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Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 1 jul 1990, 01h00

Retrato de corpo inteiro do inimigo número 1

Piratas da célula, Andrew Scott, Edições 70, Lisboa, 1987

Flávio Carvalho

Na imensa cadeia de seres vivos que formam a biosfera terrestre, sempre se dá um jeito de justificar a existência de algumas criaturas, por mais insignificantes ou aparentemente desprezíveis que sejam. As bactérias, por exemplo, ajudam a digestão, os plânctons alimentam as baleias. A idéia geral é que existe uma cadeia alimentar dos seres mais simples até os mais complexos, onde cada um dá alguma coisa e ganha outra em troca, mantendo o equilíbrio natural. Menos os vírus. Eles não dão nada e roubam tudo que podem das células de todos os seres vivos, das minhocas aos elefantes.

Eles causam hepatite e Aids, gripes comuns e mortais, além das verrugas. Um vírus não tem valor nutritivo algum para nenhum ser vivo superior. E constituído apenas de um ácido nuc1éico, uma molécula que carrega suas características genéticas envolta por uma proteína protetora. Ao entrar numa célula – seja à força ou ingerido por engano -, o vírus intromete seu material genético no do infeliz hospedeiro e toma controle da maquinaria celular para realizar a única razão de sua existência: a reprodução. Sem o menor respeito pelo hospedeiro, o material genético do vírus requisita os aminoácidos que flutuam no citoplasma da célula para fabricar as proteínas de que precisa. Ordena também que sejam feitas cópias de si mesmo – isto é, do seu material genético.

Esses milhares de cópias vestem-se em seguida com as capas de proteínas roubadas à célula e escapam para o exterior em busca de novas células para infectar. Atrás de si deixam os hospedeiros mortos por exaustão, no pior caso, ou então os mantêm escravizados, como copiadores de vírus, em detrimento das funções normais das células. Essa é a primeira idéia que justifica o título do livro do bioquímico Andrew Scott. Durante muito tempo os vírus – a palavra quer dizer veneno em latim – permaneceram como inimigos invisíveis da humanidade. Eles foram descobertos indiretamente no fim do século passado por vários bioquímicos, quase simultaneamente. Sabia-se apenas que eram muito pequenos, pois o caldo de células doentes continuava provocando infecções mesmo depois de passados em filtros de porcelana, os mais finos da época.

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Somente na década de 50, os cientistas tiveram a primeira visão indireta desse misterioso agente infeccioso, usando a difração de raios X, a mesma técnica usada pelos descobridores da estrutura do DNA, a molécula portadora das características genéticas. O aparecimento do microscópio eletrônico permitiu uma visão direta do vírus. No entanto, muitos mistérios permanecem sobre como eles surgiram e como tomam conta da maquinaria celular. Em Piratas da célula, um trabalho atualizado com o mérito adicional de ter sido escrito numa linguagem que traduz a preocupação do autor com o leitor leigo, Andrew Scott apresenta algumas teorias a respeito da origem dos vírus. Eles poderiam ser células degradadas ou bactérias que evoluíram para a configuração mais simples possível, eliminando todas as organelas (os componentes das próprias células), uma vez que poderiam piratear os serviços das células invadidas.

Nessa extrema simplificação, os vírus teriam ficado reduzidos literalmente apenas ao lado de fora e ao de dentro: o material genético, que lhes dá a identidade, e uma capa protetora. Outra teoria diz que os vírus foram formados por material genético que acidentalmente escapou de células, envolvido em proteínas. Os primeiros vírus seriam, portanto, formados praticamente apenas por um gene com a fórmula da proteína envoltória. Com o tempo, outros genes também foram aprisionados nessas cápsulas que podiam entrar e sair das células. Esta é a teoria mais aceita. Apoiada nessa hipótese, relata Scott, a engenharia molecular está tentando dar alguma função benéfica aos vírus.

A idéia é criar um vírus que contenha genes humanos saudáveis para infectar às avessas pessoas doentes. Possivelmente antes do fim deste ano, o médico French Anderson, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, vai receber permissão para realizar a primeira experiência desse tipo. Ele quer colocar dentro de um vírus inócuo o gene para a produção de uma enzima, a adenosina diaminase, e com ela infectar as crianças que nascem com uma deficiência de imunidade que as obriga a viver em bolhas esterilizadas de plástico. As células infectadas vão passar a produzir a enzima que falta: esse será um marco histórico na ciência, tornado possível, ironicamente, por um dos piores inimigos da humanidade.

