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Conheça os livros de Abdulrazak Gurnah, vencedor do Nobel de Literatura de 2021

O escritor tanzaniano foi reconhecido por suas obras que abordam os efeitos do colonialismo e a vida de refugiados.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 8 out 2021, 00h25 - Publicado em 7 out 2021, 19h17

Abdulrazak Gurnah nasceu nas ilhas de Zanzibar, na Tanzânia, no ano de 1948. Ele cresceu por lá, mas foi obrigado a se refugiar na Inglaterra na década de 1960 – o arquipélago em que vivia passou por uma revolução que culminou na perseguição de cidadãos de origem árabe.

Gurnah começou a escrever aos 21 anos. Desde então, publicou dez livros e trabalhou como professor de inglês e literaturas pós-coloniais na Universidade de Kent, na Inglaterra, até sua recente aposentadoria. Agora, aos 73 anos, ele ganhou o Nobel de Literatura para fechar o currículo.

O anúncio da vitória foi feito na manhã desta quinta-feira (7), rendendo a Gurnah a recompensa de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,1 milhões). Das 118 pessoas que já receberam o prêmio, ele é apenas o quinto de origem africana (o último autor negro africano a levar o Nobel de Literatura havia sido o nigeriano Wole Soyinka, em 1986). 

Em nota, o Comitê do Nobel atribuiu o prêmio de Gurnah à ” sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.” O autor, que passou por desafios similares aos de seus personagens, explora em seus livros as dificuldades e preconceitos enfrentados por imigrantes.

Apesar de sua língua materna ser o suaíli, Gurnah adotou o inglês como língua literária. Alguns de seus trabalhos foram traduzidos para o sueco, francês e até mesmo para o alemão, mas, apenas uma de suas obras foi traduzida para o português – By the Sea, de 2001, editada em Portugal. Mesmo assim, preparamos um breve resumo de alguns de seus livros mais marcantes. Agora resta torcer para que alguma editora traga o conteúdo para cá.

Memory of Departure (1987)

Fotografia do livro Memory of Departure de Abdulrazak Gurnah
(Arte/Divulgação)
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Memory of Departure (“Memória de Partida”, em tradução livre) foi o primeiro livro publicado por Gurnah, quando o autor tinha 39 anos. A história, que se passa em uma cidade costeira da África Ocidental, mostra como a pobreza e a depravação causaram estragos na família de Hassan Omar, protagonista e narrador da obra. 

Em determinado momento da narrativa, Hassan sai de sua casa e vai viver com um tio rico em Nairóbi, capital do Quênia. Lá, descobre não só os luxos da vida, mas também tem acesso à corrupção e à hipocrisia. 

Paradise (1994)

Fotografia do livro Paradise de Abdulrazak Gurnah
Imagem sem fonte (Arte/Divulgação)

Paradise (“Paraíso”) conta a história de Yusuf, um menino que vive na Tanzânia. Na obra, o jovem é penhorado pelo pai em troca de uma dívida e acaba se tornando servo de um comerciante. O pano de fundo do enredo mostra uma África corrompida pelo colonialismo e pela violência. 

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A obra rendeu a Gurnah o Prêmio Booker, concedido anualmente ao melhor romance escrito em inglês e publicado no Reino Unido ou na Irlanda. Paradise foi o que catapultou o sucesso do tanzaniano – e parece ter sido decisivo para o seu Nobel

By the Sea (2001)

Fotografia do livro By the Sea de Abdulrazak Gurnah
Imagem sem fonte (Arte/Divulgação)

By the Sea (“Junto ao Mar”) conta a história de dois imigrantes africanos que vivem no Reino Unido, mas em situações bem diferentes. Enquanto um deles está pedindo asilo na Inglaterra, o outro já está estabelecido no país e atua como professor de literatura. No entanto, ambos estão ligados por uma história do passado. O livro também chegou a ser indicado ao Prêmio Booker, mas não levou. 

Afterlives (2020)

Fotografia do livro After Lives de Abdulrazak Gurnah
Imagem sem fonte (Arte/Divulgação)

Afterlives (algo como “Vidas Depois da Morte”) é o livro mais recente de Abdulrazak Gurnah. A obra foca em mostrar até que ponto o colonialismo pode afetar os indivíduos. Para isso, aborda diversos períodos da história da Tanzânia, desde a exploração da Alemanha (entre os séculos 19 e 20) até a colonização britânica e a conquista da independência, em 1961. Tudo isso usando como base a trajetória do personagem Ilyas, um homem que, quando criança, foi vendido por seus pais às tropas alemãs.

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