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Como o coronavírus prejudicou o destino de Notre Dame

Um ano após o incêndio que assolou a catedral, obras seguem paradas devido à pandemia de Covid-19.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 24 out 2020, 16h55 - Publicado em 15 abr 2020, 15h06

Há um ano, um dos marcos de Paris (França) queimava. A Catedral de Notre Dame, que passava por reformas na época, foi tomada por um incêndio que até hoje não tem origem definida. A destruição do local, famoso em livros e filmes, causou comoção internacional e, logo, diversas pessoas passaram a doar grandes quantias para ajudar na restauração. Mas agora, com a pandemia de Covid-19, o futuro da catedral é incerto. 

Momentos após o episódio, o presidente da França Emmanuel Macron comunicou que, até 2024, Notre Dame estaria novamente inteira. Mas a visão de Macron estava bem longe da realidade. O reitor da igreja, Patrick Chauvet, declarou no mesmo ano em que ocorreu o acidente que havia 50% de chance que a catedral não fosse salva. Isso porque, durante o incêndio, Notre Dame já estava sendo reformada e contava com cerca de 50 mil tubos de andaimes nas estruturas do prédio, que entortaram devido ao fogo e passaram a forçar as abóbadas do prédio. O telhado e uma de suas torres acabaram desabando e o espaço ficou tomado por pó de chumbo exalado das telhas da igreja, o que impede ainda mais a visitação, pois coloca a saúde de pessoas em risco. 

A pretensão era que toda essa estrutura de andaimes fosse retirada até 2021. Dessa forma, seria possível avaliar o estado da catedral para fazer os reparos iniciais e a limpeza em, mais ou menos, três anos. Então, as pessoas poderiam voltar a frequentar o local enquanto ainda estivessem ocorrendo as reformas. Por outro lado, Peter Fuessenich, arquiteto que participou da restauração da Catedral de Colônia da Alemanha, disse em entrevistas após aquele dia que o certo seria falar em décadas de reforma.

A Catedral de Colônia, classificada como patrimônio da humanidade, foi atingida cerca de 14 vezes por ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, com ajuda de financiamento da comunidade católica internacional, foi rapidamente reconstruída. Apenas 11 anos depois do fim da guerra, já estavam ocorrendo celebrações em seu espaço. A diferença é que, para essa igreja, os trabalhos foram feitos às pressas, sem as convenções de patrimônio cultural obrigatórias que a reforma de Notre Dame deve seguir. Os métodos e materiais utilizados nas obras são meticulosamente selecionados. Não se pode colocar qualquer massa corrida ali. 

As obras em Notre Dame estão interrompidas desde 16 de março. O novo coronavírus está matando cerca de 700 franceses por dia e o número de infectados no país ultrapassa os 100 mil.

Mesmo que a quarentena na França chegue ao fim –o que, no momento, está previsto para maio–, há dúvidas se a restauração da catedral conseguirá manter seu orçamento, estimado em quase 900 milhões de euros. Afinal, o mundo caminha para uma profunda crise econômica. A Catedral de Colônia também foi reconstruída em meio à recessão, mas foi priorizada e renasceu como símbolo de superação daquele período. Não se pode afirmar se Notre Dame, com risco iminente de queda, terá o mesmo destino. 

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