1. AZUL É A COR MAIS QUENTE (La vie d’Adèle)
Diretor: ABDELLATIF KEHICHE
2013 – 179 min
É top porque…
Até Spielberg virou fã.
NOTA IMDb – 7,9
Onde ver – DVD, iTunes, Netflix
Presidente do júri do Festival de Cannes em 2013, Steven Spielberg declarou sobre este filme: “É uma grande história romântica, que nos fez privilegiados de ver um amor tão profundo evoluir do seu começo. O diretor não colocou nenhuma restrição à narrativa, e ficamos absolutamente enfeitiçados pelo desempenho das duas atrizes”. Ele estava se referindo a Léa Seydoux (no papel de Emma) e à novata Adèle Exarchopoulos (como Adèle mesmo). Pela primeira vez na história do festival francês, a Palma de Ouro foi dividida entre o diretor e suas duas atrizes.
Baseado na HQ Le Bleu est une Couleur Chaud, da quadrinhista francesa Julie Maroh, o filme mostra o processo de descoberta do amor e da sexualidade pela adolescente Adèle. Insatisfeita com seus relacionamentos com homens, a menina fica deslumbrada por uma garota mais velha, a estudante de arte Emma, que usa o cabelo azul.
Além do prêmio em Cannes, o filme chamou atenção pelas cenas de sexo entre as duas personagens, bastante explícitas. Uma sequência dura longos sete minutos. E as atrizes reclamaram. Disseram que o diretor exagerou nas tomadas de pegação, e que foram manipuladas. Uma cena teria sido repetida ao longo de dez dias de filmagens. Mas o diretor não deixou barato, chamou as atrizes de mimadas e afirmou: “Fiz tudo em nome da arte”.
2. O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (Brokeback Mountain)
Diretor: ANG LEE
2005 – 134 min
É top porque…
Tem os primeiros cowboys gays.
NOTA IMDb – 7,7 Onde ver DVD, Now
É para se pensar no quanto o preconceito pode ter influência aqui: quando Ang Lee foi anunciado como vencedor do Oscar de melhor diretor no evento de 2006 – o filme também ganhou pelo melhor roteiro -, os produtores deste filme já deixaram seus discursos de agradecimento ao alcance das mãos. Tradicionalmente, o vencedor de melhor direção também leva o prêmio de melhor filme do ano. Afinal, o filme é o produto do trabalho do diretor. Mas não. O próprio Jack Nicholson, que apresentava este prêmio, ficou surpreso ao ler que a estatueta de melhor filme iria para… Crash: No Limite, um filme mediano e de que ninguém mais se lembra.
Mas, como um Oscar não é tudo na vida, o filme de Ang Lee entrou para ahistória assim mesmo. Porque colocou dois homens vivendo uma experiência profunda de amor homossexual num cenário tradicionalmente marcado pelos machões: o faroeste. Foi a primeira grande produção a ter dois cowboys gays como protagonistas – embora Andy Warhol já tivesse feito Lonesome Cowboys, um de seus filmes experimentais, em 1969.
Ennis (Heath Ledger) e Jack (Jake Gyllenhaal) são dois vaqueiros que passam um tempo num trabalho solitário, em meio às montanhas. E acabam se apaixonando. O filme mostra como, ao longo de décadas, os dois se viram para esconder seu romance da sociedade e lutar contra o próprio preconceito.
3. O AMOR É ESTRANHO (Love is Strange)
Diretor: IRA SACHS
2014 – 94 min
É top porque…
Lembra que o inferno são os outros.
NOTA IMDb – 6,7
Onde ver – DVD, iTunes, Now
O título do filme, tradução literal do original inglês, tem uma dubiedade instigante. Ao pensarmos em filmes de amor entre dois homossexuais, logo vem à mente a luta pela aceitação, o preconceito. Daí o estranhamento que este filme provoca. Porque, fugindo dos clichês do cinema gay, a produção se concentra na forte conexão entre dois senhores, juntos há 40 anos, e as dificuldades da convivência.
Quando George (Alfred Molina) é demitido da escola católica onde leciona música (por ter casado com seu companheiro de longa data, o que mostra que há preconceito aqui, embora em segundo plano), o casal se vê em má situação financeira. E tem de morar de favor em casas de amigos – e pior, separados. Ben (John Lithgow) se sente um incômodo no lar de um casal mais jovem – e é assim mesmo que eles o tratam -, enquanto George sofre dormindo no sofá de um apartamento sempre na balada. Uma história tão humana – e independente de os personagens serem gays ou não – que o filme teve aprovação de 98% no site Rotten Tomatoes, que faz uma média das avaliações das críticas nos jornais e na internet.
4. MENINOS NÃO CHORAM (Boys Don’t Cry)
Diretor: KIMBERLY PEIRCE
1999 – 118 min
É top porque…
Lembra a dura vida dos transgêneros.
NOTA IMDb – 7,6
Onde ver – DVD, iTunes
Como se não bastasse o grande filme que é, Meninos Não Choram ainda revelou ao mundo o talento da atriz Hilary Swank – que ganhou o Oscar pelo papel principal e repetiria a dose cinco anos depois, com Menina de Ouro.
Baseado em uma história real, o filme aborda a difícil situação dos transgêneros, principalmente em cidades pequenas e conservadoras. Brandon Teena (Swank) é um garoto que chega a uma pequena cidade do Nebraska e logo se enturma com um grupo de amigos, conquistando inclusive o coração da bela Lana (Chloë Sevigny). Mas algo está esquisito ali: quando está prestes a fazer sexo, Brandon sempre se recusa a tirar a roupa. Até que o mistério se dissolve: o menino nasceu menina. O que não é bem aceito pelo grupo que o recebera – e o personagem se torna vítima das piores violências. Um relato quase documental de como a homofobia se instala na sociedade – e o sofrimento de suas vítimas.
5. ALMAS GÊMEAS (Heavenly Creatures)
Diretor: PETER JACKSON
1994 – 99 min
É top porque…
Peter Jackson pré-Senhor dos Anéis.
NOTA IMDb – 7,5
Onde ver – DVD
Vencedor do Leão de Prata de melhor direção no Festival de Veneza, este filme – que revelou Kate Winslet – também é baseado numa história de verdade: a das adolescentes Juliet Hulm e Pauline Parker, duas amigas íntimas que vão ficando cada vez mais próximas. Diante da repressão contra seu romance, as duas enlouquecem, sonhando acordadas num universo de fantasia e literatura, onde seus grandes heróis são o cineasta Orson Welles eo tenor ítalo-americano Mario Lanza.
Percebendo a intensidade homoerótica entre as amigas – Pauline foi diagnosticada com o “distúrbio” do lesbianismo por um médico -, os pais de ambas tentaram separá-las. Má ideia. Elas decidiram assassinar a mãe de Pauline, que viam como obstáculo ao seu amor. Nem deram trabalho para apolícia descobrir tudo: Pauline contava a sua vida inteira num diário.