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Para criar as almas de “Soul”, Pixar recorreu à ciência

Como animar uma alma? Este foi o desafio da equipe de Soul, nova animação da Pixar. A solução foi buscar inspiração no sólido mais leve do mundo: o aerogel

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 22 jan 2021, 16h10 - Publicado em 22 dez 2020, 14h36

A Pixar é conhecida por dar vida a carros, monstros, brinquedos e até sentimentos. Mas como representar algo tão abstrato quanto uma alma? Este foi o primeiro desafio com o qual a equipe criativa se deparou ao fazer Soul, novo filme do estúdio que estreia dia 25 de dezembro no Disney+.

A alma não poderia ser como um fantasma, mas ao mesmo tempo não devia ser idêntica a uma pessoa de carne e osso. A equipe de animação experimentou com formas, cores e linhas para tentar criar algo etéreo. 

Durante o processo de pesquisa para o filme, um membro da equipe se deparou com o aerogel. O material sintético tem densidade próxima à do ar, e é considerado o sólido mais leve do mundo. Não à toa, sua composição chega a ser 99,8% ar. Até as cores não parecem ser algo desse mundo. Mas, afinal, de onde vem essa substância?

O que é aerogel?

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Foto de um pequeno bloco de aerogel sendo segurado na frente da câmera.
(Veritasium/Reprodução)

O aerogel não é exatamente uma substância, mas uma classe de materiais com características específicas. O termo geralmente é usado para se referir ao aerogel feito do gel de sílica, mas ele também pode ser de óxido de alumínio, carbono, entre outras substâncias. O bloco alienígena que inspirou a Pixar é justamente o aerogel de sílica, então vamos focar nele.

Geleias, gelatinas e géis são compostos, basicamente, de líquidos envoltos em uma estrutura sólida. Essa estrutura funciona como um esqueleto, que dá a forma e o aspecto molenga para a substância. Acontece que o esqueleto corresponde a menos de 1% do material total. E se fosse possível remover o líquido desse gel e substituí-lo por ar, deixando apenas a estrutura sólida?

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Essa foi a aposta que um colega propôs ao engenheiro químico Steven Kistler. Se o líquido fosse simplesmente evaporado, a estrutura sólida encolheria – e o objetivo era mantê-la intacta. Kistler usou um processo chamado secagem supercrítica, em que substitui o líquido interno por álcool e o submete à temperatura e pressão específicas até atingir um ponto crítico. Então, o gás preenche os poros onde antes havia líquido. Em 1931, o cientista publicou o primeiro artigo sobre o aerogel.

A consistência parece com a de um isopor, só que o aerogel de sílica é bem mais leve. Um pedaço de aerogel do tamanho de um bloco de gelo pesa pouco mais de um grama. Ele também é bastante resistente e um ótimo isolante térmico. A Nasa também faz pesquisas com aerogéis e já utilizou o material em missões ao espaço, como no rover Curiosity, em Marte.

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Concepção dos personagens

Após decidir qual seria a aparência das almas, os animadores fizeram testes para ver como o aerogel apareceria na tela. O único impasse da substância etérea é que seria difícil distinguir a forma dos dedos e mãos quando estivessem na frente do corpo. Por isso, os animadores optaram por desenhar linhas para delimitar os membros. A forma final das almas é esta:

(Pixar/Divulgação)

No filme, o além é composto de dois tipos de almas: aquelas que já morreram, e aquelas que ainda vão nascer. O que diferenciaria quem já passou pela Terra de quem nunca pisou aqui? O próprio conceito de gravidade. “Como as novas almas nunca viveram no planeta, elas não sabem o que é gravidade, então costumam andar flutuando ou voando. As almas que já viveram na Terra se sentem mais confortáveis com a gravidade, então preferem projetar pernas e caminhar, mesmo sem precisar delas”, explicou a supervisora de animação Jude Brownbill. Os dois tipos de alma aparecem no trailer abaixo.

Soul é sobre o encontro desses dois tipos de almas: uma delas já viveu na Terra e não quer morrer; e a outra nunca nasceu e não quer viver. O enredo aborda quais motivações e experiências levam cada pessoa a querer continuar vivendo. A descrição e o trailer do filme já anunciam uma sessão de choro no sofá de casa.

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Cinema na pandemia

Os últimos retoques do filme foram feitos na casa dos animadores, quando os Estados Unidos já se encontravam em meio à pandemia. Depois, toda a produção se reuniu (com máscara e distanciamento social, destacam) em uma sala de cinema para ver o filme na tela grande. “Nós fizemos esse filme para ser visto no cinema, e gostaríamos muito que ele fosse exibido dessa forma”, disse a produtora Dana Murray em coletiva de imprensa na manhã do dia 8 de outubro. Naquela época, o filme estava marcado para ser lançado nos cinemas no fim de novembro.

Não demorou nem um dia para que a Disney mudasse de ideia. No dia 9 de outubro, o estúdio anunciou que o filme seria exibido exclusivamente pela plataforma de streaming Disney+. Coincidentemente, a Academia do Oscar havia anunciado no dia anterior que vai premiar filmes lançados em plataformas de streaming na cerimônia de 2021. Geralmente, um dos requisitos da Academia é que o filme seja lançado diretamente no cinema.

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Soul, então, continua com lugar marcado na cerimônia – e tudo indica que pode concorrer à estatueta de melhor animação. O filme estará disponível no Disney+ a partir do dia 25 de dezembro.

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