tenham sensibilidades e interesses parecidos – há um fio condutor, de certa forma, em todas as criações.

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