 

 

 

Antes que seja tarde

S.O.S Planeta Terra, José Goldemberg, Editora Brasiliense, São Paulo, 1990

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Trata-se de uma excelente porta de entrada para quem quer entender a temido efeito estufa – a elevação da temperatura média da Terra devido às mudanças causadas pelo homem na composição da atmosfera. De forma didática, o físico José Goldemberg, ex-reitor da Universidade de São Paulo e atual secretário de Ciência e Tecnologia do governo federal, explica o que é o efeito estufa, suas conseqüências para a vida do planeta e como os homens podem agir para enfrentálo.

 

 

 

Prós e prós

Fatos e argumentos a favor de Darwin
, Fritz Müller, tradução de Hitoshi Nomura, Fundação Catarinense de Cultura, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e Departamento Nacional de Produção Mineral, Rio de Janeiro, 1990

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Depois de ler A origem das espécies, do naturalista inglês Charles Darwin, o cientista alemão Fritz MüIler (1822 – 1897), radicado em Blumenau, Santa Catarina, decidiu verificar se a revolucionária teoria, que tantos ataques sofreu, funcionava mesmo. A partir de pesquisas com crustáceos, MüIler apontou fatos a favor de Darwin. Editado na Alemanha, em 1864, esse estudo – um marco na história da teoria da evolução – aguardou mais de um século para, finalmente, ser publicado em língua portuguesa.

 

 

 

Mapa da humanidade

Geografia das civilizações, Roland J. L. Breton, Editora Ótica, São Paulo, 1990

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Traçar um quadro geral das civilizações não é tarefa, fácil, já que existem dificuldades para demarcá-las e também uma série de variáveis que dizem espeito a disciplinas como História, antropologia, Lingüística etc. É o que faz o francês Roland Breton. da Universidade Aix-Marselha 2, mostrando como os homens povoaram a Terra, sua distribuição geográfica, as primeiras civilizações e a diversidade das que hoje dominam o mundo.

 

 

 

Revolução sem fim

História da Revolução Francesa (1789 – 1799), Jean Tulard, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1990

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Mais um lançamento na esteira das comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, considerado um dos mais completos sobre o assunto. O autor, professor da Universidade de Paris 1 (Sorbonne), analisa os acontecimentos daquele daquele período valendo-se de impressões registradas logo após a revolução e de análises de historiadores mais atuais. Sua conclusão: ela ainda não acabou.

 

 

 

A saga do General

Eu, Aníbal, Juan Eslava Galám, Editora Mercuryo, São Paulo, 1990

Dois séculos antes da era cristã, o general cartaginês Aníbal Barca á frente de um exército de mercenários invadiu Roma para restituir a Cartago o do mínio do Mediterrâneo – foi a segunda guerra púnica. A saga de Aníbal, um dos grandes líderes militares da Antiguidade, é narrada de forma de autobiografia pelo autor, historiador e ficcionista espanhol.

 

 

 

Problema nosso

Amazônia, Bertha K. Becker, Editora Ática, São Paulo, 1990

Geógrafa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a autora tem como tema a Amazônia brasileira e faz um resumo de questões atuais e polêmicas como a ocupação da terra, os projetos de exploração mineral como o de Carajás -, os garimpos, os conflitos que se estabeleceram entre garimpeiros, índios e grandes empresas e a degradação ambiental da região.

 

 

 

Visão do vencedor

A conquista da América espanhola, Marianne Mahn-Lot, Papirus Editora, Campinas, 1990

O modo como os espanhóis incorporaram à sua visão de mundo os conhecimentos que trouxeram da América depois da descoberta nos séculos XV e XVI é relatado pela historiadora francesa Marianne Mahn-Lot. O mérito de seu trabalho está no uso de fontes quase inexploradas e pouco conhecidas até agora, como relatos dos conquistadores e documentos administrativos, que lhe permitiram ter o ponto de vista dos vencedores.

 

 

 

O corpo fala

Comunicação do corpo, Monica Rector e Aluízio Ramos Trinta, Editora Ática, São Paulo, 1990

Por meio da expressão corporal, dos gestos, as pessoas confirmam, enfatizam, complementam e até mesmo contradizem o que tentam comunicar verbalmente. Partindo dessa significativa linguagem do corpo, os autores, professores de Linguística da Universidade federal do rio de Janeiro, analisam cientificamente esse movimentos , que variam de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura.

 

 

 

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