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Livros SuperImportantes

Resenha do livro História da vida privada, do Império Romano ao ano mil, de Georges Duby, Phillippe Aries e outros, Companhia das Letras, São Paulo, 1990

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Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 1 out 1990, 01h00
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  • Quando a res publica era sinônimo de cosa nostra

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    História da vida privada, do Império Romano ao ano mil, Georges Duby, Phillipe Ariès e outros, Companhia das Letras, São Paulo, 1990

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    Vida particular, vida pública: não há quem julgue desconhecer o que isso significa numa sociedade. No entanto, a questão é mais complicada do que parece, como provam os cinco volumes, que começam a ser editados no Brasil, do trabalho dos historiadores franceses Georges Duby e Phillippe Ariès. Em Roma e na Idade Média, vida privada e pública não se separavam com nitidez. Duby e seus colegas relatam que na antiga Roma não existia idéia de poder como algo impessoal. O chefe de governo realmente administrava as coisas públicas como se fossem negócios seus. Os cargos públicos eram criados e negociados no clube dos notáveis – os aristocratas. Estes os exploravam para seu enriquecimento e prestígio. As famílias ricas que dominavam os negócios públicos tampouco tinham vida particular. Esta se confundia com a vida pública. Tudo que os ricos faziam importava à cidade e vice-versa. Quando um notável morria, por exemplo, a família era obrigada a dar um banquete à plebe. Se não o fizesse, o enterro não se realizaria.

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    Os nobres arrancavam o couro dos contribuintes e devolviam uma parte das festas, edifícios públicos, segurança para o corpo e para a alma. Pode-se dizer que, em Roma, res publica (coisa pública, em latim) era sinônimo de cosa nostra (nome italiano de um dos ramos da Máfia atual). Prova disso é um trecho da obra de Duby que se referem à vida cotidiana dos romanos: “Um dos poderosos não hesitava em se apoderar da terra de seus vizinho (…) O que fazer contra esse homem que enriqueceu à custa dos outros? As probabilidades de obter justiça dependiam da boa vontade de um governador de província muito ocupado, obrigado a poupar os poderosos por razoes de Estado e aliado a eles por uma rede de amizades e interesses”.
    Os autores fazem comparações entre a Roma antiga e os países do Terceiro Mundo de hoje. O nobre romano, escrevem, “tem o colorido de um notável sul-americano, mas como ele, nessa sociedade que opõe brutalmente ricos e pobres, tem porte nobre e não se parece com suas vias de enriquecimento”. O nobre romano, com efeito, não era reconhecido pelas roupas, mas pelas maneiras: belas, altivas e viris. O corpo bem treinado era seu cartão de visitas. A partir do século III, porém, quando a Igreja começa a exercer legalmente seu domínio sobre a sociedade , o corpo humano recebe, por assim dizer, um véu, passando a “refletir o nível social de seu proprietário sob a forma de pesadas vestes”. O cristianismo, em suma, transforma o corpo num suporte sem graça. A vida pública,cuja expressão social mais importante é o clero, caracteriza-se pela abstinência sexual, pela disciplina das ordens religiosas e pelo celibato.

    Devassavam-se as riquezas das pessoas, o modo pelo qual exerciam o poder político e a própria sexualidade. A ruptura entre o paganismo e o cristianismo, sob esse ponto de vista, consiste na passagem do belo ao feio. Já não se tratava de estar e bem com a vida, mas de aguardar a vida verdadeira – aquela após a morte. Com esse relato inaugural, História da vida privada desmancha velhas noções que herdamos sobre nós mesmos, como a idéia da perenidade da autonomia individual, o direito que cada qual tem de decidir a própria vida. Os autores mostram que isso não existiu nem na Antiguidade pagã, nem no cristianismo. O indivíduo livre, prestando contas ao público só em momentos determinados e dentro de regras válidas para todos, é criação recente – mesmo assim, na maioria das sociedades, ainda é uma quimera.

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    Roberto Romano é professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

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    Anônimos atores

    A outra História, organizado por Frederick Krantz, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1990

    Catorze ensaios escritos por historiadores de truz, como o francês Albert Soboul e o inglês Eric Hobsbawm, sobre os anônimos cidadãos que ajudaram a fazer a História da França e da Inglaterra do século Xvii ao XIX. Os pesquisadores prestam uma homenagem ao inglês George Rudé, um dos primeiros a escrever sobre a História que o povo fez. Os textos falam não apenas da participação popular na Revolução Francesa, mas também de questões menos batias, como as origens sociais dos piratas que dominaram o Caribe nos séculos XVII e XVIII.

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    Harmonia ilimitada

    O poder dos limites, Gyorgi Doczi, Editora Mercuryo, São Paulo, 1990

    A mesma simetria que existe na postura de uma bailarina está nas formas de uma borboleta, na estatueta de uma sacerdotisa cretense e na disposição das pedras de Stonehenge, na Inglaterra. Estas são apenas algumas das muitas ilustrações de que se vale o autor, arquiteto húngaro radicado nos Estados Unidos, para mostrar que o desenvolvimento de padrões harmônicos e proporcionais na natureza, nas artes, na arquitetura, dentro de limites restritos, acaba criando formas ilimitadas.

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    Ciênca nova

    História da Ecologia, Pascal Acot, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1990

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    Nestes tempos em que a questão ecológica se tornou uma preocupação mundial, nada mais oportuno que conhecer a história das ciências do ambiente. Essa é a tarefa a que se propôs o autor, filósofo e ativista ecológico na França. Ciência nova, da metade do século XIX, que estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente, a Ecologia resulta do encontro entre a Botânica, a Zoologia, a Geologia e a Geografia, entre outras. A idéia de Acot é mostrar que a história recente da Ecologia não pode ser separada de uma reflexão sobre a natureza do homem.

     

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    Quieta linguagem

    Vedo vozes, uma jornada pelo mundo dos surdos, Oliver Sacks, Imago, Rio de Janeiro, 1990

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    Ao ler sobre o Sinal, como é chamada a linguagem gestual dos surdos, o doutor Sacks, neurologista inglês radicado nos Estados Unidos, decidiu conhecer de perto um mundo que até então desconhecia. A partir daí, estudou a vida dos deficientes auditivos americanos e suas famílias. Autor de O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, sobre pessoas com disfunções neurológicas, Sacks novamente aproxima o relato médico da ficção.

     

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    Dentro do átomo

    Quarks, a matéria-prima deste mundo, Harald Fritzsch, Editorial Preseça, Lisboa, 1990

    Com base em pesquisas realizadas na Suíça, na Alemanha e nos Estados Unidos, o autor, pesquisador do Instituto Max Planck, em Munique, descreve as novas descobertas do sobre o universo subatômico, sobre tudo dos quarks, as partículas elementares que constituem a matéria.

     

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