Marcelo Cabral
Não, eles não parecem soberanos. O caminhar engraçado em imensas filas e os cômicos tombos parecem lhes roubar o direito à realeza. Mas os pingüins imperadores reinam sobre a Antártida, território maior que a Europa. Foi para contar a história desse império que o francês Luc Jaquet filmou por um ano a vida de uma colônia dos animais. O resultado é o documentário A Marcha do Imperador, com estréia prometida para janeiro – um sucesso estrondoso nos EUA, onde se tornou o 2º documentário mais visto de todos os tempos, atrás apenas do polêmico Fahrenheit 11 de Setembro.
O projeto começou há 4 anos, com estudo sobre as dificuldades de filmar no lugar mais inóspito da Terra. Foi preciso adaptar câmeras para suportar a temperatura e equipamento especial para filmar sob a água. O vento exigiu uma série de truques que evitaram imagens tremidas. No total, foram 120 horas de filmagens “às cegas”, pois o equipamento necessário para assistir ao material registrado ficou na França.
“Há pouquíssimos seres vivos no continente antártico. Era como estar em um outro planeta”, afirma o diretor Jaquet. “A saga dos pingüins se repete todo inverno há milhares de anos. No entanto, nunca houve uma geração de homens que pudesse testemunhá-la e passá-la adiante”. Agora, todos poderão ver como os imperadores reinam sobre o deserto branco.
Isto é pingüim
1. Quando os filhotes morrem, o desespero leva algumas mães a roubar a cria de outra fêmea. No melhor estilo Senhora do Destino, elas se estapeiam para decidir quem ficará com o rebento.
2. Fêmeas também se atracam para escolher quem fica com os machos, cuja população é menor. Detalhe: pingüins são monogâmicos e os casais se mantêm durante todo o ciclo de acasalamento – um ano inteiro.
3. Aos machos cabe cuidar dos ovos nos 3 meses de inverno polar. Período em que enfrentam a escuridão permanente e não comem para manter os ovos aquecidos sob o corpo.
4. Durante o período de frio mais intenso, machos se amontoam para se manter aquecidos. Para se proteger do vento, o grupo anda em círculos, se posicionando contra a ventania.
5. Além do frio, da fome e das longas marchas entre o mar e os locais de procriação (podem chegar a 20 dias de caminhada), ainda é preciso enfrentar uma série de predadores como os leões-marinhos e os condores.