Alexandre Versignassi e Eduardo Szklar
Surgiria um país minúsculo e absurdamente pobre. Ele seria formado pelos territórios palestinos de hoje. São regiões que não formam uma nação independente: a Faixa de Gaza, ocupada por Israel em 1967 e cedida aos árabes em 2005, e a Cisjordânia, onde israelenses e palestinos dividem o controle. As duas regiões, juntas, têm 6 mil km2 – uma área equivalente a 75% da Grande São Paulo. A economia seria mais mirrada ainda. Com um PIB de US$ 5 bilhões, ficaria abaixo do Haiti e de vários países esfarrapados da África. O PIB de Israel, só para comparar, é de US$ 160 bilhões. “No começo, o novo Estado vai precisar de muita ajuda internacional para ser viável”, conclui o centro de pesquisa americano Rand, que elaborou um relatório sobre o assunto.Os cálculos mostram que seriam necessários US$ 2,5 bilhões no primeiro ano. Com o crescimento da população, esse montante subiria para US$ 3,5 bilhões até 2014.
Mas dinheiro, pra variar, não é tudo. O problema é que parte dos palestinos quer a destruição de Israel. Para esse povo, aceitar que aquele pedaço do Oriente Médio acabe repartido num Estado palestino e num israelense significaria desistir da batalha. E eles não querem isso.
Então, se de fato nascer um país ali, o maior desafio do governo será manter a autoridade, segurar ataques contra Israel e evitar choques internos. Choques como o que aconteceu em 2005, quando o Hamas, partido extremista religioso que defende o fim de Israel e promove atentados terroristas contra o país, venceu as eleições legislativas da Palestina. Ele começou uma guerra civil contra o Fatah – partido mais moderado que havia abandonado o terrorismo e está aberto para negociar o Estado palestino. Daí para a frente, o Hamas assumiu o controle de Gaza e o Fatah, da Cisjordânia. Caso a discórdia continue, o novo país seria um barril de pólvora.
O bem… Ou o mal
Se o novo país superar suas divisões internas, pode prosperar. Se não, tudo volta à estaca zero. Veja aqui o cenário otimista. E, à direita, o pessimista
Milagre do crescimento
Com a paz, Palestina, Israel, Egito e Jordânia formam uma área de livre comércio e criam um banco regional. Empresas israelenses de tecnologia criam empregos em Gaza, que se torna um dos principais portos do Mediterrâneo.
Sete noites em Jerusalém
Com o clima de paz e segurança, a mais do que sagrada Jerusalém, que fica parte em Israel, parte no Estado palestino (Cisjordânia), vira uma das 3 cidades mais visitadas do mundo. Hoje ela é só a 145a, atrás de Foz do Iguaçu e do Rio de Janeiro.
Sociedade autolimpante
O terrorismo contra Israel não acaba. Nem os confrontos entre milícias palestinas, já que radicais não vão mudar de ideia por decreto. Mas a eficiência do combate ao terror aumenta, já que o Estado tem o monopólio do uso da força e lutará para mantê-lo.
Documento, vagabundo!
Ameaçado pelos tumultos no Estado palestino, o país vizinho Israel fecha a fronteira, impede o acesso de palestinos ao seu território e faz constantes incursões em busca de terroristas e contra instalações militares. Moradores sofrem com a escassez de água e comida.
Alalaô
Um país em guerra civil seria terreno fértil para extremistas muçulmanos. Mulheres andam só de burca nas ruas. Jornais são fechados, a internet é proibida e a único canal de TV mostra propaganda da facção mais poderosa. Na escola, o Alcorão é o livro didático mais importante.
Terror fantasma
Não existe um exército regular, e sim os militantes: pessoas armadas sem uniforme que se misturam à população. Assim, ataques israelenses e combates entre as milícias palestinas geram grandes baixas civis.
Fatah de belém
O PIB da Palestina, onde fica a cidade de sagrada de Belém, seria de US$ 5 bilhões. Isso equivale ao Produto Interno Bruto de outra Belém: a do Pará. Se o PIB não aumentar, será impossível construir um país com alguma estrutura. E teríamos algo parecido com nações falidas, como o Congo, a Somália ou o Haiti.