Ivan Finotti
Taí um livro indispensável para qualquer interessado no papel do jornalista na mídia. Tom Wolfe foi um dos criadores, ao lado de Gay Talese e Truman Capote,do chamado Novo Jornalismo, movimento não-organizado que despontou nos Estados Unidos no início dos anos 60. O barato era noticiar, fazer perfis ou descrever eventos usando técnicas do romance. As reportagens podem ser lidas como contos, como se vê nas três reunidas em Radical Chique. Wolfe, que ficou conhecido no Brasil pela ficção Fogueira das Vaidades, usa muitas onomatopéias, pontuações diferentes e parágrafos sem nexo aparente em que busca reproduzir o fluxo de pensamento do retratado. Além das reportagens/contos, os quatro primeiros capítulos do livro traçam a história do início do Novo Jornalismo. São, em vários momentos, mais interessantes que os três pratos principais.
• Na primeira reportagem do livro, chamada O Último Herói Americano, Tom Wolfe levanta a história de Junior Johnson, um ex-contrabandista de bebidas. Com seu carango envenenado, ele fugiu tanto da polícia pelas estradinhas do sul dos Estados Unidos que virou o maior corredor de Stock-Car do país.
• Em A Garota do Ano o autor faz um perfil de Jane Holzer, jovem socialite descolada que conhece todo mundo que interessa na época: do artista plástico Andy Warhol aos integrantes do Rolling Stones.
• Radical Chique é o nome da última e maior reportagem, em que Wolfe descreve a moda do engajamento político que assolou os “ricos de esquerda” de Nova York na segunda metade dos anos 60. Eles faziam reuniões em seus duplex de Manhattan para ouvir radicais como os negros do grupo Panteras Negras discursarem sobre a opressão branca.
RADICAL CHIQUE E O NOVO JORNALISMO
Tom Wolfe
Companhia das Letras, 248 páginas, R$ 39