Bruna Monteiro de Barros
Quando o DJ francês Laurent Garnier assumiu as pick-ups do clube Lov.e, estava claro que começava ali uma balada histórica na cena paulistana. Pista de coração aberto e DJ se sentindo em casa se conectaram já nas primeiras batidas com uma troca de energia única, que se manteve por cinco horas. A técnica impecável, o repertório surpreendente, as constantes oscilações no caminho, que levavam a pista a mudar de clima a cada meia hora. O começo teve tech-house suave, depois um technopop com clima de seriado dos anos 80. Aí, entrou uma seqüência de drum’n’bass, encerrada com Nirvana. Veio então o tecno reto, que fazia dançar por minutos o mesmo som. A virada para o electro com New Order. Hard tecno. A espremida no cérebro com uma porrada no coração vindas de uma seqüência hipnótica. Tecno, tecno e tecno para encerrar. Tudo isso e mais, embalado por pessoas dançando, aplaudindo, gritando, assobiando, pulando. Muita gente – o quanto coube – ficou no degrau de cima, bem perto da cabine. E Laurent foi tocando, tocando. No final, ele parecia um sádico e, às 7h da manhã, perguntava com os olhos: “Alguém aí ainda agüenta? Não suguei ainda todas as suas energias?” Às 7h30, Laurent Garnier encerrava possivelmente a melhor de todas as noites dos mais de cinco anos do Lov.e.