Confira a entrevista da SUPER com o cineasta Steven Spielberg
Em Lincoln, Steven Spielberg filmou a vida de Abraham Lincoln, o presidente-herói da nação, que botou fim à Guerra Civil e aboliu a escravidão. Aqui ele conta a empreitada.
Mila Burns
De todos os tipos de filme que você puder imaginar, Steven Spielberg fez o seu blockbuster. Drama histórico? A Lista de Schindler. Filme de ET? E.T. – O Extraterrestre. De ação? Os Caçadores da Arca Perdida. Dessa vez, em Lincoln, ele escolheu um tema bem americano e filmou a vida de Abraham Lincoln, o presidente-herói da nação, que botou fim à Guerra Civil e aboliu a escravidão. Aqui ele conta a empreitada.
O que fascinou você na história de Lincoln?
Existe muito mais drama na democracia do que se pode imaginar. Resolvi filmar apenas os últimos quatro meses de sua vida porque, na minha opinião, nada foi mais importante. A abolição da escravatura, por emenda constitucional, tem um impacto enorme em toda a história americana e até mundial. Ele pôs fim à Guerra Civil, que matou mais de 750 mil americanos. Os números de vítimas fatais das outras guerras de que os americanos participaram, se somados, não chegam nem perto disso. E é impressionante ele ter sido assassinado dois meses depois de acabar com a escravidão.
Apesar de só mostrar os últimos quatro meses de vida, dá para entender toda a figura do político.
Todos da equipe realmente mergulharam no século 19. Gosto de trabalhar quando todos estão dando o máximo de si. Posso dizer que fiz alguns trabalhos em que eu era a única pessoa no set interessada no filme (risos). Todos os outros estavam lá apenas porque era o seu ganha-pão. O set às vezes é muito solitário.
Você pode citar alguns exemplos de sets assim?
Isso, não! A gente está rindo agora, mas é sério! Para se contar uma história, é preciso que cada um dos envolvidos esteja comprometido em trazer os detalhes aos olhos do público. Por exemplo, a maquiadora precisa saber como as pessoas eram naquela época, tem de conhecer a fundo as diferenças entre a cara dos personagens e a dos atores. Há 150 anos as pessoas não eram como hoje.
Neste filme, você se preocupa muito mais com os detalhes da ambientação – não há tantos close-ups frontais que viraram a sua marca. Tem até quem chame essa expressão de “Cara Spielberg”… (Veja aqui: migre.me/ccnmA)
Acho que o close-up é usado em exagero nos filmes de hoje. Às vezes um filme inteiro é feito em close-up, então o público não tem ideia de lugar, espaço ou tempo. Eu acho importante as pessoas saberem o ambiente em que os personagens estão. Eu não usei muitos close-ups em nenhum dos meus filmes, apesar dessa fama. Quando trago um personagem para perto do público é para passar o drama e a narrativa da história. A televisão nos influenciou muito a fazer close-ups em exagero porque a tela era pequena.
Mas a tecnologia hoje em dia evoluiu muito.
E agora eu me sinto mais relaxado. Os televisores nas casas já são muito maiores, e não preciso fazer um close-up só para as pessoas saberem o que o personagem está sentindo. Agora eu quero que as pessoas vejam os móveis, o tapete da sala, o papel de parede…