GIFs revelam a mágica por trás dos efeitos de filmes clássicos
Usuário do Reddit é o responsável pela galeria que mostra alguns dos truques usados pelos mestres do cinema mudo
A gente pode até lembrar primeiro do combo chapéu, terno, bengala e bigodinho. Mas a verdade é que grande parte da mágica atemporal que envolve os filmes de Charles Chaplin e outras estrelas do cinema mudo reside no talento ímpar desses astros para narrar com o corpo. No caso das comédias, o corpo está à serviço do riso – e, em geral, acaba em situações bastante precárias (a cena acima não deixa mentir). Interessado em analisar as fontes mais “ousadas” de humor físico presente em filmes clássicos, o usuário do Reddit silentmoviegifs compartilhou uma série de GIFs que contam um pouco da história e revelam os truques e efeitos visuais criativos por trás de algumas cenas icônicas do cinema mudo.
1) No caso de O Homem Mosca (1923) ali em cima, o ator Harold Lloyd estava mesmo se aventurando no alto de um relógio – quando o filme foi gravado, não era viável inserir um fundo falso usando projeções (e muito menos uma tela verde). O segredo foi usar um truque de perspectiva. O cenário foi construído no alto de um prédio com vista para a rua, na altura certa para Lloyd ficar pendurado e aparentar estar prestes a se esborrachar de uma altura de muitos andares – e não de uma altura de poucos metros em um colchão fofinho.
2) Em Tempos Modernos (1936), a patinação de Chaplin é muito menos radical do que aparenta – de bobeira, o atrapalhado personagem se salva por um triz (sem nem se dar conta) de uma queda considerável. Para compor a cena, parte do fundo foi pintado sobre um pedaço de vidro, que foi colocado em frente à câmara para criar os andares inferiores da loja de departamentos.
3) Já em O Prêmio de Beleza (1926), os aflitivos olhos de Colleen Moore foram criados filmando as duas metades do seu rosto separadamente usando um filtro opaco. Um pedaço de vidro com metade do quadro pintado de preto foi colocado na frente da câmera, garantindo que apenas um lado do filme fosse exposto. O filme foi então rebobinado e a posição do vidro invertida para gravação da segunda parte. A chave, neste caso, foi a precisão: para o efeito dar certo, não podia haver qualquer mudança no posicionamento da câmera ou do rosto da atriz entre uma tomada e outra.
4) Em O Pequeno Lord Fauntleroy (1921), o pequeno beijo que Mary Pickford dá em si mesma levou 15 horas para ser filmado. O mesmo ator aparecer múltiplas vezes em cena não era mais novidade, mas o movimento da atriz entre os quadros é o que tornou a filmagem uma peleja. O diretor de fotografia Charles Rosher resolveu o imbróglio pintando em um vidro uma silhueta bem detalhada de Pickford, que permitiu que a atriz parecesse se movimentar por trás de seu próprio rosto. Para impedir que a câmera se movesse, foi usada uma armação de metal. Não há dúvidas de que o efeito não deu certo de primeira.
Por fim, a icônica (e muito recriada) cena de Douglas Fairbanks deslizando em uma vela de navio em O Pirata Negro (1926) foi elaborada por seu irmão, Robert, um engenheiro. Colocando a câmera e a vela em um mesmo ângulo, não era possível ver a pequena engenhoca – a faca de Fairbanks estava ligada a uma polia, que deslizava com ajuda do contrapeso escondido atrás da vela.